A investigação da operação “Red Money” desmontou um engenhoso esquema de arrecadação de dinheiro desenvolvido pela principal facção criminosa do Estado, Comando Vermelho, cujos capitais são oriundos de pagamento de mensalidade de faccionados e traficantes e taxas de falsa segurança em comércios. Outra fonte de renda vem de crimes articulados de dentro dos presídios como roubos e furtos de veículo e agências bancárias, tráfico de drogas e estelionatos.
A operação já cumpriu 83 mandados de prisão. Para a ação policial, deflagrada nesta quarta-feira (08), pela Polícia Judiciária Civil, a Justiça expediu mais de 230 ordens judiciais, sendo 94 mandados de prisão preventiva, 59 buscas e apreensão, 80 ordens judiciais de bloqueios de contas correntes, além de sequestro de bens (veículos, joias, imóveis urbanos e rurais) e valores.
No período de um ano e meio (01/06/2016 a 18/01/2018), entre entradas e saídas de 44 contas investigadas na operação, foram identificados movimentação de aproximadamente R$ 52 milhões.
Segundo a investigação, a facção arrecada por mês cerca de R$ 170 mil e mais de 1,2 milhão, por ano, com as mensalidades pagas pelos faccionados, fora outras fontes de sustentabilidade da facção criminosa.
O montante é usado no enriquecimento ilícito das principais lideranças com a compra de veículos de alto valor, propriedades rurais e urbanas. Carros luxuosos são ostentados pelas mulheres das lideranças, que são bancadas com o dinheiro da atividade criminosa.
No alto escalão financeiro da facção estão: Francisco Soares Lacerda (Brasília) e Jonas Souza Gonçalves Junior (Batman), sendo este último dono da empresa JJ.Informática, constituída com fins de lavagem do dinheiro das ações criminosas. Os dois, assim como outras lideranças e colaboradores, tiveram mandados de prisão preventiva cumpridos hoje na operação Red Money.
São 94 mandados de prisão (30 alvos estão dentro de presídios), 59 mandados de busca e apreensão e 80 ordens judiciais de bloqueio de contas correntes, e outras medidas cautelares de sequestro de bens e valores (uma fazenda no município de Salto do Céu, duas casas e um terreno em Cuiabá, dois caminhões e cinco automóveis) e interdição de duas empresas. As ordens foram deferidas pelo juiz de direito, Marcos Faleiros da Silva, da 7ª Vara Criminal – Vara Especializada do Crime Organizado.
De acordo com o delegado geral da Polícia Judiciária Civil, Fernando Vasco, foi necessário mudar a estratégia de combater os faccionados, não somente prendendo-os, mas também descapitalizado as organizações criminosas, com bloqueio de bens e valores, e, assim, desestruturando sua base financeira.
“Fazemos a repressão qualificada diariamente pelas unidades da capital e do interior. Mas a prisão se mostrou insuficiente para fazer com que esses indivíduos deixassem de deixassem de praticar crimes. Temos que agir contra o patrimônio dessas facções e com essa operação avançamos um degrau no combate ao crime organizado”, ressaltou.
O secretário de Estado de Segurança, Gustavo Garcia, lembrou a repressão qualificada desenvolvida pelo sistema de segurança pública de Mato Grosso, sedimentada no enfrentamento técnico e especializado das instituições.
“Esta operação demonstra a força do nosso sistema de segurança pública, que de forma integrada, planejada e com apoio da atividade de inteligência, vem dando resposta as ações realizadas por facções criminosas. Este enfrentamento técnico e especializado é imprescindível para redução dos índices de criminalidade no Estado, sobretudo, os praticados mediante emprego de violência, como os roubos e homicídios”, disse.
O diretor de Inteligência da Polícia Judiciária Civil, Juliano Carvalho, destaca a importância do trabalho desenvolvido pelo Laboratório de Tecnologia de Combate a Lavagem de Dinheiro da PJC ao longo de toda a operação. “Para alcançar eficácia na repressão à criminalidade é fundamental atacar a base financeira das organizações criminosas, agindo com a apreensão de veículos, arresto (sequestro) de contas bancárias, joias e imóveis urbanos e rurais (fazendas).
O trabalho do laboratório não se restringe a crimes de corrupção ou organização criminosa, mas também auxilia os trabalhos investigativos de diversas modalidades criminosas, como delitos de estelionato, furto, tráfico de drogas, roubo, entre outros, buscando a recuperação de ativos financeiros adquiridos de forma ilícita.
Parcial da operação
Até o momento, a operação, que está em andamento, contabiliza 58 veículos apreendidos (automóveis, caminhonetes, motocicletas e caminhões), além de joias, R$ 51 mil, em espécie e R$ 305 mil em cheques. As apreensões, ocorridas tanto na região metropolitana quanto no interior, ainda estão sendo contabilizadas para divulgação posterior.
Apoio
A operação denominada “Red Money” é coordenada pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil juntamente com a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), com apoio da Gerência de Operações Especiais (GOE), da Diretoria de Interior – núcleos de inteligência das Delegacias das Delegacias de Cáceres, Barra do Garças, Água Boa, Juína, Sinop, Primavera do Leste, Rondonópolis, Tangará da Serra, Guarantã do Norte, Pontes e Lacerda) -, Núcleos de Inteligência da Delegacia Especializada de Entorpecentes (DRE) e Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos Automotores (Derrfva), além de colaboração da Polícia Civil dos estados do Pará e Mato Grosso do Sul.
A ação conta também com o apoio da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e do Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAer).
(Com assessoria)
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