Na reta final, Wilson tenta superar rejeição no corpo a corpo buscando vaga no segundo turno; fotos

oto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto
Na reta final, Wilson tenta superar rejeição no corpo a corpo buscando vaga no segundo turno;  fotos
Tentando garantir uma vaga no segundo turno das eleições para prefeito de Cuiabá, o candidato Wilson Santos (PSDB) iniciou a semana no corpo a corpo com o eleitorado, no bairro Tijucal. Cercado de cabos eleitorais, membros da equipe de marketing e lideranças do local, Wilson recebeu abraços e declarações de apoio, tudo devidamente registrado pelas câmeras de assessores, ao caminhar pela Avenida Espigão, na tarde desta segunda-feira (26). Com uma dinâmica bem executada, caminhava distribuindo apertos de mão, gracejos e fazendo promessas. Atrás, seguiam os agitadores de bandeira. O cérebro do ato, no entanto, ia à frente, abordando as pessoas antes de o candidato chegar e falando sobre Wilson. Se a recepção fosse boa, Santos era trazido.

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Stefanie Barros de Araújo, 26 anos, enfrentava mais um dia na sua rotina de trabalho em uma loja de calçados quando um cabo eleitoral adentrou ao estabelecimento para falar de Wilson Santos. A colega vendedora se recusou a pegar o santinho, não quis tirar foto e logo foi para a parte fechada da loja. Stefanie deu atenção ao interlocutor e disse que não teria problema em falar com o candidato. Enquanto o cabo eleitoral foi avisar que era para Wilson ir ali, ela contou à reportagem do Olhar Direto que já votara em Wilson Santos em eleições passadas, mas se decepcionou quando o tucano abandonou a Prefeitura em 2010 para disputar o Governo do Estado e deixou em seu lugar o vice Chico Galindo (PTB).

Wilson entrou na loja de mãos estendidas e sorriso no rosto. A única condição que Stefanie havia apresentado ao cabo eleitoral era de que não fosse fotografada. O pedido foi aceito. Quando se cumprimentaram, ele logo prometeu que traria de volta o Cuiabá Vest se fosse eleito. Ela perguntou como poderia acreditar que ele não deixaria a Prefeitura novamente. Wilson respondeu que a reeleição já acabou no Brasil. Complementou alegando que quis disputar o Governo em 2010 para combater o grupo de Silval Barbosa. “Como governador ia ter mais chances de ajudar Cuiabá, prefeito tem um orçamentozinho pequeno”, explicou. “Mas você estava com a faca e o queijo na mão, o senhor trocou o certo pelo duvidoso”, rebateu a eleitora. “Pois, é, foi um erro, gostaria de pedir desculpas e uma nova oportunidade”, continuou o tucano, estendendo novamente a mão.


Stefanie Barros de Araújo foi eleitora de Wilson e se decepcionou quando ele deixou a Prefeitura de Cuiabá em 2010. (Foto: Rogério Florentino Pereira/OD)

O cumprimento mudou o tom da conversa. Stefanie disse que ainda estava em dúvidas em quem votar e admitiu: “todo mundo erra, nós somos humanos”. Wilson votou a pedir desculpas. “Vou dar mais um voto de confiança pra você”, disse a eleitora, encaminhando a conversa para o fim. “Sabe que eu fiz aqui duas creches, cursinho e agora posso fazer a diferença porque o Pedro [Taques] está comigo”, disse o candidato já se despedindo. Quando Wilson saiu da loja, a entrevista continuou. Stefanie disse que pensou que o tucano não deveria ter “vergonha na cara” quando o viu candidato nestas eleições. Mas agora, inclusive após o desabafo, já cogita votar em Santos. “Wilson Santos já fez. Ele fez a nossa Avenida das Torres. A creche lá do bairro foi ele também, então, assim, a minha mágoa que eu tenho com ele só é em relação a isso [ter deixado a prefeitura]”, contou.


