Candidato Wilson Santos (PSDB) é entrevistado no MTTV 1ª edição

Rodada de entrevistas começou segunda-feira e vai até sábado (24).
Ordem dos candidatos a prefeito foi definida por meio de sorteio.

Do G1 MT
O candidato do PSDB à prefeitura de Cuiabá, Wilson Santos, foi entrevistado ao vivo neste sábado (24) no MTTV 1ª edição pelos apresentadores Marina Martins e Diego Hurtado.
Essa foi a sexta e última entrevista da série, que começou na segunda-feira (19). A ordem da série de entrevistas foi definida em sorteio.
Veja acima a íntegra, em vídeo, da entrevista com Wilson Santos. Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas.
Diego – O senhor responde a quatro processos por improbidade administrativa. Tenho eles aqui: em 2015, a Justiça Federal aceitou uma denúncia que acusa o senhor de direcionar o processo licitatório do Rodoanel. Em 2010, o senhor é acusado de manter contratos vencidos sem licitação com as empresas de transporte coletivo. O terceiro, também em 2010, por firmar contratos sem licitação para a secretaria de meio ambiente e deixar de recolher R$ 6 milhões aos cofres públicos. Por fim, em 2009, condenado por contratação indevida na saúde. Diante disso, e dessas acusações, o senhor tem adotado a postura de homem honesto. É de alguma forma para desviar o foco dessas acusações?
Wilson: Olha, eu respondo com toda a naturalidade os quatro processos. Não tenho nenhum processo por crime. Todos são por improbidade. E é praticamente impossível alguém que está há 30 anos na vida pública não responder por algo. Com relação ao Rodoanel, não há condenação nenhuma. No Rodoanel não houve desvio de nenhum centavo.
Marina – Mas houve bloqueio de bens.
Wilson – Houve bloqueio de bens porque eu não fiz defesa. Até agora só a Justiça falou. Eu não fiz defesa. E qual que é o problema? O exército mediu dois lotes e lá são 3 lotes. Se o exército tivesse medido o terceiro lote não haveria nenhuma defasagem. Então estou tranquilo. Em relação ao rodoanel a obra vai ser retomada no início do ano pelo governo do estado.
Diego – Mas se não teve nada, porque o senhor não fez a defesa?

Wilson – Porque agora é que eu fui notificado. Então há uma exposição enorme. São anos de exposição enorme. São anos de exposição. Até gora o Dnit não me ouviu. Agora que eu fui notificado. Eu tenho 30 dias para responder. E eu fiquei exposto na mídia esse tempo todo.
Marina – Todos esses processos dizem respeito a improbidade administrativa, mas dizem respeito a contratações. São por irregularidades nas contratações, nas licitações.
Wilson – Veja um outro. Eu tenho uma condenação, só uma. Houve uma epidemia de dengue em Cuiabá e eu fiz uma contratação com dispensa de concursos de médicos, de enfermeiros, para salva vidas. Já julgado no TJ [Tribunal de Justiça], me absolve. Então, com naturalidade. Esse outro, do desvio de R$ 6 milhões do meio ambiente, esse eu já fui ouvido. E foram ouvidas oito testemunhas, inclusive três do Ministério Público. As oito testemunhas disseram unanimemente que não houve desvio de dinheiro.
Marina – mesmo com todos esses processos o senhor continua mantendo a postura de candidato honesto.
Wilson – eu não tenho dúvida disso, marina, isso não pega em mim. Eu não me aposentei com 30 anos de idade, eu nunca fui condenado por desvio de recursos. O TCE e o TCU me colocam como ficha limpa. Eu tenho 30 anos de vida pública. Malandragem e desonestidade não pegam em mim.
Marina – candidato, o senhor, por diversas vezes na campanha eleitoral, disse que estava arrependido por ter abandonado o segundo mandato de prefeito no meio para disputar o governo. Agora, no meio do mandato de deputado o senhor está se candidatando para prefeito. Caso eleito, vai abandonar, inclusive os eleitores que votaram no senhor para candidato. Qual é a garantia que esse eleitor, que vai votar no senhor, para que numa próxima eleiçao o senhor não saia candidato novamente, seja qual for o cargo?
Wilson – bom, primeiramente quero dizer que eu fui candidato em 2010 pra evitar a quadrilha de Silval Barbosa. Alguém tinha que enfrentar esse grupo. Eu conheci o Silval. Eu disse em debates ao Silval que ele fazia o debate mais corrupto da história de Mato Grosso. O problema é que não há coincidências de mandato. Esse ano temos eleição para vereador e prefeito. Daqui a dois anos, para governador, estadual, federal, senador e presidente. Eu defendo a unificação das datas. Quando houver a unificação das datas, ninguém vai deixar no meio do mandato para disputar.
