Candidata Serys Slhessarenko (PRB) é entrevistada no MTTV 1ª edição

Rodada de entrevistas começou segunda-feira e vai até sábado (24).
Ordem dos candidatos ao governo foi definida por meio de sorteio.

Do G1 MT
A candidata do PRB a prefeita de Cuiabá, Serys Slhessarenko, foi entrevistada ao vivo nesta terça-feira (20) no MTTV 1ª edição pelos apresentadores Marina Martins e Diego Hurtado.
Essa é a segunda entrevista da série, que deve seguir até o próximo sábado (24).
A ordem da série de entrevistas foi definida em sorteio. O candidato Julier Sebastião (PDT) será entrevistado nesta quarta-feira (21).
Veja acima a íntegra, em vídeo, da entrevista com Serys Slhessarenko. Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas.
Diego - Candidata, boa tarde. Obrigada pela sua presença. Começo perguntando para a senhora: depois de construir uma carreira, ligada diretamente ao PT, por exemplo, hoje a senhora está no partido que é o PRB, que tem seus ideais ligados diretamente a origem religiosa, vamos dizer assim. A Serys mudou radicalmente?
Serys - Não, a Serys não mudou um milímetro. As minhas convicções são exatamente as mesmas que foram a minha vida inteira em que eu fiz política. Em primeiro lugar, eu diria que eu tive 20 anos de mandato e todos por um partido. Quando eu vi que esse partido realmente teve a sua primeira punição, que foi do Mensalão, quando começaram as primeiras punições que foram julgadas e condenadas, eu falei: não tem mais lugar pra mim não. Porque eu não compactuo, nunca compactuei e jamais compactuarei com corrupção. Eu pedi pra sair. Eu hoje estou no PRB, um partido que me recebeu muito bem, não me proibiu absolutamente nada em termos de minhas convicções, eu mantenho as mesmas. E de mais a mais, igreja não faz mal a ninguém. Esse partido foi criado por duas pessoas. Uma católica apostólica romana, que foi o vice-presidente da república, José Alencar, e hoje ainda o senador e candidato a prefeito no Rio de Janeiro, Marcelo Crivela. Foram pessoas de religiões completamente diferenciadas, mas todos cristãos. E nós não abrimos mão de nenhuma convicção do que sempre defendemos. Serys continua defendendo o que sempre defendeu.
Marina - Candidata, vamos às propostas. A senhora defende que o transporte não pode ficar nas mãos de empresários e grandes empresas, já disse isso em público. Propõe uma redução gradativa da tarifa de ônibus. Haveria uma municipalização do transporte, então?
Serys: Não, seguinte. Primeiro ato: Serys Slhessarenko na prefeitura, os primeiros atos serão realmente a gestão do transporte coletivo será da prefeitura. Não podemos deixar com os empresários. O transporte é concessão, como via ficar eles a definir as linhas para onde vai pra onde deixa de ir, se é mais distante se é menos.
Marina: Então é uma municipalização? Voltaria para administração da prefeitura?
Serys: Sim, voltaria. Tem que estar. Nós não podemos voltar, desculpe o termo, a raposa cuidando das galinhas. E eu não prometi em nenhum momento, ainda, a redução da tarifa. Eu digo que talvez ela seja possível. Eu preciso conhecer, eu digo que é possível, entra na tarifa, por exemplo, o pagamento do cobrador. E não tem mais cobrador. Se não tem mais cobrador, por que entra na tarifa o valor que eles pagam para o cobrador? Não tem lógica nenhuma. Então, poderá existir redução sim.
Diego: A senhora falou também em implantar o BRT, que seria o transporte via ônibus, aqueles corredores rápidos. E o VLT? A senhora traz a ideia de integrar esse serviço. O que a senhora pensa sobre o VLT? Como terminar o VLT?
Serys: Com certeza, o VLT tem que ser terminado. Eu como prefeita não terei condições de recursos para terminar o VLT. Mas terei força política como prefeita da capital para pressão junto ao governo do estado e junto ao governo federal para que seja terminado VLT. Não podemos deixar enterrados mais de R$ 1 bilhão de dinheiro nosso, dinheiro do povo de Mato Grosso para uma coisa que não vai existir. Tem que terminar o VLT sim. E nós teremos quatro pontos já definidos de BRT. Porque o VLT tem um caminho só, e as pessoas não moram e trabalham na beirada desse caminho. Elas precisam de mobilidade para outros setores de grande movimento em Cuiabá. Teremos pontos de BRT sim. Mesmo antes do término do VLT, já teremos dois pontos de BRT.
Diego- Já estão definidos esses dois pontos?
Serys- Não, estão sendo definidos.
Marina- No seu plano de governo, ainda falando em transporte e trânsito, a senhora propõe criar vagas de estacionamento na região central e nas principais avenidas. A gente sabe que hoje há um gargalo da nossa cidade, mas como criar essas vagas, por exemplo, na região central, onde há tantos imóveis tombados pelo patrimônio?
