A estudante Letícia Tanzi, de 13 anos, morta a facadas em casa após discutir com o pai, que tinha acabado de sair da prisão, desabafou com amigos sobre a vida que levava em casa. Horácio Lucas Nazareno cumpria pena por estupro cometido em 2010, mas conseguiu o direito de recorrer em liberdade.
Ao sair da prisão, Horácio foi para casa e procurou a filha para que ela retirasse uma denúncia de estupro contra ele, feita depois dele ser preso. Como a adolescente se recusou, Horácio agrediu a mulher e matou a filha. Ele está foragido desde então, mas tem sido visto por moradores na zona rural da cidade.
morta a facadas em São Roque relatou abuso do pai em mensagem aos amigos
O G1 obteve com exclusividade nesta quarta-feira (17) conversas de Whatsapp em que a adolescente conta a amigos que viu quando o pai estuprou a tia, em 2010. A conversa aconteceu logo após a prisão dele, em 8 de junho.
"Cara, eu tinha quatro anos e eu vi tudo, ele fez na minha frente, na minha frente, cara. Eu tenho um ódio gigantesco dele por outros motivos também, mas enfim, isso não vem ao caso."
No mesmo áudio Letícia fala que sentiu alívio com a prisão do pai.
"E tipo, a minha mãe me ligou de madrugada contando [sobre a prisão], falando, e eu fiquei, tipo ‘mano, eu não acredito!’. Tipo, na hora foi meio que um choque, mas, ao mesmo tempo, um alívio."
Em seguida, ela fica desesperada ao falar que a mãe contratou um advogado para tirar o pai da prisão, mas mostra esperança ao acreditar que Horácio ficaria alguns anos preso.
"Mas, enfim, mano, mano, mano, minha mãe vai ter que gastar R$ 11 mil pra tirar ele de lá. Eu não quero que ele saia, eu não quero. Por mim, ele que fique lá. Mas sei lá, não sei, não sei. Por que, tipo, não sei se ele vai sair, porque vai ser um processo bem demorado, é capaz dele ficar alguns anos lá e, sei lá, eu sinceramente não quero morar mais em casa se ele voltar."
Ao contrário do que ela previu, no entanto, o pai foi solto apenas três meses depois de ser preso, ao receber o benefício de recorrer da condenação em liberdade.
'Pedófilo'
Em uma conversa obtida no celular de Letícia, ela conta a uma amiga que era abusada pelo pai desde 2017 e que a mãe nunca desconfiou dos abusos.
Em outro registro, um amigo que aparentemente conheceu Horácio comentou que ele parecia ser uma boa pessoa, e logo foi rechaçado por Letícia, que chamou o pai de "pedófilo". Ao ver a surpresa do amigo, ela explicou o que tinha acontecido e o que a levou a denunciar o pai por estupro. Confira abaixo:
Outra conversa mostra quando a vítima falou sobre os abusos sexuais para outro colega. Neste caso, Letícia contou que a mãe ainda não sabia disso e disse que não sabia como contar que também tinha sido estuprada.
A conversa também aconteceu dias depois da prisão de Horácio, e mais uma vez ela disse que estava em paz por estar longe do pai. Ela diz que o pai chegava em casa bêbado e batia na mãe. "Quebrava tudo", escreveu a adolescente:
Entenda o caso
A mãe da garota contou que, na noite do crime, o pai invadiu a casa da família. A intenção dele, segundo a mulher, era convencer a filha a retirar a denúncia sobre abuso sexual que teria sofrido. Quando a garota negou, ele ficou agressivo.
A primeira vítima atacada foi a mãe, Tamires Tanzi. O suspeito teria a agarrado pelo pescoço e depois dado soco no rosto dela. A dona de casa conseguiu fugir e correu até vizinhos para pedir socorro e chamar a polícia deixando a adolescente e um filho de seis anos na casa.
Neste momento, o homem teria atacado Letícia. Antes disso, trancou o filho mais novo em um quarto. A criança ouviu a agressão contra a irmã.
O garoto conseguiu sair do quarto e foi para a rua, onde encontrou a viatura policial e disse aos PMs que a irmã tinha sido morta pelo pai. A jovem chegou a ser levada para a Santa Casa da cidade, mas não resistiu aos ferimentos.
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