Marina – então nesse momento, o senhor está candidatando a prefeito. Daqui a dois anos tem eleição. Qual a garantia que o eleitor do senhor tem de que o senhor não vai deixar também o mandato no meio?
Wilson – Tranquilo. Eu fiz o primeiro mandado de prefeito inteiro. De 2005 a 2008 eu completei 100% do mandato. Eu saí no meio do segundo mandato. E agora não há mais, marina, reeleição. Então nós vamos completar o mandado inteirinho, pode ficar tranquila.
Diego – O senhor que é por causa desse abandono que o senhor está com a rejeição grande? As pesquisas apontam que o senhor tem a maior rejeição. Será que é por isso?
Wilson – Eu fico tranquilo. Quem tem 35% de rejeição é sinal que 65% admitem votar em você. E você não precisa mais do que 50% e um voto. Então isso não me incomoda. Tanto é que estamos chegando ao segundo turno. As pesquisas começam a indicar que nós estamos chegando ao segundo turno. Eu estou animado com a perspectiva de chegar ao segundo turno e aí sim, só com dois candidatos, fazer um debate mais claro para mostrar quem tem serviços e quem tem propostas para Cuiabá.
Marina – Vamos começar então com as propostas. O senhor promete duas UPAs: uma na Cidade Alta, outra no  Jardim Leblon. Quando o senhor pretende entregar essas UPAs prontas e funcionando?
Wilson – A da Cidade Alta/Verdão, já tem algo em torno de 70% pronta. É uma obra que dá para entregar no início do segundo semestre de 2017. A UPA do Jardim Leblon, que vai atender toda a Região Leste de Cuiabá, esta ainda está na fase inicial, 20%, 25%.  É uma UPA que deve ficar pronta no início de 2018.
Diego – Agora, construir é uma coisa, manter funcionando, com funcionários, equipamentos, é outra coisa. Diante disso, o senhor já sabe qual a proposta orçamentária destinada para a Saúde no ano que vem? E se cabem essas construções, essas manutenções dentro dessa proposta para 2017?
Wilson – A LDO, Lei de Diretrizes Orçamentárias para o ano que vem, ela propõe algo em torno de R$ 2,2 bilhões. Mas já há um R$ 1,9 bilhão comprometido com folha, encargos sociais, custeio e pagamento de dívida.
Marina – Só para a Saúde são R$ 787 milhões com despesas.
Wilson – Isso é um montante elevado, mas acaba sobrando pouco. Você vai ter apenas de 3% a 5% de investimento real. Por isso não estou fazendo proposta de assumir VLT, restatizar o saneamento, estatizar o transporte público. Isso é proposta lunática, utópica. Não dá, tem que ter pé no chão. O dinheiro que nós temos dá para, em parceria com o governo do estado, terminar o Pronto-Socorro, terminar as duas UPAs e quero fortalecer na saúde o convênio com o Hospital Geral, com a Santa Casa, com o Santa Helena e com o Hospital de Câncer, que já existem, estão montados, têm respeito, equipe médica, enfermeiros e técnicos. Então, eu vou valorizar também os hospitais filantrópicos.
Marina – Candidato, o senhor está falando em construir e nós estamos falando em manter essa estrutura funcionando. Até porque, de acordo com a própria lei orçamentária, vão sobrar R$ 112 milhões apenas para investimentos. Então como é que o senhor pretende, com esses R$ 112 milhões manter as duas UPAs funcionando e fazer todos os outros investimentos na cidade?
Wilson – É, mas você tem rubrica de manutenção e você está dizendo rubrica de investimento. Uma coisa é investimento. A rubrica de investimento só permite construção, reforma e ampliação. E você tem rubrica de manutenção. Essa rubrica você recebe transferências, você recebe transferências do estado, tem FPE, você tem FPM, você mantém, por exemplo, o Pronto-Socorro custa hoje, Marina, de aproximadamente R$ 9,5 milhões a 10 milhões por mês. Com o novo Pronto-Socorro maior, vai saltar para R$ 11,5 milhões a R$ 12 milhões. Então tem que ter dinheiro, claro, para a manutenção”
Diego – Deixa eu pegar um gancho, numa resposta que o senhor deu anteriormente, falando do VLT, que disse que não vai se comprometer em terminar o VLT. O senhor não pretende fazer nada mais do que foi feito? Qual é a sua proposta para o VLT, que é hoje o problema social muito grande, aqui pra gente?
