AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
DA REDAÇÃO
Deputado, ele tinha o sonho de seguir os passos do pai e comandar a Assembleia Legislativa de Mato Grosso pelos próximos dois anos. No entanto, por força das circunstâncias políticas, foi alçado a candidato à Prefeitura de Cuiabá.
Emanuel Pinheiro (PMDB), em plena disputa eleitoral, sofre acusações dos adversários por pertencer ao mesmo partido de Silval Barbosa, o ex-governador que está preso há quase um ano, acusado de corrupção. O peemedebista, no entanto, mantém o posicionamento de negar qualquer vinculação com o grupo político que esteve no comando do Palácio Paiaguás.
“Ninguém põe cabresto em mim. Tenho CPF, RG e endereço próprio. Tenho personalidade. Sou um político sensível. Respeito as opiniões divergentes, mas tenho personalidade e convicção. Sei tomar as decisões na hora certa e assumo as decisões que tomo”, afirmou.

Ninguém põe cabresto em mim. Tenho CPF, RG e endereço próprio. Tenho personalidade. Sou um político sensível. Respeito as opiniões divergentes, mas tenho personalidade e convicção
“Vejo essas acusações como uma tentativa desesperada dos nossos adversários, de tentar conter a empolgação e entusiasmo em volta da minha candidatura nas ruas”, declarou.
Após experimentar seu fortalecimento político, por conta do papel de oposição ao Governo Pedro Taques (PSDB), no Legislativo, Emanuel recebeu o MidiaNews em seu gabinete, na Assembleia, para uma entrevista exclusiva.
Entre pôsteres e quadros que relembram sua trajetória política, o candidato mantém em sua cadeira a camiseta com os dizeres “RGA Já”, como marca do momento político recente, que o colocou como postulante ao Palácio Alencastro, após defender servidores públicos do Estado em busca do pagamento integral da Revisão Geral Anual (RGA).
Confira os principais trechos da entrevista com Emanuel Pinheiro, a terceira com os candidatos a prefeito da Capital:
MidiaNews – Como está sendo fazer campanha em um novo contexto como o atual? Uma campanha rápida, com pouco recurso e muito focada em comunicação. Está estranho fazer campanha, principalmente com pouco dinheiro?
Emanuel Pinheiro – No mínimo, está sendo uma experiência nova e inusitada. Indiscutivelmente estamos sendo cobaias desse novo modelo, já que é a primeira eleição após a minirreforma eleitoral.
A mídia tradicional e as sociais tomaram uma proporção muito maior para a campanha. O que é muito melhor para um lado, mas ruim para outro. No entanto, não deixa de ser positivo para a Capital. Com uma cidade de médio porte, acaba por nos aproximar da casa da maioria das pessoas.
É uma campanha em que a doação financeira apertou muito. Os escândalos nacionais, capitaneados pela Operação Lava Jato, principalmente, intimidaram mais ainda. Então estamos passando por um momento de depuração.
Por outro lado, é uma campanha extremamente mais modesta. Estamos a um mês das eleições e quase não se vê, claramente, a campanha na rua, principalmente quando tem candidaturas como a nossa, que vai respeitar a lei.
Isso torna mais moroso colocar a campanha nas ruas, pois é preciso passar por certa burocracia contábil e financeira, que tem que ser respeitada.
É uma campanha diferente. Um momento político e eleitoral diferente.
MidiaNews – É uma campanha mais fria, em sua opinião?
Emanuel – Aparentemente sim. Mas temos que ver agora, esse último mês, como as coisas irão se comportar, quando a campanha, de fato, irá para as ruas. Pois, há dificuldades nas doações, sendo só com a pessoa física. Muita gente não quer doar.
MidiaNews – Não querem se expor...
Emanuel – Muitos porque não querem se expor, outros por terem medo de ver o nome envolvido com a política, fazendo-o presa fácil de adversários ou vítima de perseguição. Há ainda aqueles que possuem amigos dos dois lados, e também não querem se expor.
Fica mais complicado, tornando as doações muito modestas. Como a campanha está modesta, ela demora para ir às ruas.
Com essa demora, a campanha aparenta estar fria.
O programa eleitoral gratuito, as mídias tradicionais e as redes sociais são usados para tentar chegar o mais próximo possível do eleitor.
