Vereadores são expulsos da Santa Casa; diretoria manda funcionários para casa

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O vereador por Cuiabá, Toninho de Souza (PSD), confirmou nesta terça-feira (16), que ele e mais dois colegas (Justino Malheiros - PV e Luis Claudio - PP) foram convidados a se retirar do hospital Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá nesta manhã. A confusão foi divulgada pelo ‘O Bom da Notícia’, com vídeos mostrando o empurra-empurra dentro da unidade hospitalar, paralisada há 35 dias.

De acordo com o vereador, o clima ficou tenso por conta do novo diretor, Luis Saboia, que estaria ‘muito alterado’ após reunião com os funcionários. Ocorre que ele teria mandado os colaboradores voltarem para casa, sem dar nenhum previsão do pagamentos dos sete meses de salários atrasados. O hospital acumula dívidas na ordem de R$ 118 milhões, entre salários e fornecedores, além de mais R$ 24 milhões à Prefeitura de Cuiabá, oriundos de serviços de saúde pagos, mas não prestados aos pacientes.

“Nós fomos lá para notificar a Santa Casa de uns documentos para a CPI que precisávamos. Na saída, nos deparamos com os funcionários que tinham acabado de sair da sala do Saboia, ele já teria sido agressivo com eles, e reclamaram conosco. Quando de repente o Saboia surgiu e nos chamou para ir na sala dele conversar, eu me recusei porque o Antônio Preza estava lá, e eu não tenho nada para falar com ele. Então, fomos convidados a nos retirar”, disse ele, se referindo ao ex-diretor do hospital Antônio Preza.

Toninho
Toninho se manifestou no Instagram pessoal contra Sabóia

A Santa Casa é uma empresa privada, formada por uma associação com sócios, cuja a lista não é conhecida. E ninguém sabe quem são realmente os sócios. A unidade presta serviços ao SUS. Os vereadores pediram que a Prefeitura de Cuiabá se manifestasse sobre a possibilidade de fazer uma intervenção no hospital, que tem 202 anos de existência. No entanto, Emanuel tem afirmado sistematicamente que recebeu orientação do Ministério Público Estadual para não fazer repasses ao hospital, pois poderia resultar em ação de improbidade administrativa.

“Nós cobramos do prefeito que tome uma decisão de hoje para amanhã. Ou ele chama a responsabilidade para a prefeitura, ou ele diz logo que a Santa Casa é uma instituição privada e que ele não tem nada a ver com isso. Ele tem que sair de cima do muro. Ele tem pedido de intervenção feito pela Câmara, que ele tem que decidir sobre ele. Enquanto não tomar uma decisão, gera expectativas”, disse Toninho.

Segundo a prefeitura, não há dívidas do município com a Santa Casa, no entanto, é a única fonte que pode trazer recursos ao hospital. Ocorre que a Assembleia Legislativa e a própria Prefeitura de Cuiabá ficaram de enviar cada um, um suporte de R$ 3,5 milhões à unidade, totalizando R$ 7 milhões. Até mesmo o Ministério da Saúde se manifestou sobre a disposição de ajudar o hospital, no entanto, foi solicitado um plano de gestão à diretoria ou a intervenção do Palácio Alencastro.

PACIENTES E FUNCIONÁRIOS À MINGUA 

A médica nefrologista pediátrica, Emmanuela Reis, disse ao O Bom da Notícia que o setor não recebe desde abril de 2018. O serviço de hemodiálise pediátrica, desde junho de 2018, mas uma ordem judicial da Vara de Infância e Juventude, determinou os pagamentos até dezembro. No entanto, em 2019, mais nada foi repassado aos setores.

“Temos hoje mil pacientes sem referência de tratamento ambulatorial, entre eles transplantados que necessitam de acompanhamento mensal. Muitos não tenho ideia de como estão, recebemos mensagens dos pais desesperados porque precisam de consulta. São crianças que têm desde um cálculo renal até pacientes transplantados. Gente do Estado inteiro, da Bolívia, do Pará. Pacientes sem retaguarda de internação ou emergência”. 

A médica afirmou que está há 12 meses sem receber salário da Santa Casa. “A gente está há 12 meses sem receber. Todo mundo acha que o médico não precisa receber salário, porque as vezes temos outros empregos. Já fazíamos esses atendimentos por caridade. A gente tinha um serviço completo de atendimento renal, e tudo se perdeu. Hoje não tem mais nada. Os transplantados não sabem para onde ir. Hoje temos em torno de 15 pacientes transplantados, que se passarem mal não têm para onde ir”, desabafou ela. 

SEM PREVISÃO

Levantamento divulgado pelo hospital demonstra dívida de R$ 10,9 milhões com funcionários e com os médicos de R$ 7 milhões. Já os prestadores de serviços, que são responsáveis por atividades como a realização de exames, têm R$ 6,1 milhões para receber.  

Os tributos e encargos trabalhistas somam R$ 30,3 milhões, já as ações trabalhistas que devem ser pagas chegam a R$ 1,2 milhão. Já as ações cíveis custam cerca de R$ 4 milhões. O valor total da dívida: R$ 118,1 milhões tem dentro deste montante pelo menos R$ 38 milhões que são as pendências da unidade hospitalar com os bancos. 

Até o fechamento desta matéria, a reportagem não conseguiu contato com a Prefeitura de Cuiabá, para saber se haverá algum tipo de manifestação do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).

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