“Se há um caos em MT hoje, Mauro e Pedro são os responsáveis”



Wellington Fagundes diz estar pronto para governar o Estado e se defende de acusações

O senador Wellington Fagundes que se disse preparado para governar Mato Grosso
JAD LARANJEIRA E CAMILA RIBEIRO 
DA REDAÇÃO






Intitulando-se o “verdadeiro nome da oposição”, o senador e candidato ao Governo Wellington Fagundes (PR) fez duras críticas aos seus dois principais adversários na disputa, o governador Pedro Taques (PSDB) e o ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (DEM).



Na avaliação de Fagundes, não há como dissociar um do outro, já que, "até ontem", Taques e Mendes eram aliados de primeira hora. O senador vai além e diz que, se Mato Grosso hoje está em uma situação crítica, ambos são os responsáveis.



“A população vai analisar que eles estão do mesmo lado, que Mauro e Pedro estão juntos. E se está um caos hoje, em Mato Grosso, Mauro e Pedro são os responsáveis. O DEM participou do Governo do Pedro”, disse Fagundes, em entrevista ao MidiaNews.



Assim como Taques, Fagundes também sugeriu que há um clima de "já ganhou" no grupo liderado por Mendes.



"Eu namorei minha esposa por oito anos e sou casado há 34. É claro que é bonito você ver uma mulher de salto alto, toda elegante. Mas homem de salto alto você pode ter certeza que é um mau negócio. Prepotência é um mau caminho. A gente vê lá alguns deles prepotentes, donos da verdade. E o tal do ‘salto alto’ realmente é um mau caminho para fazer as coisas erradas".



O republicano ainda acusou o ex-prefeito da Capital de ter feito de tudo para tirá-lo da disputa eleitoral, tendo, inclusive, cooptado um de seus principais apoiadores, que era o MDB.
A população vai analisar que eles estão do mesmo lado, que Mauro e Pedro estão juntos. E, se está um caos hoje em Mato Grosso, Mauro e Pedro são os responsáveis



“Vocês são testemunhas de quanto o Mauro fez para que Wellington não fosse candidato. E eu resisti, persisti, tive fé, trabalhei. A minha candidatura nasceu, principalmente, com a base do MDB e o Mauro fez tudo para levar o MDB para lá”, disse.



Questionado se acredita em uma traição do partido liderado em Mato Grosso pelo deputado federal Carlos Bezerra, Fagundes preferiu não polemizar: “Eu respeito as decisões das pessoas”.



Ainda durante a entrevista, Fagundes fez uma análise do Governo Taques, a quem ele chamou de “governador enclausurado”, defendeu-se de acusações, falou de seus projetos para Mato Grosso e se disse pronto para governar o Estado.



“Eu me preparei para isso, eu sabia que esse momento ia chegar”, afirmou.



Confira os principais trechos da entrevista:



MidiaNews – O senhor se sente pronto para governar Mato Grosso?



Wellington Fagundes – Me sinto pronto, preparado, energizado e com vontade de trabalhar bastante. Eu me preparei para isso, eu sabia que esse momento ia chegar. Mas antes procurei me preparar, buscar conhecimento no Estado de Mato Grosso. E isso eu fiz durante toda a minha trajetória, conhecendo o Estado de ponta a ponta, todos os Municípios e localidades, como um parlamentar municipalista que sempre fui.





MidiaNews – O senhor disse em outras ocasiões que uma de suas prioridades é terminar obras paradas. Mas o senhor sabe o quanto vai haver para investimento no ano que vem? Teve acesso a esses números?



Wellington Fagundes – Eu conheço os caminhos. Na minha trajetória de vida, sempre fui um parlamentar atuante junto às comunidades, buscando os recursos para isso. Os recursos do Governo Federal, que eu tenho trabalhado muito. Fui relator da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e construí exatamente essa amizade e esse relacionamento. Mato Grosso é o Estado que mais cresce, aumentando a arrecadação, mas infelizmente a ineficiência não tem atendido o cidadão. E eu trouxe para cá, junto com o [ex-governador] Dante de Oliveira, o maior programa de infra-estrutura desse Estado, que foi o programa das pontes Brasil x Itália. E aqui nós temos a Ponte Sérgio Motta, que é um exemplo. Então, eu conheço, tenho experiência e tenho certeza que saberei buscar os caminhos e as parcerias necessárias.




MidiaNews – Uma obra emblemática e parada que temos aqui é a do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos). O senhor já tem ideia de qual seria a alternativa para concluir essa obra? Se eleito, pretende concluí-la?



