Antero assume a 10ª disputa eleitoral

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Antero Paes de Barros, 65 anos, jornalista e radialista. Com 9 campanhas como marqueteiro, irá para a sua décima disputa com a missão de tentar eleger o ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (DEM) ao governo e Jayme Campos (DEM) ao senado.
Sua trajetória na política se iniciou após cobrir os bastidores de política na Assembleia Legislativa (ALMT), quando foi convidado pelo então deputado estadual Dante de Oliveira (já falecido) a se filiar ao MR-8 – Movimento Revolucionário Oito de Outubro -, que atuava dentro do antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Disputou a sua primeira eleição em 1982, quando foi eleito vereador por Cuiabá. Já em 1985 faz a sua primeira campanha como marqueteiro político, elegendo Dante de Oliveira prefeito de Cuiabá. Já em 1988 foi o marqueteiro do coronel José Meirelles, perdendo a sua única disputa como marqueteiro.
Em 1992 volta a eleger Dante de Oliveira para a prefeitura da Capital. Em 1994 disputa a eleição para senador, porém, acaba sendo derrotado. Foi secretário-chefe da Casa Civil do estado do Mato Grosso já na gestão Dante, em 1997, e secretário de Comunicação Social até abril de 1999. No mesmo ano é eleito com 469.179 votos ao cargo de senador, exercendo a função até 2006.
Em 2004 foi responsável pela eleição de Wilson Santos (PSDB) a prefeitura de Cuiabá, quando assumiu o marketing de campanha no segundo turno e reverteu uma diferença de mais de 20 pontos percentuais nas pesquisas. Em 2008 voltou a ser o responsável pelo 2º turno da campanha de Wilson, conseguindo reelegê-lo.
Também perdeu as eleições para o governo em 2002 e 2006. Já em 2010 foi derrotado ao senado. Em 2012, Antero assume a campanha de Mauro Mendes no 2º turno das eleições para a prefeitura de Cuiabá, sendo vitorioso. Assim como em Sinop, quando elegeu Juarez Costa (MDB) ao cargo de prefeito.
Nas últimas eleições foi o responsável pela publicidade da campanha do atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), vencendo no 2º turno.
– Qual o segredo para ser um marqueteiro de sucesso?
– Primeiro, eu não me considero marqueteiro. Eu sou jornalista e faço comunicação política. E nisso sempre fiz o marketing com conceitos do jornalismo. Outro fator da minha trajetória é que não aceito que a gente minta. A mentira é companheira da derrota. Não abro mão disso. Até acho que tenho duas incapacidades: a primeira é não atacar a vida pessoal de ninguém e não admito mentir na campanha eleitoral. E se mentirem é porque eu não sabia. Porque comunicação é verdade.
– O marketing político engana as pessoas, o eleitor?
– Não acredito. Até porque o produto das propostas é do candidato e não do marketing. Na minha opinião não engana, pelo menos nas campanhas que faço, não. O que pode acontecer às vezes é que o candidato acaba não cumprindo o que prometeu. Mas aí é um problema dele e não do marketing.
– Como vê essas propostas que candidato apresenta e depois não cumpre?
– Como cidadão, todas as campanhas que fiz e das quais participei, todas as propostas apresentadas poderiam ter sido cumpridas. Até porque se tiver uma proposta irreal, eu serei o primeiro filtro. A gente questiona para mostrar que ela não tem como ser cumprida.
– Como o senhor se sente ao ver pessoas para as quais o senhor fez o marketing envolvidas em escândalos?
– Eu sempre pergunto para as pessoas se existe algum problema desse tipo. Porque como vou trabalhar com o marketing eu preciso saber dos problemas que poderão surgir. Todos os defeitos vêm à tona numa eleição. Agora muitas vezes eles não falam ou ocultam. Mas na maioria das vezes, falam. Até porque precisamos responder tudo com a verdade.
– Já se negou a trabalhar para alguém por envolvimento em escândalo e corrupção?
– Não. O que já neguei foi a um candidato queria me contratar para disputar uma eleição. E a pesquisa qualitativa mostrava que ele não tinha nenhuma chance. Ele insistiu, mas eu não aceitei. Mas não por questões morais e sim porque a pesquisa mostrava que ele não teria a menor chance. E ele acabou perdendo.
– Na última eleição o senhor foi responsável pela campanha do atual prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). O vídeo em que ele aparece recebendo maços de dinheiro te chocou? Te deixou decepcionado?
– Eu tinha perguntado quais os problemas que ele tinha. E ele disse que não tinha nada. Não relatou nada. Durante a campanha surgiu o caso Caramuru, que todos lembram. Mas foi apresentado de uma maneira truncada. E aí a gente aproveitou esse erro do adversário e trabalhamos na defesa com base no que o adversário apresentou. Fizemos a defesa e Emanuel foi eleito. Com relação ao vídeo do pelató, ninguém sabia durante o período eleitoral. Depois que ele virou prefeito é que surgiu. Eu fiquei chocado, porque também fui eleitor do Emanuel. E o procurei no outro dia do vídeo, até para sinalizar para ele uma proposta de resposta. Ele não aceitou. Eu perguntei se ele queria brigar com aquelas imagens. Defendia uma outra linha de defesa e não essa que ele tomou. Eu me sinto triste com esse episódio, chocou todo mundo e inclusive a ele.
– Neste ano as eleições terão teto de gastos e menor tempo de rádio e televisão. O desafio aumenta?
– Primeiro desafio dessa eleição é conseguir levar o eleitor para a urna. Motivá-lo para votar. Quem está disposto a mudança, precisa fazer um esforço maior para que o eleitor vote. Outro ponto é trabalhar com muito menos pessoas. Só para lembrar, na campanha do Pedro Taques (2014) nós trabalhamos com 90 pessoas envolvidas. Dessa vez teremos menos que 30. Porque as verbas serão bem menores, o que fará contratar bem menos gente. Simplesmente não vai dar para manter a mesma estrutura das eleições passadas, porque os recursos não vão dar. E o tempo para propaganda é bem menor. Não sei porque os políticos prejudicaram a eles mesmos.
– Com esse menor tempo, o marketing nas redes sociais será decisivo nestas eleições?
– As redes sociais serão muito importantes nestas eleições. Muito mais que em 2014 e 2016. Mas acredito que a televisão e rádio é que serão decisivas.
– O marketing elege qualquer candidato?
– Não, não existe isso. Pirmeiro que a história do candidato e a obra do candidato são fundamentais para o seu sucesso político. O Duda Mendonça, que é considerado o papa do marketing político, já perdeu eleição no Brasil inteiro. João Santana tembém perdeu muitas eleições. Estou citando os dois porque eles são considerados os papas da comunicação política. Então o candidato é o essencial para o sucesso eleitoral. O marketing ajuda, apenas isso. Eu sempre tive bons candidatos. O Dante era extraordinário. Wilson Santos era bom como o Emanuel Pinheiro. O Mauro é um excelente candidato. O Pedro Taques, quando estava bem avaliado, era um ótimo candidato. Tive muita sorte.
– Aos seus adversários de marketing nesta eleição, qual o recado o senhor manda para eles?
– Sucesso a todos, mas que os nossos candidatos sejam vitoriosos. Farei campanha para o Mauro Mendes e para o Jayme Campos. É isso.

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