Delator diz que empresários se uniram para quitar R$ 7 milhões em dívidas

Alan Malouf, condenado a 11 anos de prisão, fez delação ao MPF e acusou Taques de caixa dois

O empresário Alan Malouf, que acusou esquema de caixa dois

DA REDAÇÃO
O empresário Alan Malouf, condenado a 11 anos de prisão por esquema na Seduc, afirmou em sua delação premiada que ele e mais quatro empresários de Cuiabá se uniram para quitar “restos a pagar” da campanha de 2014 do governador Pedro Taques (PSDB), por meio de caixa dois.

A informação veio à tona quando o ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo da delação de Alan Malouf.

Segundo a delação, os empresários Marcelo Maluf, Juliano Bortoloto, Erivelto Gasques, Fernando Minosso e o próprio Alan Malouf destinaram R$ 7 milhões para quitar as dívidas de restos a pagar da campanha.

Conforme Malouf, em dezembro de 2014, ele e os empresários se reuniram com o governador Pedro Taques e Júlio Modesto, que atuou na coordenação da campanha de campanha e viria a ser secretário de Gestão. A reunião ocorreu na casa do então governador eleito. 

Na ocasião, Júlio Modesto – que "efetivamente coordenava as finanças da campanha" – informou que havia restos a pagar. De acordo com Malouf, Modesto era o responsável pelas planilhas do "caixa 2", bem como a prestação de contas perante o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso.

O empresário Juliano Bortoloto, da Todimo

“Ressalta por fim, acreditar que o grupo [...] aportou cerca de R$ 7 milhões por fora na campanha ao governo Pedro Taques. Os números são aproximados, porque somente Julio Modesto é que saberá exatamente os recursos que efetivamente entraram na campanha, bem como, terá o número exato de contas que foram pagas e os fornecedores que não declararam o referido pagamento 'por dentro'”, consta em delação do empresário.

Alan Malouf conta que aportou por fora aproximadamente em R$ 2,5 milhões.

No documento, Alan esclarece que na reunião o governador Taques manifestou preocupação em quitar os restos a pagar de campanha, “pois não queria deixar questionamento algum acerca do cumprimento das obrigações assumidas junto aos fornecedores da campanha".

O grupo de amigos/empresários do governador teria resolvido ratear os valores, que se daria a título de empréstimo, também a pedido do gestor do Executivo, conforme a delação.

"Desta forma, ficou pactuado entre todos na referida reunião que o grupo pagaria as despesas de restos a pagar e que tais valores se dariam a título de empréstimo a favor do candidato eleito, cujos juros definidos eram de 1,5% a.m.", consta.

Allan ainda afirma que além destes valores, de R$ 7 milhões dados pelo grupo, e dos R$ 2,5 milhões dados por ele, ocorreram pagamentos por fora no decorrer da campanha eleitoral. 

“Assim, os valores se aportados pelo grupo de empresários se confunde um pouco, pelas planilhas apresentadas, mas serão explicados pelo peticionante em seu depoimento”.

“Ocorre que o aporte por fora em maior quantidade ocorreu no final da campanha, mas também ocorreram pagamentos por fora em seu caminho”.



O empresário Erivelto Gasques, então diretor da City Lar

Conforme Alan, Modesto sabe de mais doações que foram realizadas. No entanto, Malouf desconhece os casos de doadores do agronegócio, vez que Alan não tinha acesso a estes doadores, que geralmente tratavam com Erai Maggi.

Quebra de sigilo

O ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo da delação firmada entre o empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, e o Ministério Público Federal (MPF), no mês de abril.

A decisão, publicada na sexta-feira (19), acolheu argumento do MPF, que disse "não haver interesse na preservação do sigilo nestes autos", em virtude da ampla divulgação, em noticiário nacional, sobre a existência do processo. 

A delação do empresário refere-se ao esquema de desvios de recursos na Secretaria Estadual de Educação (Seduc), desarticulado pela Operação Rêmora. Ele citou a participação do governador Pedro Taques (PSDB) e do deputado federal Nilson Leitão (PSDB). 

Na delação, o empresário revelou que captou R$ 10 milhões em recursos não contabilizados para a campanha de Pedro Taques ao governo, em 2014.

Conforme o empresário, o retorno aos doadores se deu através da celebração de contratos, regulares ou não entre a Secretaria de Educação e donos de construtoras para a reforma e construção de escolas públicas que totalizavam mais de R$ 56 milhões.

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