Candidato Julier Sebastião (PDT) é entrevistado no MTTV 1ª edição

Rodada de entrevistas começou segunda-feira e vai até sábado (24).
Ordem dos candidatos ao governo foi definida por meio de sorteio.

Do G1 MT
O candidato do PDT à prefeitura de Cuiabá, Julier Sebastião da Silva (PDT), foi entrevistado ao vivo nesta quarta-feira (21) no MTTV 1ª edição pelos apresentadores Marina Martins e Diego Hurtado.
Essa foi a terceira entrevista da série, que deve seguir até o próximo sábado (24).
A ordem da série de entrevistas foi definida em sorteio. O candidato Emanuel Pinheiro (PDMB) será entrevistado na quinta-feira (21).
Veja acima a íntegra, em vídeo, da entrevista com Julier Sebastião. Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas.
Marina: Hoje, Cuiabá tem 21 mil crianças esperando uma vaga em creche. Só 37% da demanda são atendidos. No seu programa eleitoral, faz parte do seu plano, o senhor diz que vai construir uma creche em cada bairro. Cuiabá tem 115 bairros regularizados. Como o senhor vai tornar isso possível em quatro anos?
Julier - Essa pergunta é muito importante porque ela tem a ver com o que pensamos pra educação e para aquilo que me fez hoje o Julier que sou, que veio da Chapada dos Guimarães, que morou no Araés, no Alvorada, e que estudou sempre em escola púbica, no Baú, na Escola Técnica, na Universidade Federal de Mato Grosso. Essa é uma trajetória pessoal mas que eu gostaria que fosse a regra para os nossos dos cuiabaninhos. O meu sonho é que se tornasse realidade. Isso me motivou a questão do prefeito, a questão da creche tem a ver com essa questão da educação. Ou seja, nós estamos propondo que o município adote o sistema de ensino em tempo integral. Ou seja, que nos tenhamos a criança em sala de aula, cultura, lazer, presença de cidadania, dos pais e da comunidade junto com  os professores e dos servidores da educação.
Marina: Mas como construir essas creches em todos os bairros da capital?
Julier - É exatamente isso que nós estamos propondo. Vamos começar por aí, primeiro resolvendo a questão da educação com o ensino em tempo integral. A creche vem como um complemento fundamental do sistema educacional. O que nós estamos propondo não é um passe de mágica. Amanhã tem uma creche em cada bairro. Nós estamos falando em planejar. Um mandato é planejado. E eu penso o metrô de Londres como exemplo. Ele começou no final dos anos 1800, passou pelos anos 1900, estamos nos anos 2000 e o metrô de Londres ainda está sendo construído: só que ele é o melhor e mais completo metrô do mundo. Em quatro anos, vamos planejar para que nós consigamos colocar a creche em um bairro. Se o bairro for menor, nós vamos fazer distritos de bairros para que possam ser atendido na creche. E isso com planejamento, não é o dia seguinte à posse, mas é ao final de quatro anos de mandado. E nós podemos falar isso, que vai ser ao final de quatro anos, porque somos contra a reeleição. Vamos planejar o governo, iniciar as coisas já planejadas para que a rede de creches tenha essa condição. Para isso vamos precisar de orçamento e é importante que se diga: a educação é o segundo maior orçamento do município, perde apenas para a pra saúde, é o segundo maior setor em servidores. E vamos precisar, importante, de condições de gestão para que nós possamos ter os funcionários trabalhando e atendendo nas creches. Mas é mais fundamental ainda que as creches funcionem durante as férias escolares. E isso sem que se aumente a carga de servidores e funcionários, mas fazendo apenas novos concursos, readaptação de horários sem aumentar carga horária, e fundamentalmente, sabendo que durante as férias escolares a demanda pelas creches é menor. Então não precisa ter a mesma estrutura do período regular, mas tem que ter. Então é assim que vamos cumprir essa promessa. Dentro do orçamento e com a presença do sistema de ensino em tempo integral e com as creches integradas a esse sistema.
