Homem escolhia vítimas em portas de hospitais e as drogava para roubá-las; três idosos morreram
Vanderlei Missau (detalhe), de 69 anos, morreu após tomar "raizada" oferecida por golpista
DA REDAÇÃO
Francisco Djalma Francioni, de 67 anos, preso por dopar e roubar mais de 25 idosos em seis Estados do país, fez ao menos seis vítimas em Mato Grosso e provocou a morte de uma delas, o servente de pedreiro Vanderlei Missau, de 69. As vítimas seriam dopadas em um golpe conhecido como "boa noite, Cinderela".
Uma reportagem veiculada nesse domingo (30) pelo Fantástico, da Rede Globo, mostrou trechos do interrogatório do preso, que confessou à polícia os golpes cometidos desde 2013 - veja a reportagem completa AQUI.
Vanderlei Missau conheceu o golpista em Cuiabá, quando saía de um hospital onde havia ido fazer um exame de próstata. Enganado, ele tomou o "medicamento" oferecido por Francisco e foi a um shopping da Capital na companhia do suspeito.
Câmeras de vigilância flagraram o momento em que, sentado em um banco, Vanderlei desmaia. Para disfarçar, Francisco o levanta, espera a chegada do socorrista e deixa o local, levando com ele a pasta e a carteira da vítima.

Ele veio com um copo descartável, misturando um 'negocinho'. No desespero da doença, peguei e bebi. Não lembro mais nada
Vanderlei morreu 3 dias depois, após sofrer uma parada cardíaca e ter morte cerebral. A filha dele, Marianny Missau, lamenta a forma pela qual pai foi tirado da vida dela.
"Meu pai tinha muita vida pela frente. Se não fosse o golpe, podia estar comigo, podia ter me visto entrar na faculdade", disse.
Prejuízo financeiro
O operador de máquinas Ênio Rodrigues Correia também foi uma das vítimas do "maníaco da garrafada", como passou a ser chamado Francisco Francioni.
Ênio foi vítima do golpe ao procurar atendimento no Hospital de Câncer de Cuiabá para tratar de um nódulo no pescoço. Ele relatou ter sido abordado por Francisco Francioni na porta da unidade de saúde, onde foi drogado e, posteriormente, teve R$ 7 mil roubado.
Segundo a vítima, Francisco o procurou e agiu com empatia, afirmando que sabia a receita de um remédio caseiro, feita com ervas medicinais, que o havia curado e que poderia ajudá-lo a recuperar a saúde.
O operador de máquinas contou que o golpista se apresentou como um tenente militar aposentado e afirmou que trabalhou apenas com índios por muito tempo. Francisco, então, teria disto que sabia a receita de uma "raizada" que, após ingerida, curava a pessoa em 15 dias.
"Ele veio com um copo descartável, misturando um 'negocinho'. No desespero da doença, peguei e bebi. Não lembro mais nada", afirmou.
Francisco foi preso em setembro deste ano por policiais da Derf de Cuiabá e confessou os crimes
Ênio desmaiou e teve o celular e a carteira levadas pelo golpista - inclusive com o dinheiro em espécie e um cartão de banco. Ele acordou oito dias depois na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital com um prejuízo de R$ 7 mil.
"Os médicos me acharam já quase sem pulso", disse.
Em Rondonópolis (a 212 km de Cuiabá), Francisco convenceu um senhor de 84 anos, que estava em frente ao Hospital Regional do município, a tomar duas doses do suposto remédio.
José Francisco Morais relatou à reportagem do Fantástico que desmaiou, caiu no chão e teve a carteira levada por Francisco. Toda a ação foi filmada pelas câmeras de segurança do hospital.
O idoso passou três dias desacordado e, ao recobrar a consciência, soube que havia perdido R$ 350.
"Ele pensou que eu tinha mais dinheiro, mas eu não tinha. Ele queria minha aposentadoria, mas não estava comigo. Estava em casa", disse.
Prisão
Francisco Francioni, natural do Distrito de Treze de Maio, município de Tubarão, em Santa Catarina, era investigado há mais de um ano pela Polícia Civil de Mato Grosso por aplicar o que se tornou conhecido como "golpe da garrafada" e foi preso no dia 19 de setembro, em Goiás, por policiais da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Cuiabá (Derf).
Ele foi recambiado para Cuiabá no dia 22 de setembro. Ele confessou todos os crimes e disse que se aproveitava da fragilidade das vítimas.
Conforme a polícia, Francisco possui vasta ficha criminal, com seis indiciamentos no Rio Grande do Sul, 14 no Paraná, 6 em Santa Catarina e 1 em Goiás, além dos roubos, homicídios e tentativa de homicídios que passará a responder em Cuiabá e Rondonópolis, referente a seis vítimas.
Os indiciamentos referem-se a crimes de roubos desde o início da década de 70.
Ao ser interrogado, Francisco contou que viveu vida inteira cometendo crimes, a maioria foi roubos contra bancos, e já ficou mais de 20 anos preso.
Também relatou aos policiais que, há algum tempo, vinha cometendo os crimes por meio de violência imprópria, se valendo da questão da vítima ser idosa para ganhar sua confiança.
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