Candidato Procurador Mauro (PSOL) é entrevistado no MTTV 1ª edição

Rodada de entrevistas começou segunda-feira e vai até sábado (24).
Ordem dos candidatos ao governo foi definida por meio de sorteio.

Do G1 MT
O candidato do PSOL a prefeito de Cuiabá, Procurador Mauro, foi entrevistado ao vivo nesta segunda-feira (19) no MTTV 1ª Edição pelos apresentadores Marina Martins e Diego Hurtado.
Essa é a primeira entrevista da série, que deve seguir até o próximo sábado (24).
A ordem da série de entrevistas foi definida em sorteio. Nesta terça-feira (20), a candidata Serys Slhessarenko, do PRB, será entrevistada.
Veja acima a íntegra, em vídeo, da entrevista com Procurador Mauro. Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas.
Marina: Candidato, o senhor nunca ocupou um cargo eletivo no Executivo ou no Legislativo. Qual é a garantia para o eleitor, que pretende votar no senhor, que o senhor tem capacidade para administrar Cuiabá? A gente não está falando da sua intenção, nós estamos falando de prática para gerir o que a gente pode chamar de maior orçamento de Mato Grosso, que é a cidade de Cuiabá: R$ 2,4 bilhões.
Procurador Mauro - Boa tarde a todos que nos assistem. Bem, a garantia que nós podemos oferecer ao eleitor que está cansado dos politicos tradicionais, desses que estão há tanto tempo governando apenas dizendo que não é possível melhorar os serviços públicos, melhorar as coisas que são oferecidas pelo município. Nós sabemos que orçamento de Cuiabá é o maior orçamento municipal do estado. Ocupo o cargo de procurador da Fazenda Nacional, cargo de alto relevo na administração pública federal, há 13 anos. Sou procurador da Fazenda Nacional desde 2003. Então, tenho um conhecimento político, uma experiência política, uma experiência de vida na cidade. Sou cuiabano, tenho 41 anos. Temos feito um amplo e profundo estudo da administração pública, dos recursos. Então, acredito que o eleitor está cansado da experiência desses políticos que estão aí, da experiência desses aí que nada fizeram, apenas prometeram. E é essa experiência que o eleitor não quer. Nós queremos oferecer uma política diferente voltada para os interesses da população, voltada para os interesses, principalmente, da população mais pobre que tanto precisa dos serviços públicos.
Diego: Caso eleito, candidato, a governabilidade, o senhor fala que é diferente. Esse diferente é o que? É governar somente com o pessoal do PSOL? Ou será possível outras alianças com outros partidos?
Procurador Mauro: É importante, Diego, essa pergunta para a gente esclarecer. O que nós temos apresentado para a população é um projeto de uma política diferente que rompa com esses costumes, com esses vícios políticos. Hoje, como é essa questão da governabilidade?  Na verdade, governabilidade é um nome bonito para a troca de cargos, para a troca de favores, para o loteamento do serviço público. Hoje é o que acontece na maioria das prefeituras do Brasil todo, no governo do estado, no governo federal, em que o chefe do Poder Executivo acaba trocando cargos com o Legislativo para que consiga apoio às suas propostas, para que consiga também ter um efeito paralisante no legislativo, no sentido de não ser investigado, não ser fiscalizado pelo Poder Legislativo. Nós estamos propondo uma política diferente, em que faremos uma administração com ampla participação popular, nós selecionaremos os quadros entre os servidores de carreira, que têm pessoas muito competentes, pessoas que conhecem a fundo o funcionamento da administração e selecionar pessoas da sociedade, pessoas com especialidades e conhecimento nas suas respectivas áreas, pessoas dentro do partido também. Temos quadros importantes também, inclusive de servidores municipais do PSOL, que podem estar nos ajudando a governar. E é importante que nós precisamos romper. Por isso, falamos sempre na política diferente. Precisamos romper com esses vícios. Na verdade, na letra, essa chamada governabilidade, essa troca de cargos por apoio do Legislativo, configura um crime. Nós precisamos romper e acredito que é por isso que a nossa candidatura tem tido tanta aceitação popular e tantas pessoas declarando apoio, nos procurando nas ruas, nas caminhadas que nós estamos fazendo, porque estamos propondo romper com essas práticas que tem o nome de governabilidade, mas que, na verdade, é uma prática errada porque acaba engessando a Câmara e a Câmara não cumpre o seu papel de fiscalizar o Poder Executivo.
Diego: Isso seria inédito ou o senhor conhece alguma prefeitura que tenha essa prática hoje?