Diego: O senhor falou dos funcionários para atender as creches. É até um assunto  interessante a gente tocar porque o senhor propõe a criação de oito novas secretarias. Hoje são 16 mil, 17 mil funcionários públicos na prefeitura. Isso não vai gerar mais gastos ao município?
Julier - No nosso eixo do nosso programa há uma inversão de prioridades. Então vamos valorar isso. O bolo é mesmo. O que nós estamos propondo é dividir o bolo. Porque como está hoje, em Cuiabá, que envolve dinheiro, vai para uns poucos privilegiados, licitação de R$ 800 milhões, licitação de R$ 1 bilhão pra cá, de R$ 1 bilhão pra cá. Mas toda vez que chega a hora de atender aqueles que mais precisam, não tem dinheiro. E nós não vamos meter a mão no bolso do cuiabano para aumentar impostos. Então vamos dividir melhor o bolo. Na questão das secretarias nós estamos dizendo o que precisa ter. É o nosso compromisso. Com a Secretaria das Mulheres, Secretaria da Juventude, com a Secretaria de Cultura com Secretaria de Esporte. Mas para isso nós vamos redimensionar a administração municipal. Porque a gestão atual, por exemplo, eu não concordo com a distribuição de secretarias que existe. É um modelo empresarial que tem uma Secretaria de Gestão e Secretaria de Planejamento. Nós vamos juntar as duas e liberar uma para ser a Secretaria de Mulheres. Tem Secretaria de Ordem Social. Vamos extinguir e criar no seu lugar a Secretaria de Segurança Pública. Temos Secretaria de Serviços e Secretaria de Obras. Vamos juntar tudo na Secretaria de Infraestrutura. Vamos redimensionar a administração sem aumentar custos porque é assim que se faz a administração inteligente.
Marina: O senhor falou em Secretaria de Segurança Pública e é um dos pontos que o senhor bate muito no seu programa eleitoral. E a segurança pública é de competência quase que exclusiva do Estado. De onde o senhor tiraria recursos para uma Secretaria de Segurança Pública, por exemplo, para guardas armados, por exemplo.
Julier - Deixa só eu desmistificar uma coisa, Marina: segurança pública é uma política compartilhada por União, Estados e municípios. A União tem a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal. O Estado tem a Polícia Militar, a Polícia Civil e o município complementa com a guarda municipal, por exemplo, e com outras ações que compõem a segurança pública. Porque a gente tem que desmistificar isso porque todo prefeito chega aqui e se omite dessa que é a principal preocupação dos cuiabanos.
Marina: Mas de onde o senhor tiraria recursos para implantar essa secretaria?
Julier - Aí é que nós vamos começar, porque eu gosto sempre de números, eu gosto de orçamento e executado. O último orçamento que temos, executado, é de 2015. O de 2016 ainda está em execução e o de 2017 é só uma previsão. Em 2015, a Secretaria de Ordem Social executou R$ 54 milhões. E é esse dinheiro que nós vamos fazer porque nós vamos extinguir a Secretaria de Ordem Social. Esse foi o orçamento executado em 2015, olha só. E falam que não tem dinheiro. E vamos criar no seu lugar a Secretaria de Segurança Pública, vamos criar em seu lugar a guarda municipal como tem que ser e vamos levar a guarda municipal pros bairros. Além disso, vamos ter nos bairros centros de segurança e convivência, com guarda municipal, polícia comunitária, fazer convênio com a Caixa Econômica Federal para levar lotéricas, posto da prefeitura para documentos, da Secretaria de Segurança Pública. E mais ainda: vamos levar a iluminação pública para a pasta da Segurança Pública. Porque local iluminado, limpo e com presença do Estado e da prefeitura é um local em que a criminalidade não terá êxito.
Diego: O senhor coloca no seu programa de governo que Cuiabá terá a tarifa mais barata de todas as capitais do Brasil. Mais barata quanto?
