Defesa de cabo alega fadiga e pede novo interrogatório à Justiça

Audiência do cabo Gerson Corrêa ocorreu de madrugada; ele foi o único a admitir esquema em MT

O cabo Gerson Corrêa confessou participação em esquema

A defesa do cabo da Polícia Militar Gerson Corrêa, réu da ação penal que apura o esquema de grampos ilegais operado em Mato Grosso, entrou com pedido para que ele seja reinterrogado.

Ele foi ouvido na audiência conduzida pelo juiz Murilo Mesquita, da 11ª Vara Militar do Fórum de Cuiabá, realizada no dia 27 de julho, que durou mais de 15 horas.

Na ocasião, além do cabo, foram ouvidos o ex-comandante da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa; os coronéis da PM Evandro Alexandre Lesco e Ronelson Barros; e o ex-chefe da Casa Militar, o coronel PM Januário Batista.

A defesa do cabo, realizada pelos advogados Thiago de Abreu Ferreira e Neyman Augusto Monteiro, protocolou o pedido para um novo interrogatório no dia 3 de agosto, na Vara Militar.


Após o acesso ao interrogatório e minuciosa análise, tanto do interrogado bem como de seus defendentes, restaram prejudicados alguns pontos a serem melhor esclarecidos e explicitados tanto para o órgão acusador bem como ao magistrado e os juízes coronéis

Eles alegam que o depoimento do réu pode ter sido prejudicado pelo adiantado das horas.

O cabo começou a depor ao Juízo às 23h50 de sexta-feira (27). O interrogatório só foi finalizado às 5h20 de sábado (28), o que trouxe, conforme a defesa, “adiantado estado de fadiga”.

“Após o acesso ao interrogatório e minuciosa análise, tanto do interrogado bem como de seus defendentes, restaram prejudicados alguns pontos a serem melhor esclarecidos e explicitados tanto para o órgão acusador bem como ao magistrado e os juízes coronéis”, consta no pedido de defesa.

Dos quatro réus interrogados ao longo da audiência, cabo Gerson foi o único que admitiu o crime de interceptação ilegais, por meio de um esquema conhecido como "barriga de aluguel" - que consiste na inserção de telefones de pessoas que não são alvos de investigações policiais, de forma disfarçada, em pedido de quebra de sigilo telefônico feito à Justiça.

“O seu reinterrogatório é imprescindível - como foi o anterior, onde foi o único que buscou a mostrar a verdade da ‘grampolândia pantaneira’ invocou o princípio constitucional da ‘busca da verdade real’ - neste momento para melhor esclarecer os fatos e também para objetivar os benefícios do acusado Gerson Luiz Ferreira Correa Junior sob pena de cerceamento de defesa”, alega a defesa.

Durante o interrogatório realizado no dia 27 de julho, o cabo Gerson apontou que o mandante das interceptações ilegais no estado era o ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques, e deu a entender que os atos foram praticados a mando do primo dele e governador do Estado, Pedro Taques (PSDB).

“Os donos disso aqui [interceptações telefônicas] são Paulo Taques e o governador Pedro Taques”, disse em seu depoimento.


Com a afirmação a defesa ainda pede ao Juízo para que haja oitiva com Paulo Taques e com o governador. Paulo chegou a ser arrolado como testemunha no processo, mas foi dispensado pelo Conselho de Sentença da Justiça Militar.


A defesa também pede pelo reinterrogatório do empresário José Marilson, testemunha do caso.

Ele é ex-sócio-proprietário da Empresa Simples IP e foi o responsável pelo desenvolvimento do Sistema Sentinela, e utilizado pelo falso Núcleo de Inteligência da Polícia Militar para a prática de interceptações telefônicas clandestinas.

Cabo Gerson contou em seu depoimento que Marilson tinha interesse comercial na criação do programa.

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