Wellington Fagundes – Eu vou concluir o VLT. Eu tenho certeza que vou fazer, mas não vou fazer sozinho, vou fazer nas parcerias necessárias para buscar esses recursos. Seja lá fora...Estive na Itália, na França há muito tempo. Inclusive o Antero [Paes de Barros], que hoje está trabalhando com meu adversário [Mauro Mendes], esteve lá junto, buscando a possibilidade de implantação de um modal aqui em Cuiabá naquela época.



Sou uma pessoa que trabalha na Comissão de Assuntos Econômicos no Congresso Nacional. Nós aprovamos o financiamento externo, agora mesmo acabei de aprovar um projeto para Campo Grande (MS) de 65 milhões de dólares e outros tantos. Então, eu sei como fazer um projeto, lidar e buscar os caminhos. O VLT será concluído, sim! E sempre tenho dito que obra parada não serve para nada. Aliás, traz prejuízo, porque o custo de manter a obra que está ali parada é um custo que você poderia usar para estar concluindo a obra. Se Deus me der oportunidade e o eleitorado também, o Estado de Mato Grosso não começará nenhuma obra inacabada. Esse é um compromisso que faço.



Mato Grosso tem mais de 300 obras inacabadas. Quanto tem de recursos nas contas do Estado em convênios? Mais de R$ 200 milhõe para obras como, por exemplo, o Hospital Universitário, que tem mais de R$ 80 milhões parados na conta há quase quatro anos. Nem a licitação o Governo conseguiu fazer. E assim tem muitas outras obras.



MidiaNews – Esse é pior defeito do Governo Pedro Taques na opinião do senhor? A incapacidade de finalizar obras?



Wellington Fagundes – Eu nunca fiz e nunca farei críticas do lado pessoal das pessoas. Tenho tido muita prudência, porque política é a arte de você dialogar. É claro, a população toda sabe: o governador Pedro Taques não quis as parcerias. É um governo sem gestão, é um governo sem planejamento e é um governo isolado, um governo que não tem o servidor como parceiro. O servidor de Mato Grosso está amedrontado. O funcionário de qualquer empresa, seja pública ou privada, é o maior patrimônio. Não adianta ter estoque se você não tem ali um bom atendente. Como meu pai dizia: 'meu filho, atenda bem o cliente, que ele sempre tem razão'. Então, o servidor tem que estar feliz para atender o cidadão, porque um servidor satisfeito, capacitado e bem treinado, vai ajudar em todas as áreas. Eu quero um Estado necessário, não quero um Estado pequeno. Eu não vou demitir ninguém, eu vou chamar todos.




Alair Ribeiro/MidiaNews

"Esse é um governo sem gestão, é um governo sem planejamento e é um governo isolado"

Mato Grosso está precisando muito mais do que um gerente, do que um gestor. O governante tem que ser uma pessoa humana, que entenda de gente. E isso eu aprendi muito com o meu pai, que era analfabeto, mas que entendia de gente e isso ele me passou.



MidiaNews – O senhor acha que Taques também desprezou a classe política? É uma das coisas que também tem sido falada por alguns dos adversários.



Wellington Fagundes – Tem coisas que deixam a gente até incrédula. Como que o governador Pedro teve uma oportunidade tão grande... Ganhou uma eleição de primeiro turno, a população acreditou demais nele e ele se enclausurou, fez um governo isolado. Agora ele está tentando dizer que vai fazer diferente. Gente, quem teve a oportunidade por quatro anos, vai mudar? É claro que não! 



No dia da nossa diplomação – isso está registrado, gravado – eu fiz o penúltimo discurso, dizendo: ‘Olha, governador, agora, terminadas as eleições, nós temos que nos dar as mãos. Eu quero ser um parceiro do governo de Mato Grosso. Eu sei das dificuldades que Mato Grosso vai enfrentar, eu quero aqui estender a minha mão’.



E ele disse no discurso dele: ‘Quero aqui avisar o senador Wellington que eu não preciso de senador para ir em Brasília’. Ou seja, não só a mim, mas ele rechaçou a classe política. E infelizmente, pela falta de diálogo, está na situação como está hoje: a população se sentindo abandonada, o serviço público não chega na ponta...



MidiaNewws – O coordenador de campanha do Pedro Taques, em 2014, foi o ex-senador Osvaldo Sobrinho. Agora, o senhor o chamou para coordenar a sua também. Isso é um desagravo a ele, que acabou não assumindo nenhum cargo na gestão Taques? É um recado da classe política?



