ÉRIKA OLIVEIRA
DA REDAÇÃO
DA REDAÇÃO
A maioria das mulheres gosta de se sentir bonita e seguir tendências de moda, seja nas roupas, ou no novo corte de cabelo usado pela atriz famosa ou a cantora do momento.
E ainda que para toda regra haja exceção, é quase unanimidade entre elas aquela mania de se olhar no espelho. Mas e quando o espelho passa a ser um de seus maiores inimigos?
A afirmação pode parecer forte, mas é a realidade de muitas mulheres que precisaram ou precisam enfrentar a luta diária contra o câncer de mama.
A insatisfação vai muito além de um sapato que não combina com o vestido, uma bolsa fora de moda ou um acessório repetido.

É uma das coisas que são mais prejudicadas quando você tem câncer, porque cai o cabelo e a mulher acaba não se achando bonita ou deixa de gostar de si
“É uma das coisas que são mais prejudicadas quando você tem câncer, porque cai o cabelo e a mulher acaba não se achando bonita ou deixa de gostar de si”, explicou a estudante Leticia Ferro Ferraz, que resolveu ajudar mulheres com a doença a se amarem de novo por meio de ensaios fotográficos.
Resgatando a auto estima perdida
Leticia tem 23 anos e desde os 18 faz trabalho voluntário na Associação MTMamma Amigos do Peito, que, em 2009, passou a assistir pessoas em tratamento e pós-tratamento do câncer de mama em Mato Grosso.
A jovem lembra que, quando conheceu o projeto - por meio de uma amiga que teve uma tia com câncer e que frequentava o local -, ela teve conhecimento de um ensaio de uma fotógrafa estrangeira com mulheres vítimas do câncer de mama.
“O ensaio falava justamente disso, de como a foto pode ajudar as pessoas que sofrem do câncer a recuperar a autoestima que elas perderam”.
A estudante de comunicação fotografa profissionalmente desde os 16 anos e decidiu usar sua paixão por um bem maior.
Para Letícia, o ensaio com as mulheres da MTMamma foi um de seus maiores desafios enquanto fotógrafa.
“Eu nunca tinha feito um ensaio desse tamanho, com tanta gente. Foi uma experiência única. Teve todo um estudo de cenário, de poses, de ver qual ângulo iria favorecer mais cada uma delas, para que elas pudessem se sentir mais a vontade”.
O ensaio foi feito no dia 2 de julho deste ano e 50 mulheres vítimas da doença, que recebem apoio da MTMamma, foram clicadas pela lente de Letícia.
A entidade conseguiu parceiros para ajudar a tornar essa ideia uma realidade. No dia do ensaio, as mulheres passaram por tratamentos de beleza, foram maquiadas, receberam roupas e acessórios, tudo para que pudessem se lembrar de novo do quanto são bonitas.
“Eu não tive câncer, mas eu já passei por questões de baixa autoestima. Ver que um trabalho meu, uma coisa que eu gosto de fazer, pode ajudar outras pessoas, é uma ferramenta super válida”, disse a fotógrafa.
Dia de princesa
“Eu me senti como se estivesse em um dia de princesa”, revelou Raquel Flores, 45, que participou do ensaio.
Raquel descobriu o câncer de mama aos 38 anos, dois anos após a morte de sua mãe, que foi vítima da mesma doença.
“Passou tudo pela minha cabeça. Eu ficava me perguntando se eu teria o mesmo destino dela. Essa doença é muito traiçoeira e agressiva”.
Hoje, curada, Raquel também é voluntária na MTMamma. Ela afirma que iniciativas como a de Leticia são fundamentais para obter sucesso no tratamento da doença.
Raquel dá aulas de dança do ventre para as mulheres assistidas pela associação. A partir daí, surgiu a ideia de usar o véu da dança em suas fotos.
“Eu amei fazer as fotos! A gente teve a produção, ganhamos a maquiagem. Esse tipo de coisa eleva a auto estima da gente. Todas as atividades que são desenvolvidas lá na MTMamma me trouxeram essa experiência positiva de que a doença tem cura e que eu podia levar uma vida normal e completa” completou.
“Eu queria dizer que o câncer tem cura, que a vida é muito bonita e a gente não pode desperdiçar nenhum minuto. A gente passa por momentos difíceis, mas se acreditar você consegue superar e vencer”.
Conforme o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), somente para este ano são esperados 57.960 casos novos de câncer de mama no Brasil. Com um risco estimado de 56,20 para cada 100 mil mulheres.
O câncer de mama é o tipo mais incidente em mulheres da região Centro Oeste.
A estimativa é que em 2016 sejam diagnosticados 710 novos casos no Estado, sendo 430 só em Cuiabá.