A candidata a prefeita de Cuiabá, Serys Slhessarenko (PRB), foi a entrevistada do Jornal Centro-Oeste Popular esta semana. Formada em Direito e Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso, da qual se tornou professora. Em 1990, Serys se elegeu deputada estadual e foi reeleita duas vezes consecutivas. Em 2016, a ex-senadora volta a disputa, desta vez para a Prefeitura de Cuiabá. Em entrevista ao Centro-Oeste Popular ela fala sobre os projetos para a Capital, desafios do pleito eleitoral, o que precisa ser melhorado na cidade , entre outros assuntos. Confira.
Regina Botelho
Da Redação
Centro-Oeste Popular- Candidata qual o seu projeto para Cuiabá?

“ O mais urgente, sem dúvida alguma, é a saúde. Nossa proposta é concluir o novo Pronto Socorro e, no local em que funciona o antigo, construir o Hospital Materno Infantil de Cuiabá, com toda a infraestrutura”.
Serys Slhessarenko- O povo cuiabano precisa – e merece - comemorar os 300 anos de Cuiabá vivendo em uma cidade moderna, desenvolvida, com oportunidade para todos, em que as pessoas tem orgulho de viver. Chega de pessoas morrendo nas filas do sistema público de saúde, de mães chorando nas filas das creches, de dinheiro público sendo jogado no ralo da corrupção. Eu sou mãe, sou avó e é com essa sensibilidade de mulher que quero cuidar do povo cuiabano também.
CO Popular- A senhora é a Serys é a única mulher na disputa pelo Palácio Alencastro. O que a difere de um candidato homem? Quais são os desafios?
Serys Slhessarenko- As mulheres são a maioria da população, são a maioria do eleitorado e ainda ocupam um espaço muito restrito na política. Em Cuiabá, temos apenas uma vereadora. E isso, claro, prejudica a oferta de políticas públicas, que passam a ter uma visão excessivamente masculina. Quer um exemplo? Cuiabá é a única capital do país que não tem um hospital materno-infantil. E isso é reflexo direto do fato de nunca ter tido uma mulher prefeita, que entenda o quanto esta demanda é importante para as mães e seus filhos. Quanto aos desafios, eles são enormes. Por que o machismo ainda forte. Muito forte. A violência contra a mulher é uma constante, tanto a física quanto a simbólica. Veja, por exemplo, que os candidatos homens vivem me mandando ir cuidar dos netos, como se uma mulher não pudesse se dedicar à política, como se essa tarefa fosse coisa só deles. O presidente Michel Temer é mais velho do que eu e ninguém manda ele cuidar do Michelzinho.
CO Popular- A senhora disputa pela terceira vez a eleição para prefeitura de Cuiabá. O que mudou das últimas eleições para a atual?
Serys Slhessarenko- Fui candidata pela primeira vez em 1988, depois em 2000 e, agora, em 2016. Três conjunturas políticas completamente diferentes. Em 1988, o país acabava de sair de uma longa ditadura e estava construindo sua Constituição Cidadã. O povo estava cobrando mais do que nunca mais participação na política e, em função do meu desempenho surpreendente como secretária de Educação de Cuiabá, minha candidatura foi muito natural. Em 2000, O país tinha conseguido equilibrar sua economia e começava a discutir mais inclusão social e igualdade de oportunidades. Eu já estava no terceiro mandato como deputada estadual, sempre posicionada ao lado das lutas populares. Por isso, estava madura para enfrentar o desafio. E cheguei quase lá. Fiquei em segundo lugar, apenas 5 pontos percentuais atrás do candidato eleito. Agora, o Brasil vive um outro momento político: o cidadão está cheio da picaretagem e da corrupção. E, com ainda mais experiência, sou uma alternativa diferente porque sou Ficha Limpa e a autora da Lei da Delação Premiada, que tem permitido ao juiz Sergio Moro passar o Brasil à limpo.

“A luta contra a corrupção e pela boa utilização dos recursos públicos é a bandeira da minha vida. Nunca aceitei aposentadoria parlamentar – nem na Assembleia e nem no Senado - porque considero um privilégio imoral”
CO Popular- Como à senhora vê Cuiabá nos dias atuais?
Serys Slhessarenko- Cuiabá é o tipo de cidade em que os governantes abandonaram seu povo à própria sorte. Mato Grosso é um dos estados mais ricos do país, é o estado do agronegócio. E Cuiabá precisa participar desse desenvolvimento que alavanca as cidades vizinhas. É por isso que apresentamos um projeto de reduzir o ISS para até 3% na capital. Queremos atrair novas empresas e, assim, gerar mais empregos e aumentar a arrecadação. Barueri, por exemplo, era uma cidade dormitório do interior de São Paulo. Depois que baixou o ISS, atraiu tantas empresas que já tem uma arrecadação duas vezes maior do que a de Cuiabá, e com uma população três vezes menor.
CO Popular- Na sua concepção, hoje qual o principal problema que precisa ser melhorado?
Serys Slhessarenko- O mais urgente, sem dúvida alguma, é a saúde. Nossa proposta é concluir o novo Pronto Socorro e, no local em que funciona o antigo, construir o Hospital Materno Infantil de Cuiabá, com toda a infraestrutura, médicos de todas as especialidades e os equipamentos necessários. Também queremos construir mais postos de saúde e investir em prevenção, dobrando o número de equipes da família, que hoje são 70. Vamos, inclusive, atacar as principais causas de internação nos hospitais, que são os acidentes de trânsito e a violência. Teremos uma visão sistêmica sobre a saúde que, certamente, resultará em resultados positivos.
CO Popular- Caso seja eleita prefeita de Cuiabá em 2016, qual será a sua primeira ação na administração?
Serys Slhessarenko- Assim que assumirmos, vamos realizar um levantamento criterioso para saber quais políticas públicas estão funcionando e quais não estão em cada área. Até porque é muito difícil conseguir informações na Prefeitura hoje. O que a administração publica no Portal da Transparência é uma verdadeira fraude. Então, vamos checar como está cada área. E, nas áreas em que verificarmos problemas, instauraremos uma auditoria. A intenção não é fazer nenhuma caça as bruxas, mas dotar a nova administração das informações necessárias para dar continuidade ao que está dando certo e corrigir o que não está.

