
O empresário do ramo de factoring, Celson Luiz Duarte Bezerra, foi preso em Cuiabá nesta sexta-feira (11) por determinação do juiz da 5ª Vara Federal em Mato Grosso, Jeferson Schneider. Ele é réu numa das ações derivadas da operação “Ararath” e chegou a ser preso em flagrante novembro de 2015 por obstrução a Justiça.
Bezerra, que saiu da 1ª prisão em junho de 2016, cumpria medidas cautelares, como não se ausentar da comarca da capital sem autorização judicial. Há cerca de 1 mês, recebeu autorização para ir a São Paulo com a justificativa de fazer um tratamento médico.
Policiais federais, que monitoravam o empresário em SP, porém, verificaram que ele não chegou nem a se consultar com um médico, mesmo apresentando um atestado para provar a suposta visita. A suspeita é de que ele tenha participado de reuniões, supostamente, profissionais.
O magistrado considerou o fato como obstrução a Justiça e determinou uma nova prisão do investigado. Celson Bezerra foi levado ao Centro de Ressocialização de Cuiabá, antigo presídio do bairro Carumbé. Ele não possui nível superior.
OBSTRUÇÃO A JUSTIÇA
A primeira prisão de Celson Luiz Duarte Bezerra ocorreu no dia 26 de novembro de 2015 durante a deflagração da 8ª fase da operação “Ararath”, que apura crimes contra o sistema financeiro nacional perpetrados por uma quadrilha – composta pelas cúpulas das gestões dos ex-governadores Blairo Maggi e Silval Barbosa -, e que teria movimentado R$ 500 milhões.
Na ocasião de sua prisão, o empresário do ramo de factoring tentou obstruir à Justiça. Alvo de um mandado de busca e apreensão, ao perceber que os agentes vigiavam sua residência, Celson mandou uma funcionária sair pelos fundos da sua casa num condomínio de luxo em Cuiabá, com uma mochila repleta de documentos.
Ao ser abordada, a funcionária confirmou que tentava se evadir do local a mando do patrão. Diante disso, foi lavrado o flagrante.
A ação que cita o envolvimento do empresário no esquema da “Ararath” está em segredo de justiça. No entanto, de acordo com informações do Ministério Público Federal (MPF), Celson Luiz Duarte Bezerra é suspeito de ser um dos “laranjas” do operador do esquema, o ex-secretário de Fazenda, Eder de Moraes, que estaria ocultando seu patrimônio colocando-os em nome de outras pessoas.
De acordo com a decisão de Jeferson Schneider – que também ordenou a prisão do empresário em novembro de 2015 -, o imóvel onde Eder reside com a família, num condomínio de luxo em Cuiabá, e que na época estava registrado no nome do filho de 11 anos do ex-chefe da Sefaz-MT, teria pertencido a um dos filhos de Bezerra.
O magistrado disse que a casa foi vendida “duas vezes em um único dia”, conforme trecho da decisão à época. “No mesmo dia, 19 de abril de 2012 o imóvel identificado foi vendido por Renan Luiz Mendonça Bezerra duas vezes, por meio de escrituras públicas, pelo valor de R$ 41,7 mil, e outra para V.D.C.D, menor de idade (11 anos), filho do acusado Éder de Moraes Dias e Laura Tereza Costa, pelo valor de R$ 300 mil. Portanto, em um único dia o mesmo imóvel foi vendido duas vezes, para pessoas diferentes, por valores absolutamente distintos”, diz a investigação.