Crédito: Edson Rodrigues
No primeiro confronto cara a cara do segundo turno da disputa pela Prefeitura de Cuiabá, realizado pela Rádio CBN (Grupo Gazeta), na manhã desta terça-feira (18), o candidato Wilson Santos (PSDB) demonstrou claramente maior equilíbrio e firmeza, enquanto o concorrente Emanuel Pinheiro (PMDB) vacilou em perguntas simples e, em várias ocasiões, dispensou réplicas por falta de conteúdo.
Wilson não se omitiu de temas considerados polêmicos nem deixou de responder com clareza qualquer questionamento do adversário. Já Pinheiro se embaralhou ao tentar explicar como conquistou a aposentaria no limiar dos 37 anos e sobre seus diálogos pouco claros com o ex-secretário Marcel de Cursi, de Fazenda, preso por fraudes na concessão de incentivos fiscais.
Emanuel claramente não tem interesse em tirar dúvidas do eleitorado cuiabano. Prova disso é que tem se esmerado em fugir dos debates, pois não compareceu no Programa Chamada Geral, da Rádio Mega FM, sob o comando de Lino Rossi, na noite desta segunda-feira (17); nem foi ao debate do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MT), na manhã desta terça-feira (18).
O debate, conduzido pela jornalista Michely Figueiredo, foi dividido em quatro blocos. No primeiro e terceiro blocos, os jornalistas Airton Marques, Rafael Costa e Patrícia Sanches fizeram, cada um, duas perguntas aos candidatos. No segundo e terceiro blocos os candidatos Emanuel Pinheiro e Wilson Santos fizeram perguntas entre si.
Um exemplo do claro despreparo do candidato Emanuel Pinheiro em defender seus pontos de vista ficou cristalino quando ele tentou culpar o governo Pedro Taques por dificuldades em relação à folha de pagamento dos servidores e ao pagamento do RGA (Revisão Geral Anual) e, também em fazer os repasses à saúde, que já estão sendo regularizados. Wilson respondeu que o grande culpado pela “terra arrasada” é o parceiro de Emanuel, o ex-governador Silval Barbosa, que se encontra preso acusado de corrupção.
“A situação seria bem melhor, se não fossem as barbaridades financeiras, as operações Sodoma, Seven, que levaram Silval, seu parceiro, para a cadeia. Foi a forma perdulária, desonesta, como agiu o governo Silval, que deixou Mato Grosso na situação em que se encontra. Taques honrou a RGA e no primeiro ano pagou 6,26% em duas parcelas. No segundo ano, quando os estados deram zero de aumento, Taques garante de forma parcelada os 7,54% do RGA”, disse Wilson Santos.
Ao receber a oportunidade da réplica, de acordo com as regras do debate, Emanuel, por não ter como defender seu grupo, preferiu o silêncio e disse que não tinha comentários. Essa posição, de não responder a questionamentos, se repetiu ao longo do debate em vários assuntos, o que levou Wilson a fazer a seguinte observação: “O Emanuel está sem comentários, está querendo acabar logo o debate”.
Um dos assuntos mais polêmicos do debate que motivou várias perguntas dos jornalistas foi sobre a concessão da Sanecap em 2012 para a CAB Cuiabá, de acordo com um projeto do então prefeito Chico Galindo. Wilson perguntou qual é a relação de Emanuel com Galindo, já que o partido do ex-prefeito, o PTB, é principal doador da campanha do peemedebista. Emanuel respondeu que Wilson era o responsável por Galindo, já que foi escolhida para ser o vice-prefeito. “O senhor deve assumir os erros de Galindo, o senhor é o pai da CAB”, disse Emanuel. Em resposta, Wilson declarou: “Eu sempre assumi os meus erros e é provável que eu tenha errado na escolha de Galindo. E o senhor, sabendo de tudo isso, por que traz o Galindo de volta para o seu lado? Eu não sabia do Galindo, e o senhor sabe, por que o traz de volta?”, questionou Wilson.
Para rebater a afirmação de Emanuel de que ele é o “pai de Galindo e da CAB”, Wilson conquistou direito de resposta para explicar que saiu da prefeitura, para disputar o governo do Estado, em 30 de março de 2010, e a CAB assumiu a concessão em abril de 2012. “Desde o primeiro dia [da campanha] deixei claro: a CAB não fica por não cumprir com o contrato. A alternativa é trazer a SABESP [companhia de água e esgoto de São Paulo] em uma parceria público-público ou decretar a caducidade, fazer nova licitação e trazer um novo parceiro, em um novo contrato”, afirmou, destacando que em sua gestão construiu a ETA Tijucal e 26 km de adutoras.
Durante o debate Wilson também criticou Emanuel por não saber responder como pretende melhorar o desempenho para que o Ideb avance na educação. Emanuel citou números genéricos das metas já alcançadas na gestão Mauro Mendes e que prevê que até 2022 Cuiabá alcance um índice de 6 pontos. “Vou dar nova oportunidade ao senhor, que já fez muito blá, blá, blá e não responde. Como melhorar o desempenho em Matemática e Português?”, questionou Wilson. Novamente, Emanuel preferiu repetir o que já havia dito anteriormente.