Marcus Mesquita/MidiaNews

"As mídias tradicionais e as redes sociais são usadas para tentar chegar o mais próximo possível do eleitor"
Essa é a nova realidade do contexto eleitoral do Brasil.
MidiaNews – O senhor não acha que todas essas mudanças podem ser um avanço, dando uma maior civilidade à disputa, já que antes a impressão era de que se podia quase tudo. Como doar camisa, chaveiros, fazer showmícios com grandes artistas?
Emanuel – Eu concordo que tudo isso quebrava o princípio da igualdade no processo eleitoral. Mas isso faz tempo que não tem. Cada vez mais está restringindo o processo eleitoral. Essa restrição acaba por intimidar a campanha e participação de cabos eleitorais.
Nós, que temos muitos voluntários envolvidos, sentimos que nossos pontos de campanha e comitê estão movimentados pelo entusiasmo e receptividade do nosso nome.
Não é fácil, é tudo uma novidade.
MidiaNews – O teto de limite de gastos estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Cuiabá é de pouco mais de R$ 9 milhões. Nas primeiras parciais, o senhor arrecadou R$ 485,6 mil. Acredita que irá gastar quanto?
Emanuel – A nossa previsão inicial era de R$ 5 milhões. Vamos ver se conseguimos chegar perto disso. Estamos mobilizados e analisando a legislação eleitoral, para vermos se podemos fazer, por exemplo, um jantar para estimular as doações.
A campanha diminui no tempo e burocratizou nas ações. Então é preciso trocar o pneu com o carro em movimento, constantemente.
MidiaNews – O senhor está enfrentando como principal adversário o ex-prefeito Wilson Santos (PSDB), que tem como apoiadores as máquinas públicas do Estado e do Município. Presume-se que isso também dê a ele certa vantagem em vários aspectos. Por exemplo, de arrecadação. O senhor está sentindo isso?
Emanuel – Essa é uma verdade. Uma luta de “Davi contra Golias”, do “tostão contra o milhão”. Pois realmente enfrentamos duas máquinas. Até quando foi anunciada minha candidatura, pedi lealdade e zelo dos adversários no respeito à máquina pública.
Mas, sinceramente, não estou sentindo esse uso da máquina ainda. No entanto, indiscutivelmente, esse é um problema. A gente sabe e muitas notícias surgem de que a máquina começa a esquentar seus motores nesse sentido.
Não temos como provar, mas sabemos que já existem vários focos que tentam esquentar as turbinas das máquinas. Nossa equipe jurídica está vigilante. E pedimos que os nossos eleitores também fiquem vigilantes, pois não temo as duas máquinas, já que tenho a população ao meu lado.
MidiaNews - Na última sexta-feira (2), a pesquisa do Instituto Ibope (nº MT-04797/2016) apontou que o senhor está em segundo lugar no levantamento sobre a intenção de voto, com 22%. Além disso, a pesquisa mostrou que 13% dos entrevistados não votaria de jeito nenhum no senhor. Qual a avaliação?
Emanuel - Sou um nome novo para a disputa pela prefeitura e o bom resultado demonstra que estamos no caminho certo e que a população está recebendo muito bem as nossas propostas e a nossa campanha propositiva. Esse resultado é um ânimo para a nossa militância. Isso vai dar ainda mais gás para podermos trabalhar por um Cuiabá melhor”, ressaltou.
Sobre o índice de rejeição da pesquisa Ibope, aponta que a população tem recebido muito bem nossas propostas, pois apenas 13%, que talvez ainda não tiveram a possibilidade de conhecê-las rejeitariam nossas ideias’. finalizou.
MidiaNews – O candidato Wilson Santos, segundo as últimas pesquisas, tem uma rejeição muito alta. O senhor acredita que ele, de fato, possa ser seu principal adversário em um eventual 2º turno? O senhor tem preferência por algum dos adversários?
Emanuel – Eu não avalio dessa forma, pois não escolho adversários. Tenho a população do meu lado e quero poder mostrar e divulgar, ao máximo, nossas propostas para Cuiabá.
É uma tônica na minha vida pública não escolher adversários.
MidiaNews – Na formalização da sua pré-candidatura, na sede do PMDB, o senhor fez críticas bastante contundentes ao prefeito Mauro Mendes (PSB). Ele mesmo disse recentemente que o senhor o atacou e agora recuou, e está elogiando a sua gestão. Mendes também falou de traição e de que o eleitor não é idiota, para acreditar nessas conversas. Como o senhor responde a isso?
