Do alto do Palácio Alencastro, o prefeito Emanuel Pinheiro escutou os gritos, apitos e apelo dos profissionais de educação municipal. De acordo com a organização eram cerca de 500 pessoas participando do ato que ocorreu em frente à Prefeitura de Cuiabá, na Praça Alencastro, nesta quinta-feira (04). Em meios ao protesto, professores que já rejeitaram as propostas do gestor da cidade, relataram também a insalubridade no ambiente de trabalho.

A categoria realizou nove pedidos e a prefeitura fez algumas propostas, mas elas foram recusadas após assembleia geral dos profissionais. Além da reinvindicação principal que é o pagamento de 4% restante de ganho real do salário, eles relatam casos de insalubridade dentro das instituições de ensino.
Uma das professoras, que pediu para não se indentificar por temer represárias, aponta que além de trabalhar em escola, ela também atua em creches. “Lá (na creche) é um trabalho sem trégua, o tempo todo. E são em condições insalubres que arriscam até mesmo a nossa saúde”.  
Ela aponta que em seu local de trabalho a porta dos banheiros abre diretamente no refeitório. As vezes, quando chove, escorre esgoto para dentro das salas de aula. “A gente também tem que dar banho nas crianças e não temos proteção. Ela evacua e urina, a gente tem contato direto com isso e não é agradável”.
A professora relata que a categoria deseja realizar negociações com o prefeito. “Ele tem condições e não quer fazer por falta de vontade mesmo, não é nem um pouco humanizado”, ela ainda conclui que os profissionais da educação não gostam de greve, mas querem o respeito para retornar as atividades.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep), de Cuiabá, João Custodio da Silva, apontou que o prefeito Emanuel Pinheiro declara estar aberto à um diálogo, mas não é isso o que ocorre na verdade.
“Não é mentira quando o prefeito diz que alguns itens já foram contemplados, mas alguns ainda precisam ser ajustados. Amanhã (sexta-feira) teremos um ato aqui às 8h30 da manhã e se o prefeito chamar vamos subir para ouvir o que ele tem a dizer”, declarou Custodio.
A caminhada dos professores tomou parte da Avenida Getulio Vargas, paralisando o trânsito, e os professores usavam nariz de palhaço, cartazes com mensagens ao prefeito, apitos e gritos de "O povo na rua, prefeito a culpa é sua". 
Já são quatro dias de greve nas escolas municipais sem previsão de retorno do calendário acadêmico. Isso abrange cerca de 90 unidades educacionais e 75% dos profissionais paralisados.
O outro lado
Procurada a Prefeitura confirmou que o prefeito Emanuel Pinheiro estava no Palácio Alencastro durante a manifestação e que as propostas já foram feitas. Declaram estar abertos para um diálogo e que a gestão não pode comprometer os pagamentos dos salários em dia, os investimentos e o atendimento à demanda da população.