Wellington Fagundes – Em todos os meus mandatos, sempre construí amigos. Osvaldo Sobrinho foi candidato a deputado federal e era para ser o mais votado. Esse era o conceito. E ele perdeu a eleição e ficou como suplente. Sabe qual foi a minha atitude? Fui lá visitá-lo na casa dele, porque ele estava um pouco deprimido. E eu falei: ‘Osvaldo, quero você no primeiro dia comigo, quando nós tomarmos posse lá em Brasília, porque Mato Grosso não pode prescindir de uma pessoa competente como você ’. E ele não acreditou muito, falou que ia pensar. Tomei posse e depois pedi licença, para que ele pudesse ser um deputado, duas vezes no meu mandato. Não tinha compromisso nenhum, mas consolidei uma amizade, inclusive familiar, pessoal. Por isso, ter o Osvaldo me orientando é fundamental nesse processo eleitoral. Eu quero ser um governador que não é o dono da verdade, porque a verdade tem que ser feita conversando com as pessoas, com a sociedade... É assim que eu vou governar, próximo das pessoas.







MidiaNews – O senhor se aliou ao PT, onde existe uma corrente que fala que o PR é um partido golpista [por ter sido a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff]. Como será essa relação na campanha?



Wellington Fagundes – Nós fizemos uma coligação muito tempo atrás. O Lula foi candidato a presidente muitas vezes e não ganhava a eleição. Ele ganhou quando buscou aproximar o contraditório, a divergência. Então ele buscou quem? O José Alencar, do meu partido, um homem experiente. A união do capital com o trabalho deu certo. Eu era muito amigo do José Alencar, era como um pai, uma pessoa que sempre me dava um bom conselho. E sei que ele deu muitos bons conselhos ao Lula e o Lula conseguiu fazer um bom governo. Foi o governo de mais alcance social - e eu participei disso.


Sou candidato para ganhar e, se possível, no primeiro turno. Mas isso depende de Deus, sou um homem de fé

Eu ajudei a construir muitas casas em Mato Grosso, construí hospitais, como lá em São Pedro da Cipa e outros tantos por Mato Grosso a fora. Essa foi minha vida, de sempre se relacionar com todos, por isso eu tive apoio da nacional do PT. E não foi com intervenção, foi com diálogo, mostrando a minha história, o meu trabalho. Em Brasília já fui convidado duas vezes para ser ministro, agora inclusive. Fui convidado para ser ministro da presidente Dilma, o presidente atual [Michel Temer] me convidou. Mas eu sei que eu posso fazer mais por Mato Grosso exatamente aqui, contribuindo na eleição. Claro que eu sou candidato para ganhar e, se possível, no primeiro turno. Mas isso depende de Deus. Sou um homem de fé, fui criado assim.



MidiaNews – Na avaliação do senhor, há uma divisão? O PT está rachado nesse apoio?



Wellington Fagundes – Eu estive em São Paulo na convenção do PT, quando houve a união de Lula e José Alencar. Quando chegou o José Alencar, mais ou menos 25% da plateia vaiou. Depois ele fez a sua fala e todo mundo aplaudiu. Por isso que nós formamos uma chapa plural, onde nós temos a Maria Lúcia Cavalli, que é da esquerda, professora de 40 anos, que eu tenho certeza que vai me ajudar muito e orientar também. Escolhi também como outro candidato a senador o Adilton Sachetti, da direita, um produtor rural, eficiente administrador. E eu no centro.



E é exatamente isso que me traz a certeza de poder fazer um grande governo, mas acima de tudo, uma exigência minha, quando coligar, conversar com os partidos. E vou dizer que havia poderosos que queriam ser meu vice e eu falei não, pois queria uma mulher. E, graças a Deus, conseguimos fazer essa aliança forte e representativa, uma aliança que pode com certeza, amanhã, dentro da adversidade, discutir o que é melhor. Por isso escolhi a Sirlei Theis, que é uma servidora pública, cuja história de vida vocês vão conhecer. É uma mulher que se preparou, perdeu o pai bem novinha, foi trabalhar de babá, foi adotada por uma família e teve oportunidade de fazer um curso superior. E ela, como advogada, foi por muito tempo a gestora da Secretaria de Segurança, na época do Alexandre Bustamante, do Diógenes Curado, do Mauro Zaque e também do Fabio Galindo [ex-secretários]. Ou seja, é a pessoa que mais entende de Segurança no Estado de Mato Grosso. E é por isso que essa sensibilidade humana é importante num Governo. É a única chapa que deu a oportunidade para a mulher e tenho certeza, uma mulher preparada. Vocês vão conhecer bem, uma mulher sofrida, mas que não guarda mágoa.