Emanuel – Primeiro, que existe um fato irrefutável: eu fui coordenador geral da campanha vitoriosa do prefeito Mauro Mendes, em 2012. E também contribuí para vários desses projetos que foram construídos para Cuiabá avançar. Inclusive, tive participação de indicações na administração dele. Mas isso não me faz ser obrigado a concordar com Mendes em tudo.
Assim como Mendes não é obrigado a concordar comigo em tudo. Somos amigos e vivemos uma democracia. Convergimos e divergimos com a maior naturalidade. Sem atrapalhar em nada o nosso relacionamento.
Ao todo, eu mais tenho convergências do que divergências com a gestão Mendes. Acho que foi uma gestão que avançou e tudo aquilo que deu certo eu já me comprometi em dar continuidade, melhorar e ampliar.
Agora, tem questões com as quais não concordo. São situações pontuais.
MidiaNews – Naquele momento, o senhor falou na coletiva a seguinte frase: “Cuiabá precisa ser governada com alma. Por alguém acessível e próximo do povo. Precisa de um prefeito popular, que goste do povo. Que não seja ausente e omisso. Cuiabá está carente de um político que administra e fala com o coração. Chega de empresário. Sou da ação, não tolero omissão. Cuiabá precisa de um prefeito pulso firme”. O senhor mudou a sua opinião?
Emanuel – Mas nesse momento eu não falei do Mauro. Falei do que Cuiabá precisa, e não falei diretamente do Mendes.
Essa fala, que não é 100% para o Mendes, é o que acredito ser necessário para Cuiabá, e o que faltou um pouco ao Mendes. Isso é uma das situações pontuais, que sempre discordei dele.
Sempre falei que ele precisava ser mais acessível, mais presente nos bairros, na vida das pessoas e nos movimentos da cidade. Pois o prefeito cuida do interesse local, da comunidade. Então, obrigatoriamente, ele tem que estar muito próximo das pessoas, como no interior, em que qualquer movimento se vê o prefeito.
Sempre achei o Mendes muito gestor, sempre preocupado com a gestão, mas pouco próximo e preocupado em se envolver, de corpo e alma, com a cidade. Não que isso seja por maldade, mas é o estilo dele.
Não é muito dele se aproximar do movimento comunitário, da vida da cidade, participar dos movimentos sociais.
MidiaNews – Então, o senhor reitera que ele foi omisso e ausente?
Emanuel – Não diria omisso. Mas, acho que o estilo dele, enquanto gestor, é muito mais técnico do que um gestor próximo da vida da cidade.
Quando falei: “Cuiabá não pode ter um prefeito omisso e ausente” não falei que Mendes foi esse gestor. O que quis dizer foi que Cuiabá não pode ter um prefeito ausente e omisso na vida das pessoas.
MidiaNews – O senhor recuou em função do que as pesquisas qualitativas mostraram? Recuou de olho no eleitorado do prefeito?
Emanuel – Eu não mudei em nada, pois sempre elogiei Mendes. Ressaltei os pontos positivos, mas tenho tenho algumas críticas pontuais em relação à sua gestão.
Tenho muito mais convergências do que divergências com o prefeito. Acho que a gestão Mendes é bem avaliada.
MidiaNews – Qual a avaliação que o senhor faz das ações implementadas na área da Saúde pelo prefeito Mauro Mendes?
Emanuel – Acho que avançou, mas é preciso fazer muito mais. Não vou deixar de me preocupar com Educação, Saneamento, Transporte e Segurança Pública, mas o meu foco é a Saúde. Melhorou no período de Mendes, sim, mas precisamos avançar.
Cuiabá, segundo o Ministério da Saúde, precisa ter 125 equipes do Programa de Saúde da Família (PSF), para cobrir toda a população que usa o Sistema Único de Saúde (SUS). Temos hoje 70 implantados, o que significa 55% da necessidade. Mauro avançou um pouco, mas na questão da saúde preventiva, que está na ponta do sistema, precisa melhorar. Até para que se evite que a população adoeça.
Na atenção secundária, Mendes também avançou. Para atender toda essa área, é preciso de quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPA). O prefeito já conseguiu entregar duas, Morada do Ouro e Pascoal Ramos. E começou a obra de duas, mas não dará tempo de entregar, ainda em seu mandato. Nós vamos, se eleito for, concluir e não fechar as policlínicas.
