Advogado chama de "vagabundos" empresários que citaram ex-Casa Civil em esquema

Dono da EIG Mercados, José Henrique Ferreira Gonçalves entregou conversa no WhatsApp com Pedro Jorge Taques ao Ministério Público Estadual
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O advogado Pedro Jorge Zamar Taques, primo do governador Pedro Taques (PSDB), chamou de “vagabundos” os empresários Roque Anildo Reinheimer e Marcelo da Costa e Silva - sócios da Santos Treinamento, empresa que lavava o dinheiro desviado do Detran de Mato Grosso pela EIG Mercados, que prestava serviço de registro de veículos em alienação fiduciária no órgão. O advogado foi preso nesta quarta-feira (9) durante a deflagração da operação “Bônus”, 2ª fase da “Bereré”, que apura as fraudes.
A informação é parte do inquérito que apura o esquema. De acordo com as investigações, o motivo do xingamento seria um depoimento feito por Marcelo da Costa e Silva à Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) no dia 20 de fevereiro de 2018, um dia após a deflagração da operação “Bereré”. Marcelo contou que o ex-CEO da EIG Mercados, Valter José Kobori, era amigo pessoal de Pedro Cesar Zamar Taques, irmão do ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques.
Uma conversa gravada por um dos sócios da EIG Mercados, José Henrique Ferreira Gonçalves – que firmou um acordo de colaboração com o Ministério Público Estadual (MP-MT) -, relata que Pedro Jorge Zamar Taques se reuniu com o executivo em São Paulo (SP). Na conversa, Pedro Jorge chega a falar sobre eventuais valores a serem pagos, mas o dono da EIG lembra que ele trataram apenas sobre “o assunto Kobori”.
“É porque eu só lembro nessa reunião que a gente tratou sobre a continuidade do Kobori na empresa, lembra que você disse que tinha um problema que ele tinha que resolver com o Paulo e tal”, disse José Henrique Ferreira Gonçalves.
Porém, o irmão de Paulo Taques fala que terá que pagar os impostos dos repasses feitos pela EIG ao escritório de advocacia. Ele afirma que o contrato entre ambos – que para o Ministério Público foi firmado para “disfarçar” o pagamento de propina – havia sido mencionado em depoimentos após a primeira fase da “Operação Bereré”.  “Aqueles vagabundos lá terminaram nos envolvendo”, falou Pedro Jorge, numa referência a Marcelo da Costa e Silva e Roque Anildo Reinheimer.
DEPOIMENTO NA DEFAZ
Em depoimento concedido a Defaz, Marcelo da Costa e Silva disse que um dia após as eleições de 2014 – que elegeram Pedro Taques como governador -, Valter José Kobori havia substabelecido os serviços jurídicos da EIG Mercados (que até então se chamava FDL Serviços) ao escritório de Paulo César Zamar Taques, que tinha como sócio seu irmão, Pedro Jorge Zamar Taques. Já Roque Anildo Reinheimer teria dito que mesmo com os indícios de fraudes, o Governo do Estado manteve o contrato com EIG Mercados com o apoio de Paulo Taques, já nomeado Chefe da Casa Civil, em 2015, com o apoio de seu sócio e irmão, Pedro Jorge Zamar Taques.
Tanto Kobori quanto os irmãos Taques afirmam que o contrato tinha como objetivo a representação do escritório de advocacia em causas trabalhistas envolvendo a EIG.
A operação "Bônus", deflagrada nesta quarta-feira, prendeu os primos do governador Pedro Taques, Paulo Taques (ex-Chefe da Casa Civil) e Pedro Jorge Zamar Taques, o deputado estadual Mauro Savi (PSB), os sócios da Santos Treinamento,  Claudemir Pereira dos Santos e Roque Anildo Reinheimer, além do ex-CEO da EIG Mercados, Valter José Kobori.

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