Por isso eu quero pedir voto a todos, o apoio da criança, do jovem, de toda a população. E outro grande apoio: de fiscalizar. Essa eleição tem financiamento público de campanha e eu já sei que tem muita gente abusando. A Justiça Eleitoral vai fiscalizar e eu serei um candidato obediente à lei, porque penso que o Brasil precisa mudar. O eleitor quer alguém com experiência, mas acima de tudo, alguém com a cabeça inovadora. Eu sou médico veterinário, mas fui buscar, quando assumi o mandato, me preparar, fazer um curso de ciência política, porque política é relação humana. O político tem que entender de gente, tem que ouvir as pessoas e esse será o meu governo.



MidiaNews – O senhor teme então o caixa 2 e o abuso de poder político e econômico nessa eleição?



Wellington Fagundes – Já está havendo isso. E a Justiça Eleitoral está acompanhando. Eu tenho certeza que a justiça será firme. Acredito nisso, porque a forma de mudar o Brasil é exatamente fazendo as pessoas acreditarem e obedecerem a lei. É essa certeza que eu tenho. Inclusive, para formar esta aliança, nós tivemos muita paciência e muito diálogo. Eu fiquei praticamente 15 dias sem dar entrevista. Quando vinha jornalista, eu dizia que eu não podia falar o que eu não tenho, não podia antecipar o que eu não tenho. E a coligação, para ser formada é assim, você decide às vezes no dia da coligação. E agora, como candidato, quero pedir o voto de vocês 24 horas por dia. Fui dormir hoje às 3 horas e às 7 horas já estava acordado. Por quê? Porque a pessoa tem que ter determinação, paciência, mas acima de tudo, energia. Por isso que eu disse que estou preparado. Política para mim não é um peso, política para mim é um prazer.



MidiaNews – O senhor acredita que o governador Pedro Taques está usando a máquina para fazer campanha?
Eu até admiro ver o governador Pedro Taques - porque ele é um jurista, professor - fazendo as coisas erradas



Wellington Fagundes – Como eu disse, Mato Grosso precisa mais do que um gestor, do que um gerente. Precisa de um governador que esteja próximo das pessoas para fazer direito. Eu até admiro ver o governador Pedro Taques - porque ele é um jurista, professor - fazendo as coisas erradas. O exemplo está aí. Ano passado ele pegou os recursos do Fundeb (Fundo da Educação Básica), que é da Educação, que é sagrado, para dar oportunidade às nossas crianças. Ele retirou esses recursos para usar em outras áreas. Colocou a maioria dos Municípios de Mato Grosso em inadimplência. E isso é desobedecer a lei e o governante tem que obedecer a lei. Por isso é importante os órgãos de controle, por isso é importante o Ministério Público Estadual. E eu quero parabenizar. Votei para empoderar o MP, porque nós, governantes, temos que ser fiscalizados. Às vezes um político fica chateado porque teve uma denúncia de alguém. Político tem que estar pronto, como foi agora a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que disse o seguinte: ‘Quem não quer ser fiscalizado, quem não quer ser acima de tudo investigado, não pode ser político’.



MidiaNews – Na avaliação do senhor, o governador é um jurista agindo em vários momentos contra a lei?



Wellington Fagundes – Em vários momentos. Inclusive, agora teve um decreto [de parcelamento dos restos a pagar] que é inconstitucional. Ele não pode parcelar uma dívida, isso está claro na Lei de Responsabilidade Fiscal. Ele não pode parcelar uma dívida que não seja dentro do Governo. Ele poderia parcelar até o final do Governo, mas não por 11 vezes. Além de trazer insegurança - e esse é um problema do Brasil também. Nós estamos deixando de receber investimentos porque não temos segurança jurídica. Não pode mudar o Governo e o outro governante dizer que não vai cumprir um contrato de longo prazo. O governador, quando assumiu, já fez um programa ali de não honrar os compromissos. E um governo é sequência do outro, a assinatura do governo tem que seguir o outro. Agora o governador Pedro disse que tinha que fazer as auditorias. Ele está certo. Tinha mesmo, chamar o MPE, os órgãos de controle, mas não podem ser obsessão - e mandar parar as obras. Então hoje nós temos esse volume tão grande de obras paralisadas porque o governador mandou parar. E uma obra parada traz um prejuízo muito grande. Porque quando você suspende o contrato, o Governo passa a assumir o prejuízo, que Mato Grosso já está tendo com a paralisação de obras. Talvez seja maior que os recursos necessários para concluí-las.