Wilson – Primeiro, tem que jogar limpo com o eleitor. O VLT é responsabilidade do governo do estado e da União.
Diego – Mas e a prefeitura?
Wilson – Eu, quando fui prefeito, Diego, eu não assinei VLT. Eu assinei compromisso com o BRT.
Diego – O VLT está aí, hoje. É uma realidade.
Wilson – Deixa claro, o VLT não tem nada a ver com município.
Marina – Mas o VLT interfere no município, é isso que a gente está querendo dizer.
Wilson – Sim, o VLT é uma obra do governo do estado com a União. Agora, cabe ao prefeito cobrar a execução e terminar. Porque tem R$ 1,1 bilhão jogado fora. Nós temos que terminar o VLT. E aí, em parceria com o governador Pedro Taques. Eu já estive com o presidente Michel Temer, já estive com o ministro Bruno Araújo, da Cidades, trabalhando a liberação de recursos para que o governo estadual conclua essa importante obra em Cuiabá.
Marina – Vamos lá. A gente está falando de trânsito, que é um dos gargalos em Cuiabá. O senhor, no seu plano de governo, fala de aumento de corredores exclusivos para ônibus. Quais ruas e avenidas receberiam esses ônibus?
Wilson – É a linha do BRT, eu digo sempre.
Marina – Mas, seria o BRT? Para deixar bem claro.
Wilson – Curitiba tem a melhor mobilidade urbana do Brasil e não tem metrô nem VLT, então, o BRT é o futuro. Nós podemos colocá-lo na Miguel Sutil, podemos colocá-lo na Senador Metelo, podemos colocá-lo na Avenida das Torres, podemos colocá-lo na Avenida do Moinho, podemos colocá-lo nas principais artérias que ligam o centro aos bairros, exceto na linha do VLT. Eu sou simpatizante com a canaleta exclusiva para ônibus. Por exemplo, 22 km de VLT, nós poderíamos ter construído quase 100 de BRT. Vou jogar duro também em relação ao controle do sistema. Porque hoje os empresários mandam no sistema. Quando eu fui prefeito eu cassei uma empresa aqui, a prefeitura tem que ter pulso firme. E puxar para ela a regulação e principalmente a fiscalização do sistema.
Diego – Candidato, mas, o senhor citou Curitiba. Infelizmente nós estamos longe de Curitiba na questão estrutural. Prainha, por exemplo, uma avenida super estreita, espremida. Como é que colocaria, por exemplo, um corredor de ônibus ali?
Wilson – Foi o que eu falei. Onde tem o VLT não tem mais como colocar a caneleta exclusiva, o VLT vai no meio. O BRT pega as laterais.
Diego – Mas será que a estrutura da cidade comportaria hoje?
Wilson – Sim, como eu falei. A Avenida das Torres. É possível.
Marina – O senhor já tem estudos relativos a isso ou tem a intenção de fazer isso?
Wilson – Nós temos estudos. Fui prefeito de Cuiabá, já estive lá e sei como é que faz. Eu fiz a segunda maior avenida desse estado, comecei o Rodoanel, fiz uma estação para tratar água para 120 mil pessoas, eu sei como é que faz.
Diego – Deixa eu te perguntar uma coisa. O senhor colocou aqui, em uma outra resposta anterior a essa conversa, de 'não vou estatizar o transporte público'. Dá a entender que é não trazer para o município. Posso entender isso?
Wilson – Isso.
Diego – Como é que vai ficar? Vai ficar do jeito que está hoje? Porque está todo mundo reclamando, descontente com o serviço. O que o senhor pretende fazer?
Wilson – Primeiro, quero assinar embaixo o que você disse. O serviço de transporte público em Cuiabá está muito ruim. Nós temos, primeiro, que fazer uma licitação a nível nacional, e trazer empresas capitalizadas que possam cumprir um novo contrato. Segundo: nós vamos exigir a renovação anual de ônibus. Terceiro: nós vamos garantir ar-condicionado em 100% dos ônibus. Quarto: vamos reformar os terminais. E vamos avançar nos abrigos que a gestão do prefeito Mauro Mendes vem implantando nas paradas de ônibus.
Marina – Com que dinheiro o senhor faria tudo isso?
