Depois de levar dois tiros, por encomenda, após eleição de 2000, ex-vereador festeja 16 anos de nova vida
Vitima de um atentado político no dia 10 de outubro de 2000, quando levou dois tiros na cabeça ao chegar em sua residência, Sivaldo Dias Campos, 52 anos, vai comemorar seus 16 anos de renascimento à vida com familiares e amigos, poucos daquele tempo quando se elegeu suplente a vereador do PT. O atentado foi sofrido exatamente por ter assumido a condição de segundo suplente do partido, algo que irritou outro suplente, o terceiro que acreditava que poderia vir a ser vereador. Depois de meses em coma, Silvado ainda chegou a assumir, por um período uma cadeira no legislativo municipal.

Depois de 16 anos de luta pela vida, períodos de coma, sem mobilidade do seu lado direito e dificuldade extrema para falar, Silvaldo não esconde a alegria pela vida, mas também não esconde a frustração de estar com esta mesma vida restrita e não poder fazer o que mais gosta: política. “Sempre que chega próximo a eleições ele sofre muito, fica revoltado com relação a não poder falar, isso mexe muito com ele, a política está em seu sangue e triste ver esta tristeza, a gente chora, pois ele vive em uma prisão”, diz a irmã Valcimara, que está organizando junto com toda a família o jantar de comemoração à vida.
Silvaldo era um militante assíduo do PT, partido que ajudou a crescer em Cuiabá, quando resolveu disputar a eleição em 2000 para a Câmara de Vereadores de Cuiabá. Ficou com suplente na legenda. Na mesma época trabalhou para a fundação do Movimento Cívico de Combate a Corrupção Eleitoral – MCCE – juntamente com Antonio Cavalcante, o Ceará, que não o vê desde o atentado. “O Ceará sumiu, não temos mais contato com ele. Não esteve na comemoração dos 10 anos, não sei se vai estar nesta festa”, diz a irmã, sem mostrar revolta com o afastamento do amigo do irmão.

Sivaldo encontra o candidato Lula em 2002 (Foto: arquivo)
Valcimara relembra a aflição da família quando aconteceu o atentado e diz que é impossível esquecer e que Sivaldo se revolta sempre nesta época do ano, não se conforma como uma pessoa, por inveja, possa ter planejado a sua morte. Ela conta que o irmão estava chegando em sua residência, após um dia de trabalho na Câmara de Cuiabá quando acabou sofrendo um atentado, num plano macabro planejado pelo então terceiro suplente do PT, Nicássio Barbosa. Foi uma semana após as eleições. Os criminosos usaram uma Parati para fugir e roubaram um toca-fitas do carro para simular um latrocínio.
Sivaldo ficou em coma por vários meses. A tragédia ganhou repercussão nacional. Desde o começou, levantou-se suspeita de crime político, uma vez que Sivaldo havia fundado o MCCE, e denunciava um esquema de compra de voto envolvendo 12 vereadores de diferentes partidos. Fez gravações nas quais cabos eleitorais confirmariam o pagamento de até R$ 30 por voto. Apesar disso, cinco dias depois do crime, a polícia descobriu que o mandante era militante do mesmo PT de Sivaldo e que tinha sido candidato.

Aos 52 anos, completados no último dia 18, Sivaldo não gosta mais de comemorar esta data. Diz que prefere o dia 10 de outubro, quando afirma nasceu de novo após levar dois tiros na cabeça. “Meu renascimento agora é 10 de outubro”, fala com dificuldade. A festa será em sua residência, no Jardim Mossoró, próximo ao Parque Cuiabá. “Estamos convidando os parente e amigos para um jantar. Serão pelo menos 50 pessoas, que sempre estão próximas e vão comemorar este renascimento dele”, diz a irmã. "O Sivaldo sente que ganhou uma vida nova. Ele está feliz porque entende que renasceu após o atentado", comenta.
Aposentado pelo INSS, Silvaldo e sua família brigam na justiça para que ele possa receber uma aposentadoria pela Câmara Municipal. Valcimara diz que ele chegou a receber este provento por uma época, logo depois de deixou a condição de vereador, cargo assumido por um tempo, mas que acabou sendo cortado devido a uma ação do Ministério Público Estadual. “Estamos na Justiça, aguardando uma parecer favorável, pois o Sivaldo não consegue mais trabalhar, quase não anda, sequer consegue conversar. Não podemos aceitar o parecer do MP de que ele pode trabalhar. Isso não existe. Temos fé que irá vencer esta ação”, diz a irmã.
Na ocasião do atentado a Silvaldo Campos foram presos e condenados a 9 anos de reclusão cada Aurélio Leite Pereira, Alex Fabiano da Silva, Reinaldo Barnabé da Silva, Rogério Oliveira Pires e Júnior Rogério Barnabé. Eles receberam pena máxima para tentativa de homicídio qualificado. Nicássio Barbosa, o mandante do assassinato, foi sentenciado a 19 anos, mas ficou pouco tempo na cadeia e está em liberdade. “Infelizmente em Cuiabá não existe cadeia para está em regime semiaberto. Então ele está livre”, lamenta a irmã de Silvaldo.
Na ocasião do atentado a Silvaldo Campos foram presos e condenados a 9 anos de reclusão cada Aurélio Leite Pereira, Alex Fabiano da Silva, Reinaldo Barnabé da Silva, Rogério Oliveira Pires e Júnior Rogério Barnabé. Eles receberam pena máxima para tentativa de homicídio qualificado. Nicássio Barbosa, o mandante do assassinato, foi sentenciado a 19 anos, mas ficou pouco tempo na cadeia e está em liberdade. “Infelizmente em Cuiabá não existe cadeia para está em regime semiaberto. Então ele está livre”, lamenta a irmã de Silvaldo.

Sivaldo e sua esposa (Foto: Arquivo de Família)