MidiaNews – Se eleito, o senhor vai herdar esses parcelamento feito pelo governador ou o acha que ele pode ser barrado pela Justiça? Pensa em entrar com uma medida quanto a isso?



Wellington Fagundes – Não, eu não vou entrar. Quem vai entrar é o MPE, que é o fiscal da lei. Eu tenho certeza que o MPE não concorda com isso. Mas quem é o maior fiscal do Estado e que tem autoridade para isso é a Assembleia. Vocês, todos nós, já estamos cobrando uma posição da AL. Todo cidadão tem o direito de cobrar. Aquilo que está errado tem que ser corrigido. 



MidiaNews – Sobre a trajetória política do senhor, foi lançado há alguns anos um livro chamado “Os Bens Que os Políticos Fazem”. Nele o autor diz que o senhor é um "midas em certos negócios", que o seu patrimônio cresceu muito na política. O senhor processou o autor do livro? É verdade o que estava ali?


Em todas as eleições, vou lá e apresento a minha declaração. Todas as minhas contas foram aprovadas. Agora, um cidadão dizer que não gosta de mim, porque eu uso verde, é um direito dele

Wellington Fagundes – Eu não costumo cercear quem quer falar as coisas. A democracia é assim: as pessoas têm que ter liberdade, inclusive de criticar. Hoje, por exemplo, as mídias sociais estão aí abertas. Existem as famosas fake news e quem tem que agir é a justiça. Em todas as eleições, vou lá e apresento a minha declaração. Todas as minhas contas foram aprovadas. Agora, um cidadão dizer que não gosta de mim, porque eu uso verde, é um direito dele. Então eu respeito. 



Construí meu patrimônio inicialmente com empréstimos da família. Paguei e trabalhei muito. Hoje eu tenho uma empresa, que é uma sucessão familiar. Felizmente, Deus me deu essa oportunidade de ter uma esposa, que soube criar os meus filhos, inclusive na minha ausência. Então, nesse caso, nada melhor que ter todas as aprovações de contas.



O jornalista, quando ele quer distorcer uma coisa, ele consegue. Mas eu acredito na justiça, inclusive quanto a isso foi feita uma denúncia, julgada no STF. E essa ação é pública. Quem quiser entrar na internet está lá, dizendo que aquilo lá é uma montagem de um processo eleitoral. Esta lá dizendo que tudo que disseram é mentira, e que eu estou dizendo a verdade.



MidiaNews – Em fevereiro o STF recebeu uma denúncia contra o senhor a respeito da máfia das ambulâncias [esquema de desvio de recursos do Ministério da Saúde]. Essas denúncias também são falsas?



Wellington Fagundes – Mais do que falsas! Eu tenho aqui a decisão da Justiça Federal (ele mostra o documento). Isso já foi julgado no dia 3 de abril de 2017 pelo juiz federal José Pires da Cunha. E a conclusão dele: “Rejeito a presente inicial de improbidade administrativa nos termos da Lei”. Então a conclusão dele é que aquilo que foi denunciado não tem origem. Agora investigar, eu faço questão de ser investigado. Como homem público, quanto mais investigado, melhor. Eu quero sempre ser investigado, porque quando vem aqui a decisão, eu posso mostrar que fui investigado e sou inocente. Está aqui a decisão do juiz.







MidiaNews – O senhor foi citado no chamado inquérito dos portos, que investiga o presidente Michel Temer. Por que o seu nome surgiu neste caso?



Wellington Fagundes – Tem um ditado que diz: ‘Ninguém joga pedra em árvore que não tem fruto’. Uma das linhas que sempre trabalhei no Congresso foi a da infraestrutura, todos sabem disso. Porque Mato Grosso está no centro do Brasil e longe dos portos, mas para exportar, nós dependemos dos portos. Então o decreto dos portos, como presidente da Frente Parlamentar de Logística, Transporte e Armazenagem - sou líder no Congresso -, participei de todas as reuniões para fazer a análise e construir o decreto. Esse decreto foi discutido em mais de 40 reuniões públicas. Existe uma investigação contra o presidente, é claro que eles tinham que me ouvir, para dizer como que foi isso. Agora se alguém fez alguma coisa errada por outro motivo, aí esse alguém tem que pagar. Eu trabalhei para construir um decreto que vai ajudar o Brasil.



Mato Grosso há um tempo atrás era o Estado dos buracos nas estradas federais. Hoje 100% das estradas federais, graças ao nosso trabalho e dedicação no orçamento, buscando recursos, estão com contratos de manutenção.