Por fim, não deu para ele entregar a tempo, como prometido em campanha, mas começou as obras do novo Pronto-Socorro. Nós pretendemos concluir a obra e botar em funcionamento.
Com isso, vamos ficar com uma enorme estrutura no atual Pronto-Socorro, que pretendemos usá-la da melhor forma possível, com a construção de um hospital materno-infantil.
MidiaNews – O senhor acredita ser possível concretizar todas essas propostas com recursos próprios da Prefeitura? Acredita que poderá contar com a ajuda do Governo do Estado, assim como o atual prefeito?
Emanuel – Recurso para Saúde tem, e o apoio do Governo do Estado e do Governo Federal é imprescindível. Tenho certeza que o governador Pedro Taques irá apoiar.
O governador é cuiabano. Foi o mais votado nas eleições para o Governo. Ele não vai deixar de investir em Cuiabá porque não foi eleito um prefeito do seu grupo político. Isso seria um retrocesso e pensar muito pequeno. Seria prejudicar as pessoas em detrimento da sua posição político-partidária.
Eu não me preocupo com isso. Olho para frente, assim como sei que ele também irá olhar. Ele vai respeitar a decisão das urnas, pois isso é a democracia.
Então, ganhando a eleição, eu não farei nenhum pedido para mim. Quero que ele atenda Cuiabá, já que isso foi uma promessa dele de campanha.
Ele não estará atendendo ao prefeito Emanuel Pinheiro, mas sim a população cuiabana.
Da mesma forma, vou utilizar todo meu expressivo relacionamento político para transformar esse apoio em recursos para a Capital. De todos os candidatos, sou o que mais tem apoio político. Tenho sete deputados estaduais e dois senadores que me apoiam, além de um ministro, o senador Blairo Maggi (PP) e o presidente Michel Temer (PMDB), que também me apoiam.
Se há um candidato a prefeito que tem um grande arco de alianças e um bom relacionamento político com condições de ajudar Cuiabá, sou eu. Vou transformar todo esse apoio em emendas, ações, convênios, investimentos e em benefícios em todas as áreas.
MidiaNews – No primeiro debate eleitoral na TV, uma das principais críticas foi em relação ao benefício que o senhor recebe através do Fundo de Assistência Parlamentar (FAP). A ex-senadora Serys Slhessarenko (PRB), particularmente, bateu de uma forma contundente nessa questão. Ela disse que, nesse período, os beneficiados teriam recebido cerca de R$ 7 milhões. Além disso, ela afirmou que esse benefício seria uma forma de corrupção, visto que a maioria da população recebe um valor muito menor como aposentadoria. Como o senhor se defende dessa acusação?
Emanuel – Primeiro, que é uma opinião da ex-senadora. É uma afirmação bem subjetiva e conveniente. Isso não me preocupa, pois devo satisfação apenas aos meus eleitores.

Ele não vai deixar de investir em Cuiabá porque não foi eleito um prefeito do seu grupo político
Estou sendo criticado pelos meus adversários - e graças a Deus, em 28 anos de vida pública, eles estão me criticando por isso – porque eu apenas pleiteei um direito.
O FAP era uma lei que já existia havia mais de 15 anos de quando assumi uma cadeira na Assembleia Legislativa. Era uma lei que estava em vigor, à época, e correspondia à Constituição Estadual e Federal. Eu, simplesmente, respeitei a lei, contribuí para isso, pois paguei para ter direito a uma previdência parlamentar. Fiz jus a algo criado por lei, para aqueles que pagassem por ele.
Fico até feliz, que, depois de 28 anos de vida pública, virem me acusar por ter respeitado e utilizado um direito estabelecido por lei.
Assim como Dante de Oliveira, Roberto França e tantos outros homens de bem também recebem.
Não roubei, não furtei, não desviei dinheiro público, não tenho nenhuma ação de improbidade contra mim. Nunca tive meu nome envolvido em desvio de dinheiro público. Graças a Deus, eu sou um político de mãos limpas.
MidiaNews – Qual o valor desse benefício?
Emanuel – É o salário correspondente a de um deputado. R$ 25 mil, porque eu paguei para isso, para integralizar, como a lei determinava, o equivalente a quatro mandatos. Eu averbei um mandato de vereador e três de deputado.