Assessores chegam antes e indicam onde Wilson deve ir. Recepção é filmada. (Foto Rogério Florentino Pereira/ OD)

Wilson aparece como o mais rejeitado entres os candidatos em todas as pesquisas de intenção de voto. Stefanie representa uma parcela do eleitorado que mantém a reprovação a Wilson por ter deixado a Prefeitura em 2010. “Ele nos decepcionou porque ele deixou a nossa Cuiabá na mão de um vice dele que pra mim eu não sei o que o senhor Chico Galindo foi fazer como vice dele. Ele ficou perdido, não sei o que aconteceu, Cuiabá ficou perdida tanto é que privatizaram até a vida e a morte”, diz, revoltada. A rejeição de eleitores que pensam como Stefanie, no entanto, não é a mais difícil de se reverter. Após o contato direto com o candidato e a chance de dizer o que queria e ouvir um pedido de desculpas, a vendedora contemporizou. “Eu estou em dúvida ainda porque pra mim, se eu pudesse, eu votaria em branco, mas como eu sou cidadã brasileira, sou cuiabana, pago meus impostos, eu vou dar essa segunda chance pra ele”, completou.

Rejeição mais cristalizada e difícil de reverter é a do candidato junto aos servidores públicos estaduais, que ainda têm em mente muito clara a disputa travada contra o Paiaguás pelo pagamento integral da Revisão Geral Anual, na qual Wilson, na condição de líder do governo, advogou contra os interesses das categorias. Tanto que quando viu o tucano pela frente, a funcionária pública Márcia Adriana, de 47 anos, fechou a porta do salão de beleza em que fazia retoques no cabelo. Antes disso, fez sinal e esperou o candidato se aproximar o suficiente para ser ouvida. Com o dedo em riste, disse o que estava engasgado e bateu a porta. Wilson não se afetou, seguiu o passo acelerado e a maratona de cumprimentos.


A funcionária pública Márcia Adriana se recusou a receber o candidato. (Foto: Rogério Florentino Pereira/ OD)

Em entrevista após a passagem do candidato, a funcionária pública o chamou de nomes impublicáveis. “Ele só foi eleito graças a nós, servidores públicos. Ele não podia ter feito isso com a gente, agora a gente vai dar o troco, ele cuspiu na cruz”, declarou. A eleitora ainda confidenciou que ainda não decidiu seu voto, só sabe em quem não votar. “Tem o Emanuel e o Julier, mas fiquei sabendo que o Juier é do PT, então ai já fica complicado, né? Mas o Wilson eu não voto”.

Logo no começo da caminhada, os assessores de Wilson viram em outro salão de beleza uma possibilidade de boa recepção ao candidato e o conduziram ao local. Odisa Gonçalves, 60 anos, o recebeu com sorriso no rosto e abriu a porta do estabelecimento para o candidato. Ela é aposentada e esposa do dono do local, que atendia um cliente no momento. Wilson falou rapidamente com todos, que o ouviram, solícitos, e seguiu sua caminhada. “Ele tem um grande potencial para ganhar [a eleição], tem serviços prestados. É um cara de garra, que não mede esforços e já ajudou muito a região”, avaliou a eleitora. Ela contou que no mesmo dia, horas antes, passara por ali também Emanuel Pinheiro (PMDB). “Acho que esse corpo a corpo ajuda a gente a escolher o candidato”, opinou.

A caminhada de Wilson seguiu sob a condução de lideranças locais e assessores. O candidato posou ao lado de crianças, beijou idosos, trocou ideias e fez promessas a comerciantes. De acordo com a assessoria de imprensa do candidato, mais arrastões devem ser realizados nesta reta fina de campanha. Consta da prestação de contas de Wilson à Justiça Eleitoral que as atividades de militância e mobilização de rua são o terceiro maior gasto até o momento, com R$ 285,5 mil investidos, atrás apenas da produção de programas de rádio, televisão ou vídeo (R$ 385 mil) e serviços prestados por terceiros (R$ 342,2 mil). Na agenda do candidato para esta terça-feira (27) está confirmada outra caminhada no bairro Dr Fábio, às 16h.



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