Julier - A gente tem que trabalhar com parâmetros reais porque se não a gente vende promessas vazias. Então veja: eu não vou fazer como o candidato que diz que é passagem zero pra todo mundo, vai reestatizar o transporte público e ninguém vai pagar passagem. Isso é uma mentira, uma inverdade que todo mundo sabe que não vai acontecer. Outras duas candidaturas não vão fazer isso porque têm compromisso com as empresas de ônibus.
Diego: E o senhor, fará o que?
Julier - Nós vamos fazer o que é o bom senso,o razoável. Partimos de um caso concreto: Fortaleza. Quatro ou cinco vezes maior que Cuiabá, tanto em população quanto na sua extensão do município. Lá,o prefeito é do meu partido, o PDT. Custa R$ 2,75 [a passagem] e chegou nesse valor depois de dois aumentos em 2015.
Marina: O senhor acha que aqui vai custar menos que isso?
Julier - Não, vai ser essa base, R$ 2,75 porque é um valor exequível. E de onde nós vamos tirar isso? Vamos tirar da margem de lucro das empresas, que atualmente é de 12%, um absurdo.
Diego: As empresas permanecem ou o senhor vai trazer pro município isso?
Julier - Nós vamos licitar o transporte público em Cuiabá, porque não tem licitação em Cuiabá. É um compadrio só. Um compadrio só. E sempre prejudicando o povo. Nós, como vamos inverter as prioridades, entre as empresas de ônibus e o povo cuiabano, vai ficar o povo cuiabano. Por que? Nós vamos licitar os ônibus. Licitação com cláusulas compensatórias ao município. Primeira: garantir a passagem mais barata entre as capitais. Garantir a renovação da frota que é de 376, 377 ônibus, mais ou menos, renovar essa frota. Garantir o passe livre integral para estudantes e idosos. Tudo dentro do edital de licitação. Por que? Porque o mercado é livre.
Diego: E será que tem empresas interessadas nesse modelo?
Julier - num mercado de R$ 1 bilhão? Tem, sem dúvida nenhuma. Então nós vamos abrir a licitação, as empresas são livres para participar. Quem não quiser participar não participa. Mas quem vencer a licitação vai cumprir a cláusula do contrato. E aí nós vamos ter a passagem mais barata entre as capitais. E vejam, sempre me perguntam: o dinheiro? O contrato dos ônibus em Cuiabá giram em torno de R$ 1 bilhão.
Marina: Um contrato que o senhor já disse na sua campanha que vai romper é com a CAB. A CAB está sob intervenção vai até novembro essa intervenção e a Arsec e a Procuradoria do município divulgaram um relatório dois meses atrás na qual consta irregularidades e dívidas. A cada R$ 1 de ativo que a CAB tem, ela tem R$ 1 de dívida. Como o senhor herdaria isso, com essas dívidas e a que custo para a população?
Julier - A primeira coisa que a gente tem que identificar é quem são os responsáveis por essa barbaridade que foi jogada no colo dos cuiabanos. E aí eu não tenho a menor dúvida, eu identifico: são os projetos políticos do 45 e lá do 15. Era o prefeito que saiu, que deixou o vice, que viro prefeito e privatizou isso tudo e fez Cuiabá perder R$ 290 milhões que viriam do PAC do governo federal para saneamento e esgoto em Cuiabá. Pois bem. Esse é o prejuízo que nós temos hoje com a CAB Cuiabá. A Justiça anulou o contrato porque o contrato é prejudicial para os cuiabanos, para você ter uma ideia. A administração atual, em quatro anos, foi conivente com o não cumprimento do contrato assinado pela CAB, pelo descaso com os cuiabanos, pela ausência de água, pela conta de água cara, pela ausência de tratamento e, fundamentalmente, por não ter ampliado um milímetro de esgoto.
Marina: Quais são as suas propostas, candidato?
