
Mais de mil pedidos para registro de novas armas chegaram à Polícia Federal em Mato Grosso nos primeiros 6 meses deste ano. Conforme dados fornecidos pela instituição, entre janeiro e junho, foram 1.071 processos, o que aponta um aumento significativo em relação ao ano passado, quando foram registradas 957 novas armas durante todo ano. Mato Grosso tem hoje 20.755 registradas na PF.
Professor universitário e especialista em segurança pública, Teobaldo Winter explica que o armamento da população é reflexo da crise na segurança pública e do sentimento equivocado de que arma garante segurança. “Na verdade, ela tem mais chances de ser um instrumento para crimes, uma vez que ninguém invade a casa de ninguém despreparado”.
Conforme Winter, que também é presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, existe uma série de informações propagadas em veículos de comunicação e redes sociais que defendem a morte como solução para todos os problemas. “Isto é um pensamento errado. As únicas coisas que resolvem são políticas públicas eficientes”.
Segundo ele, neste cenário, fica evidente a tentativa de alguns grupos de estimular a “justiça com as próprias mãos”. “As pessoas não estão estimulando a justiça. O nome disto é vingança, que gera vingança e começa um ciclo interminável”.
Na opinião de Winter, a população deve ficar atenta ao comportamento dela, uma vez que matar alguém é crime no Brasil e a defesa deste tipo de ação como solução para os problemas é sinônimo de degradação humana. “Ter um líder que quer matar como solução será uma derrota para raça humana”.
Quanto custa uma arma? – Vale lembrar que o armamento legal da população não é coisa para qualquer um, tanto pelas exigências legais como pelo valor. Uma pesquisa de mercado feita pela reportagem mostra que não é possível ter um registro de arma por menos de R$ 5,6 mil.
No site da PF, consta a taxa de registro de R$ 60 e os locais autorizados para fazer os testes de aptidão psicológica, cujo valor médio é R$ 467 (tabela consta valor entre R$ 280 e R$ 655,36), e de aptidão técnica, com média de R$ 145 (preço varia de R$ 90 a R$ 200 de acordo com o calibre da arma e os apetrechos de segurança utilizados). Isto tudo, sem contar a arma, que na versão mais simples e em conta não sai por menos de R$ 5 mil.
Delegado regional-executivo da PF em Mato Grosso, Sérgio Sadão Mori explica que não existe nenhuma pesquisa que justifique este aumento, mas que os pedidos de registros têm um público difuso, de faixas etárias e justificativas diversas. “No caso do registro, geralmente a PF concede se o interessado atender todos os requisitos. Já no caso de porte, os critérios de concessão são mais restritos”.
Mori explica que antes de ir ao posto da PF, as pessoas devem procurar o site e juntar todos os documentos exigidos e ainda se certificar de que atendem os requisitos. A ação é para impedir que o cidadão perca tempo ou congestione o atendimento da instituição, que tem uma quantidade de senhas limitadas por dia.
O primeiro passo a ser tomado por quem está interessado em ter um registro de armas é apresentar os documentos pessoais, o nada consta em relação aos antecedentes criminais e também o teste de aptidão psicológica, feita por um profissional credenciado pela PF.
De posse dos papéis, a pessoa deve entregá-los à polícia e se encaminhar para a segunda fase, o teste de aptidão técnica, que só pode ser marcado após autorização do órgão de segurança.
Depois de toda habilidade comprovada, a PF emite uma autorização de compra e um guia de transporte, para portar a arma no percurso entre a loja e a residência do proprietário. “Temos que deixar claro que o registro não é porte. Ou seja, não é porque a pessoa foi autorizada a comprar um revólver que pode andar com ele por aí”.
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