MidiaNews – Ainda em relação ao FAP, muitos dizem que esse beneficio seria legal, mas imoral. O senhor concorda?
Emanuel – Se você passar por esse crivo, também passa a ser subjetivo o que é imoral e o que é legal.
Era uma lei que estava em vigor na época, e ninguém havia questionado. Além disso, respeitava a Constituição Estadual e Federal. Exigia uma contribuição mensal. E eu cumpri o que dizia a lei.
Na época, a própria Serys entrou na justiça e o Supremo Tribunal Federal (STF) deu ganho de causa à previdência parlamentar. E hoje estamos respondendo outra ação.
Essa questão de legal, mas imoral, é muito subjetiva. Você entra em um terreno movediço, em que se pode questionar uma série de coisas. Inclusive, a própria ex-senadora se aposentou como professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Quanto tempo de aula ela deu? Mas a lei permitia ela se aposentar.
Ela foi secretária do Dante na Prefeitura de Cuiabá, por dois anos. Secretária do Carlos Bezerra (PMDB), no Governo do Estado, por quatro anos. Foi deputada estadual por três mandatos. Senadora por oito anos. Quando ela deu aula? Então, pode ter dado dois anos de aula e ter se aposentado. É legal, sim, mas é moral?
Em todo esse período, ela ficou 24 anos em cargos. Professor se aposenta com 25 anos. Ela deu um ano de aula e se aposentou. É imoral?
MidiaNews – O senhor acha que é imoral?
Emanuel – Era o que a lei determinava.
Eu jamais vou dizer que ela é imoral. Mas era o que a lei determinava e ela usufruiu.
Ela estava exercendo um mandato parlamentar, esteve em sala de aula por pouco tempo, mas era o que a lei determinava. Temos que respeitar.
O que digo é que, o mesmo espírito que a lei vigorou para o caso da Serys, vigorou para mim.
MidiaNews – O senhor, inegavelmente, experimentou um fortalecimento político, desde o início do ano passado, por conta de seu posicionamento bastante crítico e incisivo em relação ao Governo de Pedro Taques. Isso talvez tenha atingido o ápice nessa discussão da Revisão Geral Anual (RGA), em junho deste ano. O senhor pretende fazer essas ponderações e críticas ao Governo do Estado durante a campanha?
Emanuel – A questão da RGA foi a gota d’água. A explosão de uma panela de pressão, em um desrespeito e descaso, com que os servidores vinham sendo tratados.
Como deputado sempre tive uma história muito grande ao lado dos servidores, e, por isso, também tenho o apoio deles.
Hoje, as pessoas ligam meu nome à RGA porque este foi um momento de grande repercussão, por conta de ter sido um momento político emblemático. Todas as categorias mobilizadas, 30 dias de greve.
No entanto, como candidato a prefeito, eu não posso negar minhas convicções. Onde eu achar que o Governo mereça ser criticado, vou criticar. Até com o intuito de contribuir e desejar que se acerte.
Como gestor, é preciso outra postura. É preciso se preocupar com o dia a dia da cidade. Não se ocupa mais a representatividade dentro do Legislativo. É outra função.
Passo a ter uma responsabilidade no destino das vidas de 700 mil de pessoas que vivem em Cuiabá. Então, para isso, eu tenho o foco de chefe do Poder Executivo. Tenho que pregar a estabilidade e boa relação. Ser um gestor convergente, buscando apoios que possam melhorar a vida da população.
O parlamentar tem um perfil, o chefe do Executivo tem outro, de muito equilíbrio.
Sobre a falta de sensibilidade do Governo, veja só a questão que surgiu na última semana, em que o Ministério Público Federal, através do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra o indexador da Lei da RGA, que é o INPC.
É tentar apagar o fogo com gasolina.
Fica claro que o procurador-geral foi provocado pelo governador Taques, pois tem até um ofício do Governo na ação. O governador precisa ser mais sensível.
Será que ele vai usar toda a sua influência e credibilidade que tem no cenário federal e dos Poderes e instituições para continuar perseguindo os servidores e retirando os seus direitos?
É hora de conversar e chamar o Fórum Sindical. Abraçar os servidores, como um líder que olha para o futuro, e mostrar as alternativas que podemos avançar, respeitando o direito dos servidores públicos.