Julier - Vamos começar por aí, essa é a primeira proposta. Vamos rescindir o contrato. O pessoal diz: ah, vai gerar custo. Nós não somos advogados da CAB, nem vocês e nem ninguém aqui. Eles que procurem os seus direitos na Justiça. Nós vamos zelar pelos cuiabanos, vamos rescindir o contrato, retomar o serviço de saneamento, restituir a Sanecap e planejar para quatro, oito, 12 anos, a fim de que, como o exemplo do metrô de Londres, nós tenhamos parcialmente implementados e planejados a expansão da rede de água, a expansão da rede de esgoto, controle social sobre as tarifas de água e bom funcionamento da agência reguladora e fiscalizadora. Então essas são as nossas propostas para essa questão da CAB. Quem tem que gerir se a CAB ou não vai ter prejuízo com isso é a empresa. Os cuiabanos já pagaram demais por isso, tanto que a Justiça anulou esse contrato.
Diego: O senhor quer fazer também a regularização fundiária, o Terreno Legal, que é um projeto que o senhor está propondo. Hoje nós temos aí mais de 80 bairros que estão de forma ilegal, ocupações, pessoas que não têm a documentação das casas. Tem uma ação na qual o Ministério Público pediu que 24 bairros fossem regularizados. Até agora não saiu do papel isso. Como o senhor pretende fazer isso com todos os bairros da capital?
Julier - Primeiro é um diagnóstico. A questão é até mais grave do que você está colocando. Mais ou menos 50% dos bairros de Cuiabá têm problema de regularização fundiária. Eu sempre parto de uma questão pessoal. Eu morei no bairro Alvorada, antigo Quarta-feira, toda minha adolescência. A gente mudou do Araés para lá e não tinha o documento da casa. A gente mudou depois a minha família e continuou sem documento. E por que cito o Alvorada? O Alvorada está aqui, o Centro Político está aqui, Avenida do CPA, Avenida do Líbano, Rodoviária. Ou seja, no Centro de Cuiabá, um bairro que ainda não foi regularizado. E isso impede as pessoas de terem direito à moradia, mas impede também a expansão imobiliária, que vai gerar emprego e renda. Então para fechar, porque é muito importante isso, nós vamos regularizar ao longo de quatro anos todos os bairros de Cuiabá. Tanto aqueles que estão em cima de áreas federais, vamos negociar com a União a transferência para o município, aqueles bairros que estão sobre área estadual, vamos negociar com o governo do estado para transferir para o município e regularizar, e aqueles que estão sobre área privada nós vamos entrar na Justiça, garantir a emissão de posse e regularizar o bairro, e entregar para cada família a sua escritura o seu documento do seu imóvel. Isso vai garantir o direito à moradia, mas tambem vai fazer com que Cuiabá, como citei o exemplo aqui do Alvorada e do Pedregal tenha condições de expansao do mercado imobiliário, com mais emprego, com prédios e com renda para os nossos cuiabanos.
Diego: O senhor tem um minuto ainda, candidato.
Julier - Olha, eu vou agradecer a vocês, à TV Centro América, a todos que estão aqui hoje sobre a gentileza de debater sobre o melhor para Cuiabá, que em última instância é isso que nós queremos. E eu quero deixar bem claro que nós queremos governar para todos os cuiabanos, mas vamos pagar a dívida social de 300 anos que Cuiabá tem com aqueles que mais precisam dos serviços da prefeitura. E é por isso que nós vamos garantir passagem de ônibus, saneamento, água, educação em tempo integral, saúde melhor. E para isso tudo nós achamos que é esse projeto de melhoria para Cuiabá passa necessariamente por políticas sociais que incluam mulheres, jovens, negros, idosos, LGBTs, enfim, a diversidade de Cuiabá sendo representada na sua prefeitura com poder e com engajamento inclusive com a presença da nossa vice, Jusci Ribeiro, como principal exponencial desse novo modelo. E para esse novo modelo funcionar, a mudança é Julier 12, o candidato da mudança, e que vai trazer novos ares para Cuiabá. Muito obrigado a todos.

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