O conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Sérgio Ricardo, afirmou que vai pedir o desentranhamento de provas entregues por Marcos Tolentino da Silva dos autos da Operação Ararath. O empresário é delator na operação deflagrada em 2013 para desarticular um esquema de lavagem de dinheiro e crimes financeiros em Mato Grosso.
Após a delação premiada do empresário, firmada com o Ministério Público Federal em setembro de 2018, Sérgio Ricardo moveu uma ação contra Marcos Tolentino na Justiça pelos crimes de calúnia e difamação. A primeira audiência do caso foi marcada para essa segunda-feira (22), na 10ª Vara Criminal. No entanto, o empresário não teria sido citado no processo e, portanto, não compareceu.
Ao falar com a imprensa após a audiência, Sérgio Ricardo chegou a chamar o delator de “picareta” e “marginal”, e garantiu que vai pedir o desentranhamento do contrato dos autos da operação Ararath, considerando que, segundo ele, o empresário teria confessado que tratava-se de um documento forjado.
De acordo com o conselheiro, a declaração teria sido feita ao próprio Ministério Público Federal. No entanto, o documento ainda não foi descartado. Segundo Sérgio Ricardo, a confissão teria sido feita depois que o conselheiro foi testemunha em um processo relacionado ao empresário na Justiça Federal, em outubro de 2018.
“Esse cidadão viu que a Justiça ia descobrir que esse contrato era fraudado. Após essa audiência na Justiça Federal, quatro dias depois ele procurou o Ministério Público Federal e propôs fazer a delação premiada”, disse.
E completou: “Na delação ele diz que, realmente, montou o contrato. Então, uma das provas que sustentou a ação contra mim e o meu afastamento é falsa. E então agora eu vou pedir o desentranhamento do processo. É mais uma mentira desse picareta, desse marginal, bandido, desse fraudador. Ele é um dos maiores fraudadores de precatórios do Brasil”.
Sérgio Ricardo foi afastado do TCE por determinação da Vara de Ação Civil Pública e Popular de Cuiabá, após denúncia do Ministério Público do Estado, em janeiro de 2017. Em setembro daquele mesmo ano, tornou a ser afastado, dessa vez pelo Supremo Tribunal Federal, que afastou cinco conselheiros.
A medida aconteceu na 12ª fase da operação, denominada Malebolge, em ação na qual os conselheiros foram acusados de terem recebido R$ 53 milhões em troca de darem autorização para continuidade em obras da Copa do Mundo.
Canal de TV
De acordo com as investigações, Sérgio Ricardo teria tentado comprar uma vaga no TCE, que seria do então conselheiro Alencar Soares Filho, por R$ 4 milhões. No entanto, o conselheiro teria desistido de vender a cadeira e devolveu o dinheiro. O valor teria sido utilizado, então, para comprar um canal de TV do empresário Marcos Tolentino.
Depois que assumiu a cadeira em 2012, por indicação da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), e após a deflagração da Ararath, Sérgio Ricardo teria procurado o empresário para firmar um novo contrato a respeito daquela venda da TV. Isso porque ele não queria ter seu nome vinculado ao negócio, em razão do cargo ocupado.
Segundo a delação de Marcos Tolentino, o conselheiro teria ido até Brasília (DF) para que o empresário assinasse esse novo contrato, pedido que foi negado por Tolentino. Com a negativa, Sérgio Ricardo teria feito ameaças a Tolentino e à sua família. O conselheiro nega as acusações.
O contrato foi entregue à Polícia Federal em 2015, ainda no âmbito da Ararath.
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