POLÊMICA Fisiculturista transexual disputa campeonato feminino

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Ela chama atenção por onde passa. Gerente da oficina de troca de óleo do pai, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a fisiculturista Priscila Reis, de 26 anos, não suja de graxa as unhas bem pintadas, mas bota ordem na equipe masculina que controla. O que muitos clientes nem desconfiam é que a bela morena de 1,70 metro nasceu num corpo de homem e começou a transição sexual apenas aos 18 anos.
No início do mês, a moça ficou em segundo lugar num concurso de fisiculturismo feminino, em Saquarema. E entrou para a história do esporte ao se tornar a primeira transgênero brasileira a participar de uma competição apenas com mulheres cis (que se identificam com o seu gênero biológico). Ela ficou em 2º lugar.
 Tinha visto um caso na internet de um homem trans que disputou um campeonato com outros rapazes e passei a acreditar que era possível eu competir com outras mulheres. Procurei a IFBB- Rio (Federação Fluminense de Fisiculturismo e Fitness) e contei da minha vontade — explica Priscila.
— Falaram que eu precisava estar com a minha certidão já trocada para o gênero feminino e também pediram um teste mostrando que minha taxa de testosterona deveria ter menos de 10 nanomol. Foi muito bacana, porque os organizadores revelaram no final do concurso e não rolou resistência das outras meninas — conta.
Funcionária do pai, Priscila diz que precisou esperar um tempo para conseguir manter a boa relação que tem com a família, atualmente:
— No início foi bem difícil para eles entenderem a minha transformação. Mas, com o tempo, meus pais foram percebendo que não era uma questão de moda ou promiscuidade. Era uma necessidade que eu tinha. Tanto que trabalho para ele.
Priscila conta que ela mesma passou um período sem conseguir se aceitar e chegava a ficar com homens sem revelar que era transexual.
— Foi um período em que eu não tinha segurança comigo mesma. Mas, hoje em dia, isso já não é uma questão para mim. Sempre deixo clara a minha história. Tenho as minhas qualidades e apenas nasci num corpo errado — diz a fisiculturista, que não conta por nada qual era o seu nome de batismo: — Isso já não tem a menor importância na minha vida.
Por trabalhar numa oficina mecânica, Priscila diz que costuma lidar com muitas cantadas dos clientes, mas que tem um ótimo relacionamento com os funcionários:
— Muitos homens chegam aqui, pedem o cartão da loja e, quando vão embora, me ligam dando cantada. Há também os caras que fazem piadinhas, mas os meus funcionários são homens muito bem-resolvidos e me defendem muito.

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