Wilson – Com o dinheiro dos investimentos. Eu vou fazer enxugamento. Depois de dar posse ao secretariado, o primeiro ato meu é baixar um decreto auditando a folha de pagamento da prefeitura. Auditando todos os contratos que a prefeitura tem com a iniciativa privada. Eu sei fazer economia. Eu peguei uma cidade, Marina, com três salários atrasados. Em 60 dias, o que parecia impossível eu fiz e coloquei em dia.
Marina – Quando você fala em redução, em enxugar, fala também em redução de secretarias? Por exemplo, os comissionados?
Wilson – Quando assumi eu reduzi secretarias, fundi secretarias e acabei com 25% dos cargos comissionados. Eu sei fazer. A primeira medida é controlar a folha. A folha cresce de hora em hora, diariamente. Tem que dominar a folha, garantindo o direito dos servidores, mas dá pra segurar a folha e dá para a gente renovar os contratos com as empresas particulares que fornecem papel, que fornecem combustível, que vende passagem, dá para recompor no ambiente de crise que o país passa.
Marina – Hoje, 50% do que a prefeitura gasta é com o funcionalismo. Quais secretarias o senhor cortaria, por exemplo?
Wilson – Olha, eu vou fundir, por exemplo o orçamento e gestão. Posso fundir serviços urbanos com obras, voltando na antiga Seminfe. Eu já estive lá, eu sei como é que é. Dá para fazer. Tanto é que eu fui prefeito quatro anos, a avaliação foi muito boa e eu fui reeleito.
Diego – Falando de educação, agora, saindo um pouco da questão de transporte. O senhor fala, por exemplo, em ampliar a oferta de ensino em tempo integral. Hoje Cuiabá tem 91 escolas e nenhuma funciona em tempo integral. Como é que o senhor pretende fazer isso? Primeiro, ampliar o que não tem. O senhor pretende criar isso?
Wilson – Primeiro, essa é uma informação que eu fico surpreso.
Marina – Para a gente deixar claro, não existem, realmente, escolas em tempo integral como preconiza o ensino integral. Antes havia o projeto Mais Educação que foi cortado, inclusive, algumas escolas têm atividades extras, não são todas.
Diego – Não são em tempo integral, como diz a lei.
Wilson – Muito bem, essa é a minha área. Pegamos Cuiabá na 20ª posição do IDEB das 27 capitais e deixei em 7º lugar. E quero puxar um desafio. Depois de quatro anos, eu quero que Cuiabá tenha o melhor IDEB das 27 capitais. Valorizar o professor, aprofundar o ciclo de formação humana e trazer de volta o que eu implantei. Eu implantei em mais de 50% das escolas municipais o ensino integral.
Marina – O senhor implantaria nas escolas que já existem ou em novas escolas? Para deixar bem claro.
Wilson – Essa é uma surpresa. Porque, como nós fazíamos: o aluno vinha para o turno da manhã, ia para casa almoçar e voltava umas três horas. Isso, em mais de 50% eu deixei. Eu quero rever esse processo, porque o caminho é, não só a escola em tempo integral, mas a escola integrada à comunidade onde existe.
Marina – É que esses recursos, também vêm do governo federal.
Wilson – Vem, mas, Marina, aqui em Cuiabá já está gastando mais de 30,5 com educação. Se você qualificar esse gasto, você tem condições de fazer o contra turno com português, matemática, artes, esporte, enfim. É possível, eu sei fazer. Eu implantei em 50% das escolas, a educação em tempo integral em Cuiabá.
Diego – O senhor tem 50 segundos, candidato.
Wilson – Pra?
Diego – As suas considerações finais.
Wilson – É livre?
Diego – É livre.
Wilson – Eu quero pedir a você. O que está em jogo em Cuiabá não é se você gosta ou não gosta de Wilson, o que está em jogo em Cuiabá é se você gosta de Cuiabá. Vamos prestar a atenção, vamos votar com a razão, Wilson tem experiência, tem a parceria do governador Pedro Taques, tem apoio do prefeito Mauro Mendes. Nós vamos manter tudo aquilo que o prefeito Mauro Mendes fez de bom e positivo. Não vamos fazer perseguições e quero concluir as obras do prefeito Mauro Mendes. O novo hospital e Pronto-Socorro, a UPA do Leblon, a UPA da Cidade Alta, avançar com o asfalto para a periferia, ter de volta o Cuiabá Vest, o Bolsa Universitária, o Peladão, os mutirões, enfim, conto com o seu apoio para irmos ao segundo turno e aí sim um debate mais claro e mais tranquilo e você poder optar de maneira definitiva. Obrigado.
Marina – Obrigada, candidato. Uma boa tarde
Wilson – Eu que agradeço.
Diego – Obrigado pela participação.

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