Deformado por contornos de arcos e curvas o vidro ladeia recortes de placas de metal e raízes contorcidas, delineando a proposta da Artéria dos Elementos, exposição do escultor Frede Fogaça. As peças estão dispostas no salão principal do Clube Feminino, que abriga a Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo, reinaugurando uma tradição do espaço, destinado à realização de eventos culturais e exposições. O coquetel de abertura acontece às 19h da sexta-feira (19) e a visitação, gratuita, se estende até o próximo mês.
Fogo, terra, água e ar inspiraram a produção abstrata a qual obedece à mostra, o estilo moderno se revela com mais força, dispensando interpretações rígidas. É por isso, que, segundo o artista, as obras não têm braço, perna ou cabeça. Exemplo explicitado pela carcaça de colchão de molas, que saiu do lixo e ganhou moldura para integrar o hall. A obra ainda não foi batizada e chama atenção por remeter a um portal no meio da grande sala.
“Quando peguei esse colchão pensei: o que eu faço com você?”, diz Frede. Processo semelhante aconteceu com a raiz de aroeira que se levanta sobre um pedestal de vidro. “Essa quase não tem interferência, já estava pronta. Quando a vi, imaginei aquelas cenas de desenho animado, quando várias coisas vão se juntando até se fundirem. Todo material pode ser transformado, nada é perdido, só depende do olhar.”
Há 20 anos no mercado, o artista conta que abandonou suas obrigações como empresário para se dedicar exclusivamente à arte. “Peguei todas as minhas profissões e direcionei para essa. Hoje eu vivo só disso, essas outras ocupações morreram, ficaram lá atrás.” A partir da renúncia, surgiram diferentes fases que contribuíram para que o trabalho chegasse ao que se vê agora, como a da sucata, do cimento e bronze.
Ao resultado soma-se o método produtivo, diretamente ligado ao uso de ferramentas, por vezes fabricadas por ele mesmo. Para o caso deste trabalho, especificamente, uma calandra chegou a ser erguida no galpão nos fundos de casa. É ela que permite a dobra e o corte do metal. “Eu sou fanático por ferramentas, porque sem elas você não faz nada. Tudo que eu vejo, eu quero comprar e quando não dá, eu mesmo faço.”
Frede também explica que há muito tentava realizar uma exposição, mas que o tempo vinha sendo consumido pelas obras feitas sob encomenda. Contemplado pelo edital do Conselho Municipal de Cultura em 2017, ele se viu então obrigado a dar uma pausa. “Graças a Deus eu não tenho parado de trabalhar, sempre tenho coisas para entregar. Com a aprovação do projeto, tive que fazer esse intervalo e produzir um pouco para mim mesmo.”
O titular da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo, Francisco Vuolo, lembra que foi o próprio artista que escolheu o local para a exposição, levando em consideração o tamanho das obras e o apreço pela história do Clube. De acordo com ele, o salão será decorado e estará aberto a visitação até o dia 19 de novembro, de 8h às 17h.
Vuolo também reforça a importância de receber o evento ali, uma vez que, antes de sediar a Pasta, o local costumava ser palco para esse tipo de iniciativa. Com os anos, contudo, o edifício passou por reformas e as mostras encontraram suporte por outros cantos da Capital, como Museu da Imagem e do Som (Misc). “Isso traz de volta e suas principais características desse prédio. É um excelente espaço que deve ser aproveitado para fomentar ao máximo as iniciativas culturais do município”, finaliza.
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