Procurador Mauro: Existem medidas, governos que cedem mais e governos que cedem menos. Na verdade, nós não queremos ceder nada. E mesmo que não seja uma prática, algo que não esteja acontecendo correntemente em outros lugares, nós acreditamos muito que é possível começar a mudança. Nós precisamos pensar, estamos vivendo em um mundo em constante evolução, precisamos pensar e ter esperança de viver dias melhores. Essa prática quando você pergunta para qualquer pessoa na rua, todo mundo acha que é errado. Todo mundo acha que é errado e as pessoas cobram, às vezes, que você continue fazendo o que é errado, então a nossa proposta é mesmo que seja para começar a mudar o mundo em Cuiabá, para começar a fazer as coisas corretamente, em Cuiabá, nós estamos prontos, estamos preparados para começar as fazer as coisas corretamente aqui.
Marina: Candidato, o senhor fala em não ceder nada, como então administrar sem o apoio da Câmara dos Vereadores, por exemplo?
Procurador Mauro: Na verdade, nós acreditamos que os ventos de renovação que a gente sente soprando na nossa cidade, que, provavelmente, nos levarão à Prefeitura de Cuiabá, também estão soprando na Câmara de Vereadores. Muitos vereadores novos serão eleitos, muitos vereadores que estão comprometidos com a sociedade. E a sociedade clama por mudança, clama por uma política diferente, clama por pessoas que estejam comprometidas com o interesse público e não com o interesse de seus cabos eleitores, não com os interesses dos financiadores de campanha. Então nós acreditamos que na Câmara de Vereadores haverá uma grande renovação. É o que nós acreditamos e a população tem dito isso muito, que está com candidato do PSOL e de outros partidos também. Candidatos a vereador comprometidos com a boa prática política, com interesses voltados para a população. Então, nós acreditamos que haverá uma renovação e nós acreditamos também que a participação popular o nosso governo ouvirá as instituições, ouvirá a sociedade civil. Então com o apoio das instituições, com o apoio da sociedade civil, com a ampla participação popular, vou fazer um governo que seja comprometido com os interesses da população.
Diego: Digamos que essa seja uma proposta, inclusive, do PSOL, partido que o senhor está representando no caso, nós destacamos aqui um trecho da proposta de governo do senhor, que está no seu site, que diz: "socialismo com democracia como princípio estratégico na superação da ordem capitalista". A menos que tenha mudado, candidato, socialismo, a gente entende e sabe que é uma orientação político-econômica que prega a coletivização dos meios, e de certa forma uma distribuição da produção. Diante disso aqui, a gente pode entender o quê? Que o senhor está defendendo o fim da propriedade privada?
Procurador Mauro: Diego, é preciso ter clareza que isso tem sido alguns ataques rasteiros que a gente tem tido durante a nossa candidatura, no sentido de que o PSOL é o Partido Socialismo e Liberdade. Ele defende o socialismo como uma ideia de uma sociedade muito mais igualitária, que não existam diferenças entre as pessoas e que todos possam ter acesso à educação, que todos possam ter acesso à saúde e que todos possam ter acesso à riqueza. Por exemplo, o nosso estado é um estado muito rico com concentração da propriedade que é muito grande, onde apenas algumas pessoas têm desfrutado de toda essa riqueza do nosso estado e os serviços públicos não são de qualidade. Mas nós sabemos também que no Executivo, como prefeito de Cuiabá, ninguém vai fazer uma revolução socialista como prefeito de Cuiabá. O principal norte é que seja uma administração que busque serviços públicos de qualidade para a população. Uma saúde de qualidade, uma educação de qualidade, transporte coletivo de qualidade. Nós podemos tocar na questão do transporte coletivo. Hoje o transporte coletivo em Cuiabá é tocado por empresas privadas, que buscam exclusivamente o seu lucro máximo. Essas empresas estão tocando o transporte coletivo de Cuiabá sem que tenham sido contratadas mediante licitação. Um transporte de baixissima qualidade, porque estão buscando apenas o seu lucro. Não buscam o lucro social. Por isso, nós defendemos a municipalização do transporte coletivo. A gente acompanha aí que essas empresas, além de estarem prestando esse trabalho com baixa qualidade, com ônibus velhos, sucateados, sem ar-condicionado, que não respeitam horário, ônibus que não têm as mínimas condições, como vocês já mostraram por diversas vezes, ônibus pegando fogo na avenida. Por quê? Porque essas empresas estão preocupadas apenas com o seu lucro financeiro, não estão preocupadas em prestar um serviço de qualidade. O município, pode, prestando esse serviço, com o faturamento que esse sistema dá, se você pegar a planilha tarifária de Cuiabá, ela prevê que tem cerca de 3,4 milhões de pessoas transportadas por mês, que daria um faturamento de mais ou menos R$ 12 milhões por mês, quase R$ 50 milhões por ano. Com esse dinheiro, o município pode sim prestar esse serviço diretamente. Até porque já detectamos vários erros na planilha tarifária. Por exemplo, hoje a planilha ainda calcula o valor dos cobradores, mas os cobradores não existem mais no sistema.