MidiaNews – O jornal O Globo desta semana publicou uma reportagem mostrando a situação dramática das previdências estaduais. O senhor tem ideia da situação atual da Previdência de Mato Grosso?


Eles (Mauro e Pedro) estão fazendo jogo de cena, porque eles estão governando há muito tempo

Wellington Fagundes – Eu tenho ideia, mas os números não me foram apresentados. Porque eu vejo aí os dois candidatos a governador, Mauro e Pedro – um falando dos números... E na verdade o Mauro está dentro do governo Pedro. O próprio governador reconheceu que oposição verdadeira é Wellington Fagundes. Porque eu não participei do atual governo desde a campanha. Eu fui oposição, porque eu sabia que não ia dar certo. Porque o governador Pedro, como senador, ele é avesso a promover o desenvolvimento. O governador Pedro, como senador, tinha a cabeça de jurista. Agora a boa lei é a lei que as pessoas podem obedecer. Eu sempre tenho dito que uma lei feita na opressão não funciona. Então essa questão da gestão, principalmente de como tem que agir o governo, não tem outra forma, que não seja o diálogo. Hoje Mato Grosso com certeza não vive um momento da plenitude daquilo que está previsto na lei.



A questão da Previdência, infelizmente nós não temos esses números, inclusive a nacional. Porque a tese em Brasília é que a Previdência é deficitária. E nós, inclusive, agora na eleição presidencial, temos que ter as reformas necessárias e conhecer os números verdadeiros do País. Por isso eu defendi a auditoria da dívida externa. Nós temos que ter para que o País saiba da verdade. E aqui em Mato Grosso nós também temos que conhecer. Porque hoje o Mauro apresenta um número e o Pedro vai lá e diz que é mentira. O secretário de Fazenda é do Mauro. Ele até diz que vai continuar mantendo o secretário. Mas se nós estamos com a economia do Estado desarrumada, é sinal que lá não está certo. O presidente do Detran é do Mauro, ele nomeou. O vice-governador que hoje está na oposição era vice do Pedro. O vice-governador do Mauro foi coordenador de campanha e também da transição. As propostas feitas na campanha foi o vice-governador do Mauro. Ou seja, eles estão fazendo jogo de cena, porque eles estão governando há muito tempo.





MidiaNews - Então Mauro Mendes ou Pedro Taques, nada vai mudar? 



Wellington Fagundes – Claro que não! Um é companheiro do outro, um abraçou o outro, as propostas foram iguais. Candidato da oposição sou eu, reconhecido pelo governador. Ele falou isso nessa semana. Não sei se ele admitiu isso ali na euforia, mas ele admitiu. Aqui está a oposição verdadeira. Comigo, se tiver alguém para me ajudar, eu serei receptivo. Eu sempre tenho dito que governar é a arte de saber perdoar. Quem ganha tem que ser mais humilde do que quem perde. Às vezes na derrota a gente aprende muito e a experiência do adversário pode ajudar a governar, inclusive corrigir erros. Esse foi o problema do Pedro: ele não quis ouvir a ninguém. Eu respeito a classe política. Todo governador que passou por Mato Grosso fez a sua parte, todo governante tem erros, mas também tem seus acertos. Então essa arrogância do governador de dizer que ele foi o que mais fez, está provado que não foi. E isso é um desrespeito a quem fez. Por isso eu sempre me relacionei bem, até com adversários. Aliás, muito até criticam: ‘Mas Wellington, você vai lá estender a mão?’. Foi o que aconteceu agora com o governador Pedro. Eu ganhei a eleição e fui lá estender a mão. Então, qualquer experiência feita nos outros governos, inclusive do próprio governador, se for boa, eu vou aproveitar. 



MidiaNews – O senhor pode citar qual os acertos do governador Pedro Taques?




Alair Ribeiro/MidiaNews

"Essa arrogância do governador de dizer que ele foi o que mais fez, está provado que não foi. E isso é um desrespeito a quem fez"

Wellington Fagundes – Não está fácil achar algum acerto. Porque, primeiro, ele compôs um governo e depois teve que desfazer, porque a própria lei diz que o MPE não podia ser Executivo [havia promotores no cargo de secretário]. Então teve que demitir os companheiros do MPE. Ele rechaçou a classe política. Não pode! Você tem que ter uma boa relação com todos os poderes. Na democracia é assim. O Tribunal de Contas tem seu papel, o MPE tem seu papel, o Judiciário tem seu papel, o Legislativo tem seu papel. E a prioridade tem que ser o cidadão, as pessoas. Nós não podemos deixar as pessoas morrerem porque precisar fazer uma obra. Um governo não pode olhar só com um viés. Um governo tem que olhar todas as necessidades da população. O preventivo é importante, por isso que lutei muito. Quantas obras nós trouxemos para Cuiabá? Obras estruturantes como foi a Usina de Manso, que nada mais é do que uma grande caixa d’água, que garante que o Rio Cuiabá não tenha mais enchentes, e também para dar perenidade para o rio não secar muito, além da energia, da piscicultura e do turismo.



