PM aposentado, Vitalino Xavier, de 91 anos, foi empurrado por investigador da Polícia Civil, na semana passada. Em nota, policial pediu desculpas e citou 'sobrecarga de serviço'.
Por Lislaine dos Anjos, G1 MT
A família do idoso de 91 anos que foi agredido por um policial civil dentro de uma agência bancária em Cuiabá, na semana passada, afirmou, por meio de nota pública, que não acredita no pedido de perdão divulgado pelo agressor nessa segunda-feira (30) e que o ato não diminui a busca deles por justiça.
O caso foi registrado na sexta-feira (27). Na ocasião, o investigador da Polícia Civil Ailton Afonso Batista, de 51 anos, agrediu Vitalino Xavier Santos, após acusá-lo de furto. A agressão foi filmada e o vídeo circulou nas redes sociais. (Veja o vídeo abaixo).
Por meio de nota pública, o investigador classifica o episódio como um "incidente" e justifica o ato como um resultado da sobrecarga de serviço e o momento atual do país, em que "policiais são vítimas de tamanha violência".
Ao G1, o advogado Isaque Levi Batista dos Santos, relatou a angústia da família ao ver o vídeo da agressão e contou que o idoso, apesar de estar bem, ainda sente dores após ter sido fortemente empurrado pelo policial civil.
"Para nós, que somos da família, foi muito doloroso ver aquela cena. Levamos ele para ser medicado na manhã do dia seguinte e hoje ele está bem, mas ainda reclama de dores no peito", disse.
'Ato covarde'
A família se manifestou, também via nota pública assinada pelo neto, classificando a agressão como um ato "covarde" e de uma "brutalidade imensurável".
"Vejo agora um pedido de 'perdão' que me desacredita, um pedido de 'perdão' forjado e muito bem escrito de alguém cujo histórico denuncia seu desequilíbrio emocional", disse.
Na nota, o advogado ainda acusa o policial de ter, no passado, se envolvido em outros episódios de violência e cita uma possível agressão a um vizinho e "disparos de arma de fogo contra transeuntes sem qualquer justificativa plausível".
Para a família de Vitalino, que é 3º sargento da Polícia Militar aposentado, o pedido de perdão divulgado pelo investigador foi o meio encontrado pelo policial para contornar a repercussão negativa e a repulsa da sociedade, bem como tenta "vitimizar o agressor".
"Como cristãos praticamos diariamente a liberação do perdão. Desta forma, oramos para que o agressor jamais passe pelo que estamos passando e ele jamais tenha um filho, avô ou bisavô injustamente acusado, ofendido e covardemente agredido", afirmou a família, em trecho da nota.
'Sede de justiça'
O neto da vítima afirmou que o perdão não sacia a "sede de justiça" da família e que eles ainda esperam que o investigador seja penalizado pelas consequências do ato praticado, esperando por uma resposta do Poder Judiciário e da Polícia Civil.
"Tenhamos no desfecho disso, o exemplo de que atos de violência e discriminação contra o idoso não serão admitidos por nossa sociedade e serão devidamente rechaçados pelos órgãos constitucionalmente admitidos, mostrando que ninguém está acima da lei", finaliza a nota.
Agressão
Nas imagens é possível ver o policial dando um empurrão no idoso que cai no chão. A agressão foi registrada numa agência que fica na Avenida Fernando Corrêa da Costa, na capital.
De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima e as testemunhas contaram que antes da agressão o policial já havia ameaçado o idoso com uma arma o acusando de ter roubado o cartão dele.
Investigação
O investigador Ailton Afonso Batista deve responder na esfera criminal e administrativa.
A Polícia Civil alegou que já tomou ciência do caso e está “tomando as providências cabíveis”. A vítima, segundo a polícia, foi ouvida na Corregedoria do órgão.
nvestigador da Polícia Civil
Veja vídeo:
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