Parece que busca eternamente o conflito e a crise, que chega a nos fazer pensar que é uma birra. Mas uma birra que mexe com o direito sagrado de 100 mil servidores públicos. É lamentável que o governador ainda se utilize de seu excelente entrosamento junto aos Poderes e instituições federais para tentar retirar direitos dos servidores.
Marcus Mesquita/MidiaNews

"Acredito que é um Governo que está deixando a desejar. É um governador muito inteligente, mas precisa ser mais sensível"
MidiaNews – Qual é a avaliação que o senhor faz do Governo Pedro Taques até agora?
Emanuel – É um Governo que não se encontrou e que ainda falta humildade para dialogar, reconhecer os seus erros, corrigi-los e atender as expectativa da população.
Acredito que é um Governo que está deixando a desejar. Ele ainda tem tempo. É um governador muito inteligente, mas precisa ser mais sensível e ouvir as pessoas, os segmentos organizados da sociedade, para poder acertar. Até porque a chefia do Executivo é uma atividade coletiva. Não se governa sozinho. É preciso de forças do bem para administrar o destino de milhares de pessoas.
MidiaNews – O próprio governador busca massificar a ideia de que as candidaturas do senhor e do Wilson estão muito bem divididas. Dizem que existem dois grupos. Do lado deles estão Wilson, Mendes, Taques, Carlos Fávaro (PSD). Já do seu estão o ex-governador Silval Barbosa, Carlos Bezerra, Eder Moraes, Valtenir Pereira e José Riva. Como recebe esse tipo de ataque?
Emanuel – Como uma tentativa desesperada dos nossos adversários de tentar conter a empolgação e entusiasmo em volta da minha candidatura nas ruas.
Como não têm o que falar de mim, eles lançaram mão de duas inverdades. A primeira, do FAP – já estou provando que estou sendo criticado por estar cumprindo a lei. E a outra acusação que tentam fazer é que eu sou de um grupo “A”, de um grupo “B”.
Mas, ninguém põe cabresto em mim. Tenho CPF, RG e endereço próprio. Tenho personalidade. Sou um político sensível. Sei ouvir, respeito às criticas, convivo com as divergências e sei viver em democracia. Respeito as opiniões divergentes, mas tenho personalidade e convicção. Sei tomar as decisões na hora certa e assumo as decisões que tomo.
Então, como disse Garcia Neto em sua posse, vou governar com a graça de Deus e com as melhores pessoas. Sem amarras com partido ou grupo político.
Em segundo lugar, se formos entrar nesse raio de discussão, pergunto: Quem o Fávaro apoiou em 2010? Silval Barbosa, para governador do Estado; quem coordena a campanha de Wilson Santos? Carlos Brito, que em 2012 foi candidato a prefeito pelo PSD, partido na época do ex-deputado Riva; Valtenir, que eles estão atacando agora, subiu no palanque do Taques e do Mauro.
Ficam tentando atacar a minha imagem com um joguinho malicioso, que não condiz com a verdade. É pura conveniência, jogo de cena e tentativa desesperada de nos atacar. Tentar diminuir a nossa intenção de votos.
Isso é claro. Por isso, essa questão não me preocupa, só me fortalece cada vez mais.
MidiaNews – Esse discurso do outro grupo não soa pouco falso, se analisarmos que recentemente houve um escândalo na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em que o ex-secretário Permínio Pinto está preso, por conta da Operação Rêmora?
Emanuel – Sempre evitei falar nesse assunto, pois sou advogado e respeito muito a instituição família. Tenho muito bom relacionamento com a família de Permínio.
Como advogado, acredito que ele tem o direito de se defender dentro do devido processo legal. Se for condenado culpado, ele que responda pelos seus atos.
Sempre evitei fazer esse tipo de comparação, mas é claro que foi um tiro no pé do governador. Mais uma trapalhada do Taques. Ele tenta nos atingir e atrapalhar, quando, nunca na história de Mato Grosso, um governador teve um secretário preso por tanto tempo, no exercício de seu mandato. Além de ser um secretário próximo.

Eu concordo com isso. Não é o partido que comete crimes, mas sim pessoas. E isso vale para todo mundo
Acho que falta desconfiômetro ao governador. O que coloca em xeque, inclusive, a sua autoridade.