Como governador, vou me empenhar muito para que a gente tenha mais duas universidades federais – uma no Araguaia e outra no Nortão de Mato Grosso. Eu não quero ficar enclausurado nas grades do Palácio. Quero estar presente conversando e dialogando muito, que é o que eu sempre fiz.



MidiaNews – Outra crítica que se faz ao governador é em relação à reforma administrativa. Ele fala que fez várias ao longo do mandato e os adversários dizem que não foi feita nenhuma. Na avaliação do senhor, foi feita alguma reforma ou o Estado está ‘inchado’ e precisa passar por novas reformas?



Wellington Fagundes – Não tem reforma que dê certo se o servidor não for aliado. O servidor tem que estar como aliado do governo. O servidor tem que estar motivado, ele não pode estar amedrontado. Ele é o grande parceiro da sociedade. Todo servidor é pai ou mãe, ele tem uma família. Todo servidor quer uma melhor saúde, melhor segurança, porque ele também sofre as conseqüências, mas ele tem que ser motivado. Por isso eu disse aqui: logo que tomar posse eu quero convidar a todos para saber de que jeito, que forma, o que nós poderemos fazer.



Nós tivemos os jogos da Copa na Arena Pantanal. A Fifa aprovou [a arena], e o governador entrou e disse que não prestava. Ficou lá abandonada. Depois teve que arrumar, gastando dinheiro à toa. Se tivesse algum problema, deveria ter corrigido logo no começo, para não deixar aquilo deteriorar. E há outras obras importantes aqui para Cuiabá. O trânsito aqui estava infernal. Se não fosse um trabalho nosso de buscar os recursos do Ministério dos Transportes - e eu trabalhei efetivamente junto com o ministro, que é do meu partido, mostrando a importância que representava isso.



Esse trecho de Rondonópolis a Cuiabá era onde mais aconteciam acidentes frontais. Muitas pessoas morrendo, e nós conseguimos melhorar. Hoje o nível de acidentes já diminuiu mais de 50%. E hoje, da divisa de Mato Grosso do Sul até Cuiabá, já está mais de 70% duplicado. Na Serra de São Vicente, onde morria tanta gente, conseguimos fazer a duplicação. Portanto, quantas vidas estão sendo salvas? Isso são obras estratégicas. E é isso que eu quero mostrar para a população. Eu sou um parlamentar que sempre estive à frente de projetos estratégicos para o Estado.







MidiaNews – O senhor acredita em uma disputa em dois turnos?


Eu pretendo ganhar no primeiro turno. Vou fazer de tudo para isso. Mas é claro, a possibilidade de segundo turno existe

Wellington Fagundes – Eu pretendo ganhar no primeiro turno. Vou fazer de tudo para isso. Mas é claro, a possibilidade de segundo turno existe. Tudo isso que nós estamos falando aqui a população vai analisar. Vai analisar que lá eles estão do mesmo lado, juntos, que Mauro e Pedro estão juntos. E se está um caos hoje em Mato Grosso, Mauro e Pedro são os responsáveis. O DEM participou do Governo do Pedro, nós não participamos, eu não participei, mas ajudei muito. Eu não fiz a política do ‘quanto pior, melhor’.



Veja o Fex (Fundo de Compensação das Exportações), até hoje muita gente ainda me chama de “senador Fex”. Isso é a compensação que a União tem que dar, devolver para o Estado o que exporta, porque não é certo exportar imposto. E querem acabar com a Lei Kandir. E eu, como relator, digo que não, porque é um grande instrumento para os Estados em desenvolvimento. O Governo Federal tem que devolver aquilo que é de direito. E eu lutei muito. E com a nossa luta, e não é isolada, com todos os companheiros da bancada, nós conseguimos fazer com que o governo honrasse. 



