Firma de informática, montada em VG, não movimenta nada na área e sim serve apenas para lavagem de dinheiro da facção criminosa Comando Vermelho
Uma empresa de informática em Várzea Grande foi criada com o objetivo de lavar dinheiro e movimentar valores da organização criminosa Comando Vermelho em Mato Grosso. A informação foi divulgada pela Polícia Civil após a deflagração da operação Red Money, nesta quarta (8), que apura crimes praticados pela organização criminosa.
Rodinei Crescêncio
Delegados Fausto Freitas, Juliano Carvalho, Gustavo Garcia (secretário de Segurança), Fernando Vasco, Luiz Henrique Oliveira e Diogo Santana dão informações sobre hierarquia e transações do CV, com apoio de presos dentro da PCE
Conforme a Polícia Civil, a empresa foi criada em fevereiro de 2017 e pertence a Jonas Souza Gonçalves Junior, conhecido por Batman, e a esposa dele, Jeniffer Lemes – presa na operação. Batman, que já está preso na Penitenciária Cetral do Estado por assalto a agências bancárias, é apontado como um dos principais líderes da facção no Estado e um dos responsáveis pelo departamento financeiro da organização.
As apurações da Polícia Civil apontaram que a J.J. Informática movimentou, em quatro meses, cerca de R$ 800
Delegado Luiz Henrique Analisamos as informações bancárias e vimos que as transações não estavam condizentes com aquele objeto social
mil. No entanto, nenhuma das movimentações e pessoas identificadas teriam relação com o objeto social da empresa. Entre aquelas que fizeram transações, 180 possuíam antecedentes criminais ou algum vínculo com criminosos e condenados pela Justiça, grande parte deles presos na Penitenciária Central do Estado (PCE).
Em 2017, a Polícia Civil descobriu a participação de dezenas de envolvidos no esquema financeiro. Além da J.J. Informática, a facção criminosa também teria utilizado outras contas bancárias para fazer a lavagem do dinheiro que teria origem ilegal.
O coordenador de Inteligência da Polícia Judiciária Civil, Luiz Henrique de Oliveira, relatou que em um primeiro momento, após a suspeita de que a empresa de Várzea Grande fosse de “fachada”, com o intuito de esconder a origem ilícita dos valores, a polícia chegou a ir ao local e no endereço não havia nenhuma loja funcionando.
Batman e Brasília são apontados como lideranças da facção CV pela elite de inteligência da Segurança Pública de MT
“Passados alguns meses, aí estava funcionando. A partir da identificação dessa empresa, analisamos as informações bancárias e vimos que as transações não estavam condizentes com aquele objeto social. Na verdade, ali foram detectadas dezenas de transações feitas por pessoas com antecedentes criminais, parentes de presos e deixando claro que estava sendo usado para outras finalidades”, relatou Oliveira, na tarde desta quarta.
Segundo diz, ficou comprovado que a empresa recebia valores obtidos ilegalmente, por meio de arrecadações da facção, que cobrava mensalidades de comerciantes, traficantes e seus próprios membros. “Esse dinheiro entra e sai rapidamente. Pula de uma conta para a outra de uma forma que não é fácil rastrear e essas movimentações financeiras representam a incompatibilidade daquele valor com o dono da conta. Às vezes o indivíduo não tem nem trabalho e está movimentando até R$ 5 milhões”, explicou.
Com base nas apurações que apontaram as fraudes na empresa, a Polícia Civil informou que conseguiu descobrir um “núcleo de liderança” na facção criminosa. Conforme as investigações, no período de um ano e seis meses houve circulação de montantes entre R$ 5 milhões e R$ 800 mil, dependendo do CPF do suposto membro da organização.
A Polícia Civil informou que, por meio destas apurações, conseguiu chegar ao líder da facção financeira, identificado como Francisco Soares Lacerda, o Brasília, que teria se utilizado, principalmente, da esposa para movimentação ilícita e aquisição patrimonial.
Gilberto Leite
Pichação do Comando Vermelho no Mappin, em Várzea Grande, demarcando território de atuação da facção, que tem atuação na Grande Cuiabá e interior
A Red Money
A "Red Money" investigou o sistema de arrecadação financeira do Comando Vermelho, que possui formato de pirâmide. Conforme a Polícia Civil, no topo do grupo está o núcleo de liderança e na base dezenas de contas bancárias, com movimentação menor, que fazem a captação de dinheiro, e, gradativamente, fazem o repasse às contas maiores.
No período de um ano e meio, de 1° de junho de 2016 a 18 de janeiro deste ano, foram identificadas a movimentação de, aproximadamente, R$ 52 milhões.
0 comments:
Postar um comentário
SITE SITE CUIABÁ FOCO MT