Regionalismo encontra tradição em política que fomenta a produção cultural local

POR: RAFAELA GOMES CAETANO
Enaltecer as raízes da cuiabania, projetando os holofotes no vasto leque de artistas locais dispersos pela Capital, é o que compõe a essência do trabalho desenvolvido pela Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo. Com uma política de incentivo às mais diversas manifestações artísticas produzidas por gente desta terra – estabelecida mediante a Lei complementar nº 273, de dezembro de 2011 -, a pasta dedica seus esforços e recursos para fazer com que vozes até então não ouvidas reverberem grandiosamente.
E em 2018, esta máxima se concretiza a partir de 31 perspectivas distintas, estampadas por artistas cuiabanos em sete tipos de segmentos. Produções de cunho audiovisual, cultura popular, patrimônio, artes cênicas e visuais, música e literatura ganham novas reconfigurações, com um apurado olhar ribeirinho que transcende a evidente dinâmica das comunidades que fundaram a cuiabania. Indo além, observando de perto os maneirismos e simbolismos nascidos em Cuiabá, estes profissionais contam novas histórias, valorizando aquilo que só se encontra em Mato Grosso.
“Os projetos aprovados pelo edital proposto em 2017 estão ganhando forma, à medida que também encontram seus respectivos públicos, espalhados pelos quatro cantos da nossa cidade. Com R$ 535 mil investidos em 31 iniciativas, a política de incentivo já gera uma nova compreensão do nosso regionalismo, expressa em curtas metragem, manifestações culturais integrativas nas praças, intervenções de ritmos musicais contemporâneos, oficinas de educação patrimonial e formação de contadores de histórias. Com um leque abrangente de conteúdos, a Prefeitura está investindo na arte produzida aqui, trazendo à luz personalidades criativas que até então não possuíam espaços. E ao empregarmos recursos da Fonte 100, garantimos que os impostos pagos pelo cidadão sejam devolvidos a ele, em forma de serviços e ações culturais que o envolvam na dinâmica social da Capital. É uma alegria poder acompanhar todo esse processo, com a certeza de que novos artistas performáticos estão sendo consolidados, com a perspectiva de crescerem e alcançarem novos povos e tradições”, afirmou Francisco Vuolo, secretário municipal de Cultura, Esporte e Turismo.
Monitorado pela Coordenadoria de Projetos Culturais da pasta e também sob o acompanhamento do Conselho Municipal de Cultura de Cuiabá, a política de estímulo visa muito mais que investir na arte local. Encurtando distâncias entre a população e a gestão pública, esta poderosa ferramenta é uma grande fagulha que ajuda a manter acesa a chama de que produzir arte em Cuiabá é possível e viável. Financiando projetos que variam de R$ 10 mil a R$ 30 mil – na edição mais recente, este instrumento de fomento faz com que sonhos saiam do papel e gerem um impacto duradouro na vida da população. Por levar música de boa qualidade, curtas documentários com narrativas palpáveis e identificáveis e literatura reflexiva, os projetos aprovados vão além da simples execução de uma ideia. Plantar sementes do conhecimento, desbravar novos desafios e promover debates genuínos são as marcas de cada proposta contemplada.
“Temos um critério rigoroso de escolha, pois visamos um objetivo que não se centraliza em apenas valorizar o que é feito aqui. A arte tem poder para mudar, reconfigurar contextos e confrontar e queremos que cada peça aprovada exerça isso. Queremos que o povo cuiabano conheça sua história pela visão criativa de artistas, assim como desejamos que algo diferente seja manifestado na vida de cada pessoa direta e indiretamente impactada pelo o que fora desenvolvido. Com a perspectiva dos 300 anos em mente, sabemos que esses talentos querem expressar seu amor pela nossa terra, mas acreditamos no potencial transcendente que a arte possui, extrapolando uma marca histórica. É também esse o propósito do prefeito Emanuel Pinheiro, que encara as manifestações culturais como parte fundamental da semiótica, com seus signos que expressam a comunicabilidade de um povo”, refletiu Edmilson Marques de Moraes, analista de projetos da Secretaria Municipal de Cultura.
Para que a arte encontre o seu público, alguns critérios didáticos são necessários neste processo. Por se tratar de obras executadas com recursos públicos, a prestação de contas é um artifício sine qua non. Com o objetivo de facilitar o trabalho dos 31 artistas contemplados, a Prefeitura realizou uma capacitação com os autores, que também receberam uma cartilha direcionada, desmistificando os trâmites burocráticos. O rigor na qualidade cultural, aliado ao rigor técnico, é a garantia de que iniciativas como o curta documentário, “Mestre Ignacio Rasqueado Baú”, sejam futuramente contempladas pelos cuiabanos. Este detalha a história desse ícone regional, expressando sua música pelo cinema, que vai apresentar como o musicista conseguiu ser o divisor de águas da musicalidade cuiabana. Além deste projeto, de autoria de Josemarie, muitas outras narrativas vão encantar o povo cuiabano.
“As iniciativas visam promover uma profunda conexão sociocultural, despertando um afinco e amor pela arte. E nesses projetos (alguns já estão sendo executados – como é o caso do espetáculo ‘Rebuça Lamba Mato Grosso’), temos temáticas como o Hip Hop Contemporâneo, que vai atrair a periferia para o centro da cidade, por meio de oficinas-aulas e palestras. Teremos também a formação de contadores de histórias, ideal para professores da educação básica e do ensino fundamental e que acontecerá nos dias 02,09,16 e 23 de junho, na UFMT. Já no segmento de literatura, o livro ‘Sabiapoca’ é a obra escrita por Aclyse de Matos, que visa envolver e conscientizar o público infanto-juvenil sobre a importância da conservação ambiental, a partir da história de um passarinho. Além disso, ‘Cuiabá com Arte de Rua’ é a proposta ousada de Odete Venâncio, que visa a ocupação de cinco espaços públicos com instalações artísticas, cujos desenhos possam interagir com o conceito de espaços de convivência, como jardins, hortas urbanas, praças e parques infantis. Enfim, é uma rica programação gratuita, que mudará a maneira como o cuiabano olha para si, enquanto alguém que também é fruto de seu regionalismo, bem como para a arte produzida aqui”, concluiu Michele Cruz Silveira, coordenadora de projetos da Secretaria de Cultura.

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