Isso que é fazer política do bem, não interessa se o governador é meu adversário. Eu não posso ser contra a população, eu tenho que ser a favor do desenvolvimento de Mato Grosso, como fiz no meu primeiro mandato. Apresentaram um projeto da Política Nacional do Idoso, que aí, muitos anos depois, com os parlamentares e o governo, criou-se o Estatuto do Idoso. E hoje são mais de 5 milhões de idosos e deficientes físicos, independente da idade, cuja família recebe um salário. São pessoas que não tinham direito à aposentadoria. Esse é um trabalho social, de ver a dificuldade das pessoas. Por isso vocês vão ver os testemunhos [na campanha], como o do seu Luís, da campanha passada, que vai estar com a gente mostrando o que é o cidadão simples, que é atendido e visto. Por isso, como governador, quero ser aquele que vai cuidar das pessoas. E o servidor público será meu parceiro.







MidiaNews – O senhor disse que, na sua avaliação, o Mauro e o Pedro representam o mesmo grupo. Mas nos bastidores há comentários de que o senhor e o Mauro estariam mais próximos. E inclusive teriam um acordo de não se atacarem durante a campanha e os dois partirem para cima do Taques. O que há de verdade nisso?



Wellington Fagundes – Vocês são testemunhas de quanto o Mauro fez para que Wellington não fosse candidato. E eu resisti, persiti, tive fé, trabalhei. A minha candidatura nasceu principalmente com a base do MDB e o Mauro fez tudo para levar o MDB para lá. E me questionaram se eu não ia criticar. Claro que não! Eu sou presidente do partido, eu sei que eu tenho que respeitar as decisões partidárias. Eu respeito as pessoas, eu respeito a definição de lideranças políticas.



MidiaNews – Mas o senhor vê alguma traição por parte do MDB?



Wellington Fagundes – Eu respeito as decisões das pessoas. Então o meu acordo é governar para Mato Grosso da forma certa, ouvindo as pessoas, sendo governador humano, que acima de tudo tenha sentimento. E essa relação tem que ser respeitosa, inclusive para o adversário. Mas o meu maior acordo é fazer o bem sem olhar a quem.



MidiaNews – Quando o senhor fala que o Mauro fez de tudo para tirar o senhor da campanha, acredita que ele teme enfrentá-lo nas urnas?
Vocês são testemunhas de quanto o Mauro fez para que Wellington não fosse candidato. E eu resisti, persiti, tive fé, trabalhei



Wellington Fagundes – Eu não posso subestimar ninguém. Eu não sei se ele teme. Acho que não, porque ele é uma pessoa preparada. Nós não temos que temer, temos que temer a Deus, mas acho que na relação pessoal, eu respeito a todos, e acho também que eles devem me respeitar, porque eu sou uma pessoa que sempre tive uma boa relação. O Mauro era do PR, eu apoiei ele em duas ou três candidaturas. Ele nunca me apoiou, nunca votou em mim. Eu já votei nele. Mas agora vamos disputar uma eleição.



MidiaNews – O governador disse que tem visto um clima de “já ganhou” por parte do Mauro. O senhor também observa isso. Acha que eles estão com muito ‘salto alto’?



Wellington Fagundes – Eu namorei minha esposa por oito anos e sou casado há 34. É claro que é bonito você ver uma mulher de salto alto, toda elegante. Mas homem de salto alto você pode ter certeza que é um mau negócio. Prepotência é um mau caminho. A gente vê lá alguns deles prepotentes, donos da verdade. E o tal do ‘salto alto’ realmente é um mau caminho para fazer as coisas erradas. 



Governar é a arte de saber perdoar. Então eu não terei nenhuma mágoa, não guardo mágoa de ninguém, porque o adversário de hoje pode ser o companheiro de amanhã. E quando se ganha uma eleição tem que buscar a todos. Meu governo será construído com a sociedade e com aqueles que estão comigo. É claro que eu não vou prestigiar adversários, eu vou prestigiar companheiros. Por isso, inclusive, estarei pedindo voto a todos os meus companheiros: à Maria Lúcia, ao Adilton Sachetti, aos deputados estaduais e federais que estão conosco, porque eles é que vão me ajudar a fazer um bom governo.



Então eu peço o seu voto e peço que vocês escolham bem, porque eu quero estar com os melhores. Mas quem é o dono da verdade? É o eleitor, e é importante que o eleitor escolha direitinho, com a consciência, porque o voto é secreto. Eu confio no eleitor. Eu já perdi eleição e foi quando eu mais aprendi. Adilton Sachetti já foi meu adversário, hoje nós estamos do mesmo lado. Eu quero governar com a família, porque a família é solidez.

Related Posts:

0 comments:

Postar um comentário

SITE SITE CUIABÁ FOCO MT