
O advogado e ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, garantiu há pouco que tem "muita gente mentindo" sobre as fraudes no Detran de Mato Grosso que de acordo com a Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) e o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) chegaram a de R$ 30 milhões dos cofres públicos estaduais. Taques foi um dos presos ontem na segunda fase da "Operação Bereré", denominada de "Bônus.
Detido no Centro de Custódia de Cuiabá, o primo do governador Pedro Taques (PSDB) chegou a sede do Gaeco para prestar depoimento questionando as afirmações dos delatores de ter recebido cerca de R$ 3 milhões no esquema. “Estou absolutamente tranquilo. Como eu já disse, pelo que eu pude ver no pedido, na decisão, alguém disse para alguém, que contou para o Ministério Público, que pediu dinheiro em meu nome. Tem muita gente falando coisas que não são verdade. Espero que tudo seja esclarecido”, disse.
Segundo as investigações, Paulo Taques recebeu R$ 2,6 milhões de um dos proprietários da EIG Mercados, José Ferreira Gonçalves Neto, para manter o contrato e o esquema ilegal com o Governo do Estado. As fraudes vinham ocorrendo desde o fim do segundo mandato do ex-governador Blairo Maggi, em 2009, e continuaram na gestão Pedro Taques que chegou ao Poder Executivo de Mato Grosso em 2015.
O ex-Chefe da Casa Civil foi preso na última quarta-feira (8) em decorrência da operação “Bônus”, 2ª fase da “Bereré”, que apura as fraudes no Detran. Além de Taques, foram presos o deputado estadual Mauro Savi (PSB), o também advogado Pedro Jorge Zamar Taques (irmão de Paulo), além dos representantes das duas empresas que estariam por trás dos desvios e lavagem de dinheiro - Claudemir Pereira dos Santos e Roque Anildo Reinheimer, ex-sócios da Santos Treinamento, e o ex-CEO da EIG Mercados, Valter José Kobori.
OPERAÇÃO BÔNUS
De acordo com as investigações, o deputado estadual afastado Mauro Savi (PSB) era o líder de um esquema que envolveu empresários e políticos notórios no Estado. O inquérito policial narra desvios promovidos por uma empresa (EIG Mercados) que prestava serviços ao Detran no registro de financiamento de veículos em alienação fiduciária, além de uma outra organização (Santos Treinamento) que lavava o dinheiro desviado.
O inquérito aponta que a EIG Mercados – que no início dos desvios, em 2009, chamava-se FDL Serviços -, repassava em torno de R$ 500 mil por mês de verbas obtidas pelo serviço que presta ao Detran de Mato Grosso por meio da Santos Treinamento. A empresa era uma espécie de “sócia oculta” nos trabalhos realizados ao departamento estadual.
O dinheiro chegava a políticos notórios do Estado - como o ex-governador Silval Barbosa, o deputado estadual Mauro Savi, além do ex-deputado federal Pedro Henry -, por meio de depósitos bancários e pagamentos em cheques promovidos pelos sócios da Santos Treinamento, como Claudemir Pereira, também conhecido como “Grilo”.
Além de Mauro Savi e Paulo Taques, também foram presos na última quarta-feira os sócios da Santos Treinamento, Claudemir Pereira dos Santos e Roque Anildo Reinheimer, o ex-CEO da EIG Mercados, Valter José Kobori, e o irmão de Taques, e advogado, Pedro Jorge Zamar Taques.
O Gaeco deve colher os depoimentos nesta quinta-feira de Mauro Savi, do ex-Chefe da Casa Civil, Paulo Taques, e os empresários Claudemir Pereira dos Santos e José Kobori. O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT), Eduardo Botelho (DEM), não foi alvo da operação “Bônus”, mas seria ouvido pelo órgão na próxima sexta-feira (11) em razão de também já ter sido sócio da Santos Treinamento entre setembro de 2010 e abril de 2013. Ele, no entanto, não deve ir a oitiva em razão de estar cumprindo agenda fora do Estado.