Marina - Mas candidato, me desculpe por interrompê-lo, o senhor disse que a tarifa será uma das mais baratas do país entre as capitais e vai simplesmente rasgar o contrato com as empresas. Como isso vai ser feito na prática?
Procurador Mauro - Não tem como rasgar o contrato, porque não existe contrato. Essas empresas foram contratadas mediante processos que estão na Justiça exatamente por ausência de licitação. Elas prestam serviço precariamente, o que é absurdo. Na prática, o município deve começar com uma intervenção dessas empresas que estão prestando esses serviços e gradualmente passar o controle para o município. O município pode perfeitamente prestar esse serviço. Só com esses valores que estão a mais na tarifa, que são cerca de R$ 500 a R$ 700 mil, que seria para o pagamento dos cobradores e que não existe mais a figura dos cobradores, há um valor de R$ 500 mil por ônibus. Os ônibus financiados em 60 meses, poderiam ser adquiridos de 50 a 70 ônibus para o município. Com o valor que o município paga de passe-livre de R$ 16,5 milhões por ano, que dá mais de R$ 1 milhão por mês que o município custeia. Só com esse recurso, sem mexer na tarifa, daria para comprar mais 100 ônibus parceladamente também. É perfeitamente possível, os recursos existem dentro do sistema e, dessa forma, como o município não estará preocupado, assim como essas empresas estão preocupados apenas com o lucro máximo, a gente pode avançar na redução da tarifa. E vou dizer, existem indícios seríssimos de que a tarifa de Cuiabá tem imensas irregularidades. Vou lhe dar um exemplo bem concreto: a planilha daqui de Cuiabá calcula 3,4 milhões que são os pagantes no sistema e Cuiabá tem 585 mil habitantes e quando vai para Juiz de Fora (MG), por exemplo, que é uma cidade do porte de Cuiabá, com 559 mil habitantes, segundo o IBGE, lá são transportadas 8,2 milhões de pessoas por mês, ou seja, lá se transporta mais que o dobro do que é transportado em Cuiabá. É um sério indício de que há um subfaturamento das pessoas que são transportadas em Cuiabá e qual é o fundamento desse subfaturamento? Para elevar mais a tarifa. Em Juiz de Fora, a tarifa é R$ 2,75, porque provavelmente a quantidade de passageiros que está sendo transportada está correta e não aqui em Cuiabá que está havendo esse subfaturamento e acaba implicando no aumento da tarifa.
Diego - Falando nessa questão da municipalização, outro órgão que o senhor pretende trazer para o município é a CAB. Esse sim tem um contrato. Tudo bem que está sob um processo de intervenção, mas como o senhor pretende fazer essa ruptura agora?
Procurador Mauro - Também tem um contrato, no caso da CAB em Cuiabá. Já tive a oportunidade de ser candidato a prefeito em 2012 e nós já denunciávamos que era uma privatização que estava sendo feita na calada da noite, às escondidas, por um prefeito que herdou um mandato, e hoje já existe uma decisão judicial que anula a licitação e anula o contrato de privatização da Sanecap, porque considerou que foi feita ilicitamente. Então, essa decisão, se o município quiser acatar essa decisão, as condições jurídicas já estão dadas para que o município possa retomar esse contrato. O que a gente acompanha é que foi feita a privatização de um patrimônio público construído com suor e sangue dos trabalhadores de Cuiabá e, na verdade, está servindo apenas aos interesses da empresa que ganhou, no caso da empresa Queiroz Galvão. A intervenção que está acontecendo nesse momento pela atual gestão demonstrou que R$ 35 milhões do faturamento. O que é o faturamento? É o que a empresa tem arrecadado com as contas de água das pessoas que pagam. Trinta e cinco milhões do recurso que foi arrecadado foram distribuídos como prêmios e bonificações pelos diretores. É quase um novo Pronto-Socorro, são quase sete UPAs [Unidades de Pronto-Atendimento], de dinheiro que poderia ter sido reinvestido no sistema, na construção de novas estações de tratamento de água, de tratamento de esgoto, na construção de adutoras, e esse recurso, na verdade, acabou sendo canalizado para esses diretores. É isso que tem acontecido.
Marina - Candidato, o investimento também é muito alto para se fazer funcionar, porque até hoje não funciona. De onde o senhor tiraria dinheiro para municipalizar e gerenciar o serviço de água e esgoto novamente?