MidiaNews – O senhor acredita que o eleitor acaba por perceber isso?
Emanuel – Claro. O eleitor cuiabano é extremamente inteligente, crítico e politizado. Não tenho dúvida de que a população sabe separar o joio do trigo.
Da mesma forma em que eu respeito a posição do governador, não o envolvendo diretamente - pois não tenho provas - no episodio da Seduc, eu exijo o mesmo respeito dele em relação à minha história e imagem.
Ele não tem o que falar de mim. Nem autoridade para isso.
MidiaNews - O fato de o Silval Barbosa fazer parte do mesmo partido que o seu lhe incomoda?
Emanuel – Eu resgato essa questão partidária, me inspirando em uma frase do próprio governador: partido não comete crimes, quem comete crime são pessoas. Ele justificou isso quando foi escolher o seu vice, Carlos Fávaro, que era do PP, mesmo partido do ex-deputado federal Pedro Henry.
Eu concordo com isso. Não é o partido que comete crimes, mas sim pessoas. E isso vale para todo mundo.
Além disso, eu me filiei ao PMDB quando Silval já estava preso. Filiei ao partido quem tem a maior história de construção partidária e democrática do país. Sigla que tem muito serviço prestado para Mato Grosso.
Seria conveniente e suspeito se tivesse me filiado no auge, quando Silval era governador do Estado. Mas não, me filiei esse ano, após o convite do deputado Bezerra, que foi um dos principais articuladores da minha candidatura.
Mas, além dele, também articularam o senador Wellington Fagundes, Blairo Maggi, Neri Geller, Victório Galli, Sebastião Rezende, Ezequiel Fonseca, Zé Carlos do Pátio, Janaina Riva, Silvano Amaral e Romoaldo Júnior.
Foi esse o grupo político que nos convocou para essa missão.
MidiaNews – O senhor citou o apoio do ministro Blairo Maggi, mas até agora ele não se posicionou, de nenhuma forma, favorável à sua candidatura. Ele irá participar?
Emanuel – Ele está em uma viagem à China e só deve voltar em 20 dias. Ele está de corpo e alma na honrosa missão de ser ministro de Estado. Mas toda a equipe dele está comigo. Ele tem me ligado e me apoiado.

Tive uma frustração, pois eu esperava uma Mesa Diretora que surgisse no Legislativo, e não no Palácio Paiaguás
No momento oportuno, na hora em que ele voltar, irá gravar alguns programas eleitorais e nos ajudar.
MidiaNews – Antes de se candidatar à Prefeitura, o senhor se articulava para ser candidato a presidente da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. Como viu a vitória do deputado Eduardo Botelho (PSB), na votação realizada no último dia 2 de setembro?
Emanuel – Eu troquei um sonho de ocupar um lugar que o meu pai ocupou, a presidência do Legislativo – já que no dia 1º de fevereiro de 2017, completam-se 50 anos desde que ele tomou posse pela primeira vez -, por outro sonho, que é ser prefeito da cidade em que nasci. Poder sentar em uma cadeira em que meu pai nunca sentou. Além de poder liderar a Capital nos seus 300 anos.
Isso foi um divisor de águas na minha vida pública, pois estava me preparando para ser candidato a presidente da Assembleia Legislativa.
Tive uma frustração, pois eu esperava uma Mesa Diretora que surgisse no Legislativo, e não no Palácio Paiaguás.
Todos os deputados têm méritos e condições de administrar essa Casa. No entanto, é necessária a alternância. É constrangedor ver uma mesa em que Guilherme Maluf (PSDB) sai da presidência e vem para a primeira-secretaria, e Botelho sai da primeira-vice e vai para a presidência. Um troca-troca de cadeiras. Não se dá a oportunidade do poder se reciclar.
Outro ponto é a torcida de que Botelho tenha a sensibilidade e equilíbrio necessário para entender a responsabilidade de sentar na cadeira do presidente do Poder Legislativo do Estado de Mato Grosso. Que ele não se comporte como 25º secretário do Governo do Estado.
Fiquei com a sensação da vitória do Palácio Paiaguás e não do Legislativo. Parecia que estava escolhendo mais um secretário de Estado. Espero, de coração, que Botelho seja presidente de um Legislativo independente, que viva em harmonia com os demais Poderes e instituições, mas que preze pela independência.
Foi por esses motivos que não votei a favor da chapa.
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