“Esta é uma campanha diferente. Com as mudanças nas regras eleitorais, que proibiram as doações das empresas, os candidatos estão tendo que aprender a fazer mais com pouco”.
CO Popular - Caso seja eleita, a senhora irá continuar lutando contra a corrupção e zelando pela boa utilização dos recursos públicos?
Serys Slhessarenko- A luta contra a corrupção e pela boa utilização dos recursos públicos é a bandeira da minha vida. Nunca aceitei aposentadoria parlamentar – nem na Assembleia e nem no Senado - porque considero um privilégio imoral, ainda que legalizado. Também nunca participei de negociatas e esquemas de corrupção. Mesmo com 20 anos de mandatos, sou uma candidata absolutamente ficha limpa, nunca respondi um processo sequer. Também sou a autora da Lei da Delação que está permitindo varrer a corrupção do país. E é com este histórico que quero ser prefeita de Cuiabá para continuar lutando pelo zelo com o dinheiro público. Quando eu for eleita, a Prefeitura de Cuiabá terá tolerância zero com a corrupção!
CO Popular- Para uma boa campanha, é preciso muito recurso financeiro. Como está a questão?
Serys Slhessarenko- Esta é uma campanha diferente. Com as mudanças nas regras eleitorais, que proibiram as doações das empresas, os candidatos estão tendo que aprender a fazer mais com pouco. E aqueles que continuam gastando rios de dinheiro em campanhas milionárias estão é chamando a atenção do eleitor, que já está de saco cheio disso, que já associa o excesso de dinheiro à corrupção. Para mim não é difícil fazer campanha com poucos recursos pois minhas campanhas sempre foram assim, Para outros candidatos deve estar sendo mas a mudança é altamente positiva!
CO Popular- Candidata qual o melhor critério para escolher os candidatos?
Serys Slhessarenko- Para um candidato que nunca exerceu um mandato eletivo, é fácil dizer que ele é ficha limpa. Sem o poder nas mãos, é mais difícil corromper e ser corrompido. Já para um candidato que exerceu vários mandatos, a coisa é mais complicada. E entre os candidatos que já exerceram mandato, eu sou a única que nunca respondi a processos e que nunca fui investigada. Então, uma boa dica é o eleitor olhar a história de cada um e ver em quem ele pode ou não confiar.

“Era contra o VLT, mas agora que ele está aí, que já consumiu mais de R$ 1 bilhão, ele precisa ser concluído. Vou cobrar isso e usar toda a minha influência política em Brasília para ajudar o governador Pedro Taques a concluí-lo.”
CO Popular- Com relação ao VLT, o que deve ser feito?
Serys Slhessarenko- Eu era contra o VLT, mas agora que ele está aí, que já consumiu mais de R$ 1 bilhão, ele precisa ser concluído. Vou cobrar isso e usar toda a minha influência política em Brasília para ajudar o governador Pedro Taques a concluí-lo. Até porque o povo cuiabano precisa de um transporte público de mais qualidade e o VLT, interligado aos eixos de BRT que irei implantar, o que minimizará muito o drama de quem depende de ônibus hoje em Cuiabá.
CO Popular- A senhora hoje está filiada no PRB. Como analisa o desempenho do seu partido nesta eleição em Cuiabá?
Serys Slhessarenko - Eu acho curioso que muita gente por aqui se refira maldosamente ao PRB como um partido pequeno, até mesmo nanico. O PRB é maior do que muitas outras siglas que não recebem o mesmo tratamento, como o PDT, o PPS e o PCdoB, por exemplo. O PRB tem a 9ª maior bancada da Câmara. Nesta eleição, especificamente, tem chances concretas de eleger os prefeitos das duas maiores capitais brasileiras: São Paulo, com Celso Russomano, e Rio de Janeiro, com Marcelo Crivella. Além de Cuiabá, comigo, claro. Portanto, é um partido sólido, com forte potencial de crescimento e que congrega pessoas de todos os credos, sem preconceito de nenhuma espécie.