Serys: Com certeza. Existem as praças, mas não vamos transformas as praças em estacionamentos não. Mas terá como ser feito por baixo, em estacionamentos subterrâneos. Essa é a proposta, até porque a gente vai revitalizar o centro da cidade, e aí entra outra discussão: com a redução que teremos, é uma proposta firme e convicta nossa, a redução do ISS. A gente pode até contar como será feito gradativamente. E o centro da cidade será um centro revitalizado para valorizar e revitalizar os prédios. Será um centro que as pessoas vão frequentar. Por exemplo, se for toda a parte de tecnologia ali pro centro, aquilo será revitalizado porque terá o imposto de ISS reduzido e é óbvio, que terá mais movimento e será protegido contra a violência e que nós teremos também os estacionamentos.
Diego: Candidata, onde a senhora já viu esse esquema de estacionamento público subterrâneo aqui no Brasil?
Serys: Existem. E são possíveis, tem tantos. Lá em Brasília mesmo, vivi em um local quando fui senadora que era subterrâneo.
Marina: É uma obra que é possível ser feita em quatro anos, por exemplo?
Serys: É possível ser feita, sim. Até porque não temos construções pesadas nas praças, não tem prédios. Está sendo feito um estudo nesse sentido da possibilidade onde é mais fácil ter esse estacionamento. Por exemplo, como eu estava dizendo sobre a redução do ISS, a região da Beira Rio, quem tiver empresa de turismo lá sediada, terá redução no ISS também.
Marina: Aproveitando a deixa da redução do ISS, a senhora não teme a queda na arrecadação? Como resolver esse problema?
Serys: De jeito nenhum, ao contrário, temos estudos já feitos e experiências feitas no Brasil e fora do Brasil, especialmente no Brasil, com esses termos mesmos, onde tem cidades, como em Baueri, que era uma cidade praticamente dormitório, tem 1% da população de Cuiabá. Depois que implantou essa sistemática da redução do ISS, com 1/3 da população daqui, tá com arrecadação três vezes maior do que Cuiabá. Portanto nós vamos expandir a base de arrecadação e com essa expansão nós vamos reduzir a inadimplência e também trazendo muita gente pra formalidade, e empresas de outros municípios e outros estados para cá.
Diego: Vamos falar de saúde agora. A senhora tem intenção de implantar novas quatro UPAs em Cuiabá. Hoje nós temos duas. Cada uma custa, em média, só o prédio, de R$ 3 a R$ 4 milhões. O município tem dinheiro previsto no orçamento para fazer novas quatro UPAs?
Serys: Eu digo sempre que a saúde tem dinheiro sim. Ela precisa é gestão de qualidade. Para construção, mas principalmente para cuidar de pessoas. Hoje de manhã eu estava na frente do Pronto-Socorro. Dez minutos que fiquei na calçada do Pronto-Socorro, mais de 20 pessoas me abordaram. Não para pedir isso ou aquilo, mas para dizer como está péssimo o atendimento na saúde. Aquilo ali me assustou, entendeu?
Diego: A senhora faria o que para melhorar isso?
Serys: Tudo. Eu venho para cuidar de gente. A saúde, eu disse que ela tem dinheiro. E ela vai ter muito mais. Ela tem que ser vista de uma forma sistêmica. Por exemplo: de onde vem a maior clientela da saúde que precisa de tratamento de alto risco? Vem do trânsito. Vem de acidentes de trânsito. 70% dos clientes de alto risco que precisa de tratamento complexo vem do trânsito. Então estamos trabalhando essa questão do trânsito para reduzir muito, de forma muito forte, os acidentes de trânsito. A questão de água: precisamos de água de boa qualidade e para todos. A questão do saneamento básico: tudo isso é saúde. E se nós conseguimos, e nós vamos conseguir, trabalhar outras causas, como a questão da droga, que traz a violência, nós vamos melhorar e diminuir o gasto com a saúde, vamos conseguir dar bons cuidados com a atenção básica. Você sabe quanto ganha um médico, em 20 horas, concursado? R$ 4 mil. Sabe quanto ganha um prefeito? Quanto ganha um vereador?
Marina: A senhora abaixaria o valor?
Serys: Não, eu estou questionando. Eu abaixaria. Mas estou questionando a disparidade. Um médico, concursado, ganha R$ 4 mil. O não concursado ganha R$ 2,9 mil. Isso é justo? É correto? Não dá para fazer saúde de qualidade desse jeito. E eu vou fazer saúde de qualidade sim.
Marina: Eu quero voltar na questão da obra pela questão orçamentária mesmo. Para construir quatro UPAs, seriam necessários, pelo menos, R$ 12 milhões, isso sem contar o pessoal, como a senhora acabou de dizer, e também na gestão e manutenção. Em quatro anos teria dinheiro para se fazer essas quatro UPAs?
Serys: É possível. Uma por ano, é possível.
Marina: Essa é a sua proposta?
