'Você me representa', diz Witzel a ex-advogado de Nem em mensagem

Wilson Witzel posa com Luiz Carlos Cavalcanti Azenha
O candidato ao governo do Rio Wilson Witzel (PSC) teve expostas na manhã desta sexta-feira fotos e mensagens de sua relação com o advogado Luiz Carlos Cavalcanti Azenha , condenado por ajudar na fuga do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha. Durante debates eleitorais, o ex-juiz federal negou ter laços pessoais com Azenha, a quem classificou como apenas um de seus milhares de alunos. A revista "Veja" teve acesso ao material e conversou com o advogado, que diz ter participado da campanha do candidato e sido afastado após o crescimento de Witzel na disputa.


Em 2011, a polícia encontrou Nem da Rocinha no porta-malas do carro de Azenha, que tentou subornar os agentes para livrar o cliente e acabou condenado a três anos de prisão pelo caso. À "Veja", o advogado contou que manteve "durante anos uma relação profícua" com Witzel, que deixou a magistratura em fevereiro para se dedicar à política. "Em nome da amizade", Azenha teria se tornado "uma espécie de coordenador da campanha", pedido doações e organizado almoços e jantares para o concorrente do PSC.
Segundo a revista, as relações só esfriaram quando o candidato viu suas chances eleitorais crescerem. Witzel surpreendeu ao terminar o primeiro turno com 41,28% dos votos válidos. Ele lidera a corrida no segundo turno com 60%, segundo o Ibope. Neste cenário, Azenha contou que o então amigo bloqueou seu número no celular e mandou um recado por terceiros: "Que eu ficasse quieto, que depois a gente conversava e que me daria um cargo no governo". Com a mágoa, o advogado diz não querer mais ser amigo de Witzel.
Em uma das mensagens trocadas pelos dois no WhatsApp, Azenha lamenta que Witzel tenha ido embora de um evento antes de ouvir um elogio. "Você me representa", respondeu o ex-juiz ao advogado. Outra mensagem revela um convite do candidato, que estava em casa, ao amigo: "Quando quiser venha".
Uma terceira reprodução de conversa menciona uma transação financeira: "Não vou depositar, pode passar aqui?", questiona Witzel. Segundo a Veja, Azenha atribui este pagamento à assessoria que prestou ao amigo, contratado pelo ex-secretário dos governos Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão que foi acusado na Operação Lava-Jato. Para a revista, o advogado disse que o ex-juiz "é pior que o Nem".
Há uma semana, a revista Época mostrou que, quando foi noticiada a relação dos dois, Witzel logo se prontificou a dizer que Azenha era apenas um "ex-aluno". Em mensagens com amigos, o advogado lamentou o comportamento e revelou ter sido impedido de falar . Disse que foi "a pessoa que iniciou e levou ele (Witzel) em todos os cantos deste estado acreditando nele". "Na verdade, existem valores para a minha pessoa maior (sic) que o poder", lamentou Azenha.
O adversário de Witzel no segundo turno, Eduardo Paes (DEM), gravou um vídeo a eleitores para criticar que o rival tenha mentido nos debates sobre a relação com Azenha. O ex-prefeito do Rio lembrou a fuga do Nem da Rocinha e ressaltou que já havia apontado o elo entre o ex-juiz e o advogado durante a campanha. O candidato ressaltou ainda o serviço que Wiztel teria prestado para Hudson Braga, "que foi pego em todas as maracutaias da Lava-Jato".
- A gente vem falando dessas relações íntimas já há algum tempo. Hoje a Veja mostra claramente, o advogado resolve falar dessas relações. Mostra que são amigos íntimos há muito tempo (...) E o Witzel negando, dizendo o tempo todo que a relação era de professor e ex-aluno (...) A gente vai conhecendo aos poucos quem é esse personagem obscuro que eu estou enfrentando nas eleições. Está na hora de o Rio acordar e ver quem é que tem ligações com criminosos da Lava-Jato - disse Paes no Twitter.
Procurada, a campanha de Witzel disse que ele deve se pronunciar na agenda que o candidato tem à tarde com arcebispo da Arquidiocese do Rio, Dom Orani Tempesta.
EXTRA

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