Várzea Grande registra 9 latrocínios (roubos seguidos de morte) no primeiro semestre deste ano, um aumento de 50% em relação ao mesmo período de 2015, onde foram atendidas 6 ocorrências em decorrência deste tipo de crime na cidade.
Na Capital, o crescimento foi de 37,5%, saltando de 8 para 11 mortes no primeiro semestre deste ano. Os roubos também cresceram praticamente nas mesmas proporções, nas duas cidades.
Em Várzea Grande de 1.686 roubos em 2015, o número saltou para 2.579 este ano, com aumento de 52,96%. Em Cuiabá de 3.734 ocorrências registradas em 2015, chegaram a 4.884 este ano, com aumento de 30,79%.
Na Capital a investigação dos latrocínios são de responsabilidade da Delegacia Especializada em Roubos e Furtos (Derf). Segundo a delegada Luciani Barros, titular da Derf, um dos fatos que contribuiu para o aumento do número de crimes contra o patrimônio seria a própria crise econômica.
Destaca que se para o trabalhador a situação está difícil, para o criminoso a busca por dinheiro também é intensa, com isso a prática do crime não cessa. Em relação aos latrocínios, roubo que resulta em morte da vítima, a reação das vítimas também tem contribuído para as tragédias.
“Hoje o cidadão está muito revoltado com a violência e muitas vezes, quando é alvo de um roubo, tende a reagir para defender seu patrimônio, quando acaba morto”, aponta a delegada. Segundo ela, a orientação para as vítimas é que mantenham a calma, pois os criminosos não tem nada a perder.
Muitas vezes atual sob efeito de entorpecentes, associada a ‘adrenalina’ natural durante o ato, pode fazer com que reaja a qualquer movimento, fazendo disparos. Ação de criminosos inexperientes também traz grande risco, pois estão mais sujeitos a perderem o controle.
Pelo fato de se tratar de crime grave, com penas mais altas, o ladrão mais experiente sabe que se cometer o latrocínio, ficará mais tempo preso, por isso toma maiores precauções.
Outro fator importante é o fato da sociedade estar se armado cada vez mais. Mesmo o cidadão de bem que compra uma arma legal, registrada, corre mais risco do que aquele que não a possui, salienta Luciani.
Mesmo possuindo a arma de fogo, a vítima é pega de surpresa, quando não se torna alvo de roubo justamente pelo fato dos bandidos terem a informação que na casa existe uma arma de fogo. Cita como exemplo os roubos a vigilantes de empresas privadas, que apesar de terem treinamento específico tem sido alvos de ladrões.
Cada arma legal roubada se transforma em ameaça à sociedade pois vai para mão de bandidos para prática de novos crimes. Cita o caso recente de uma proprietária rural que foi alvo de bandidos que levaram armamento de sua casa.
A mesma arma roubada dela estava sendo alugada por criminosos para a prática de assaltos. A Derf tem intensificado ações e investigações para prender os autores dos crimes, logo após os roubos, principalmente em caso de roubos à residências.
Entre as mudanças nos procedimentos está o envio de equipe, de policiais e delegados, ao local do crime, logo que a ocorrência é informada pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp).
Especialista afirma que aumento é histórico
Para o especialista em segurança Naldson Ramos da Costa, membro Núcleo Interinstitucional de Estudos da Violência e da Cidadania (NIEVCi) da Universidade Federal de Mato Grosso e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o aumento a cada ano é histórico.
"Em Mato Grosso, todo ano o índice de roubo sobe, independentemente de crise econômica. No Brasil, o roubo é uma constante muito grande. Tem a ver com questões sociais? Creio que sim. Mas, a grande maioria, eu relaciono com a questão da impunidade, que incentiva as pessoas a roubarem com frequência”, avalia.
A crescente onda de roubos e a impunidade abrem portas para que a pessoa cometa outros crimes, na visão do especialista. “A pessoa rouba uma, duas, três vezes. É alcançada pela polícia lá para a quarta vez. Quando ela está diante de um juiz, de uma autoridade, é determinada uma medida punitiva e já é liberada. Então, ela já tem a predisposição para matar caso algo dê errado durante o roubo”, explica.
Naldson lamenta que "a primeira ideia que o brasileiro pensa quando roubado, é que não vale a pena registrar o boletim de ocorrência. Delegacias deterioradas, filas, muita demora e burocracia. Tudo desestimula a vítima a registrar o BO".
O mais preocupante é que, para ele, o futuro não é dos melhores. “A tendência é aumentar cada vez mais a taxa de roubos. Polícias militar e civil precisam passar a identificar os bairros, locais com mais ocorridos, quem são as pessoas que colocam em risco o patrimônio. Só assim os índices recuarão”, finaliza.
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