Procurador Mauro - Na verdade, Marina, você veja que, quando a prefeitura fez a intervenção, a CAB estava com um faturamento entre R$ 12 e R$ 13 milhões e, com a intervenção, esse faturamento foi rapidamente para R$ 17 milhões. Olha só, uma empresa com um faturamento de R$ 17 milhões mensal, praticamente R$ 200 milhões anual, é uma empresa que tem totais condições de adquirir recursos, seja junto a organismos internacionais, seja no próprio sistema bancário para poder fazer frente a esse trabalho. É importante registrar isso: o município, quanto à nossa proposta de retomada desse trabalho, não é para que de imediato se tire recursos do orçamento para aplicar nessa questão da Sanecap. A Sanecap tem uma receita própria, que hoje está em torno de R$ 17 milhões, e que conforme nós falamos aqui esses recursos estavam sendo drenados para diretores, inclusive com contratos fantasmas, que estavam com superfaturamento, para que a CAB, como é uma empresa do grupo Queiroz Galvão, estava contratando outras empresas do grupo Queiroz Galvão numa maneira de desviar recursos, obras superfaturadas. Você vê que esse sistema não funcionou. A privatização do saneamento não funcionou em Cuiabá e serviu apenas para gerar lucros para algumas pessoas. O sistema não funcionou e os investimentos não existiram.
Marina - Candidato, nós temos em torno de 3 minutos para o fim da nossa entrevista e, a respeito da pesquisa, o senhor está como primeiro colocado. Caso haja um segundo turno, quem é que o senhor gostaria de ver no seu palanque junto com o senhor?
Procurador Mauro - A nossa proposta, conforme a gente começou dizendo aqui, temos um projeto, um programa de governo, diferente dos outros candidatos. A nossa política é diferente da dos outros candidatos. Então, na verdade, não estamos pensando em alianças com os outros candidatos, até porque, provavelmente, eles estarão todos juntos no segundo turno, porque como é que são feitas? Tem que falar a realidade. Como é feita politicamente essa aliança de segundo turno nas outras candidaturas? É o loteamento de secretarias, é o candidato oferecendo cargos, oferecendo secretarias, para pedir apoio. Chegando ao segundo turno, nós teremos igualdade no tempo eleitoral, que hoje nós somos extremamente prejudicados.
Marina - Sem esse apoio, como o senhor disse, como governar? Sem esse apoio já no segundo turno, inclusive.
Procurador Mauro - Nós queremos fazer um governo com ampla participação popular, sem o apoio desses candidatos. São esses candidatos que estão sendo rejeitados pela população.
Marina - O senhor acredita que consegue governar sozinho?
Procurador Mauro - Sozinho, não. Nós queremos governar com o povo, com a participação popular, com a população, com transparência, demonstrando onde estão sendo apresentados os recursos.
Diego - Mas os projetos apresentados à Câmara precisam do apoio dos vereadores para aprovação, não é só a força do povo.
Procurador Mauro - Essa é uma prática errada no Brasil. Algumas pessoas pensam que a participação popular deve se circunscrever apenas no momento do voto, mas não. Na verdade, a participação popular deve ser dar em todos os momentos. A população pode sim, estar indo, ocupando as galerias da Câmara de Vereadores, pode estar se manifestando nas ruas. É possível que a população possa estar participando diretamente e em projetos elaborados em conjunto com a sociedade a Câmara vai enfrentar uma dificuldade imensa de rejeitar esses projetos. E quero aproveitar o tempo final para estar conversando com o eleitor,
Marina e Diego, para pedir realmente o seu voto: Procurador Mauro, 50, e para os vereadores do PSOL. Quero dizer que é possível fazer uma política diferente. Não devemos acreditar no discurso da desesperança, no discurso de que não é possível e que os serviços são só esses mesmos e que não dá para melhorar. É possível melhorar, sim. A gente acompanha, estamos vivendo em um mundo de transformação. Na nossa página no Facebook, quero pedir para você curtir e ajudar na nossa campanha. Mais do que seu voto, quero pedir o seu apoio. Quero que você nos ajude com a sua família, com os seus amigos, com seus colegas de trabalho, pedindo votos e ajudando a gente nessa campanha, que é uma onda popular que está se formando em torno da nossa candidatura. Fui candidato a deputado federal em 2014 e conseguimos uma votação esplêndida em Cuiabá, com o apoio das pessoas, e o que a gente sente hoje é uma acolhida, uma aceitação, muito maior do que foi na última campanha. Então, eu quero mesmo pedir o seu voto. Procurador Mauro 50 para prefeito para que consigamos mesmo mudar Cuiabá e consigamos fazer uma política diferente, que esteja voltada para os interesses da população.
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