Serys: É a minha proposta. Também, não só para a saúde. Eu venho para cuidar de gente. Não quero mais ver mulher chorando em fila de Pronto-Socorro porque não consegue vaga na UTI ou se quer uma internação. Não quero mais ver isso e não vou ver. Não só de mulheres, pessoas de um modo geral. Reduzindo o número de acidentes, eu vou ter muito mais recursos. E assim sucessivamente.
Diego: Para encerrar essa questão de saúde, uma coisa que chamou a atenção no seu plano de governo é o Samu. A senhora disse que quer reestruturar o Samu. Mas o Samu não é competência do estado? O que o prefeito pode fazer por isso?
Serys: É competência do estado, sim. Para cuidar da saúde infantojuvenil, que tem uns critérios, é destinado 6% do orçamento. Sabe quanto é para administrar o Samu? 50%. Será que precisa tudo isso? Nós temos que reajustar tudo isso. Ele é do estado, mas eu, a minha postura, como prefeita de Cuiabá, não é de adversária do governo do estado ou do governo federal.
Marina: A senhora tiraria, ou, pelo menos, discutiria retirar esse orçamento do Samu?
Serys: Não. A redução do valor para administrar o Samu. Para administrar o Samu precisa gastar 50% do SUS que vem pra cá?
Marina: Mas a senhora criaria alguma, por exemplo, estrutura de socorro municipal?
Serys: Discutiria com o governo do estado essa possibilidade de fazer arranjos para não se gastar tanto. Será que o governo detectou que gasta 50% para administrar o dinheiro do SUS que vem pra cá? Isso não é necessário, gente. Vamos botar isso na ponta e na base, na atenção básica de saúde, na contratação de médicos, de enfermeiros, assistentes sociais, lá na ponta da atenção básica. Agente de saúde tem um papel fundamental, seríssimo junto com as famílias, buscando realmente encontrar os problemas existentes para não precisar chegar nas alturas de tratamento em hospitais de alta complexidade e algo que poderia ter sido evitado lá no início.
Diego: Candidata, falando ainda dessa relação município e estado, a senhora tem uma intenção de criar, ou melhor, fortalecer a guarda municipal. Inclusive, colocar os agentes da guarda municipal para cuidar de prédios públicos federais e estaduais. Mas a guarda não é para o município? Por que faria papel de polícia cuidando de prédios estaduais e federais?
Serys: Não, eu não disse em nenhum momento que vai cuidar de prédios estaduais. A guarda municipal é para cuidar de gente.
Marina: Lembrando que todas essas questões estão no seu plano de governo.
Serys: Não é pra cuidar de estaduais. É pra cuidar de gente e também de prédios municipais. Mas eu acredito que a gente tem possibilidade de fazer não só a guarda municipal com competência, como também contribuir como eu já contribuir, como também contribui como professora, na formação da Polícia Militar do estado. Tem essa possibilidade. Quando eu digo que a gente não pode dizer: 'eu sou do município, eu sou adversária do estado, eu sou adversária da União'. Não, esse trabalho, a partir da eleição, ele tem que ser um trabalho conjunto. De pessoas que saibam que tem que cuidar é das pessoas e não de ficar fazendo políticazinha para puxar para cá ou para lá.
Marina: Candidata, temos pouco menos de dois minutos para o fim da sua entrevista e gostaria de falar sobre a pesquisa. Na pesquisa demonstrada no Ibope na semana passada o seu índice de rejeição cresceu. Inclusive, em relação à pesquisa anterior. São 21% de rejeição. A que a senhora atribui essa rejeição à sua candidatura?
Serys: Hoje já caiu bastante. Eu nem me lembro, porque eu não dou atenção, praticamente para pesquisa. Porque quando eu fui candidata ao Senado, a eleição era no domingo, e na sexta-feira as grandes manchetes foram: 'Senador por Mato Grosso será fulano e fulano'. No domingo, fui eu e o outro que não tinha sido citado. Os dois que não tinham cido citados na sexta-feira, foram eleitos no domingo. Então eu acho que depende muito da conjuntura, do contexto, do momento, etc. Acho que são importantes, mas não ligo porque eu já sofri muito com pesquisa. Sempre eu era a mais rejeitada, sempre eu era do menor índice, e no dia eu fui eleita em quatro eleições. Então, não estou nem um pouco preocupada. Quero aqui fazer uma conclamação: Peço o voto. O meu número é 10. Vote para ter a primeira mulher prefeita de Cuiabá. Eu peço, em especial às mulheres, às mulheres de bem, vamos, realmente, juntas com os homens de bem. Nós somos 52% da população e os outros 48% são nossos filhos. Eu conclamo a todos. Vamos dar a oportunidade a uma mulher que é ficha limpa, uma mulher que tem ética. Uma mulher que é autora da lei da delação premiada, que está varrendo através da Lava Jato a corrupção do país. Uma mulher que não aceitou a aposentadoria nem de deputada, nem de senadora, e vive com a aposentadoria de professora da Universidade Federal de Mato Grosso. Muito obrigada a todos e a todas.

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