Inclusão é a palavra de ordem de Julier

Patrícia Helena Dorileo, repórter do GD
Fotos: João Vieira
Julier Sebastião da Silva, 47 anos, é ex-juiz federal e concorre pela primeira vez em uma eleição majoritária.
Disputa a prefeitura de Cuiabá pela coligação dos partidos PDT/PT/PCdoB, e com 5 adversários. 
O pedetista abre a série de entrevistas do Gazeta Digital com os candidatos à prefeitura de Cuiabá.
Afiado nas críticas em relação aos adversários, Julier afirma que não é possível oferecer renovação política à capital com candidatos “walking dead”, fazendo referência à série televisiva sobre o apocalipse zumbi.
Novidade na gestão de um ex-juiz no Poder Executivo? Segundo ele, será o uso incansável da palavra "inclusão", a número 1 de seu mandato, caso seja eleito.
Confira a entrevista
Como foi a decisão de deixar o Judiciário e ingressar na política?
Uma decisão muito difícil. Hoje eu seria desembargador federal do TRF-1, com salário de R$ 42 mil, era vitalício. Mas, efetivamente temos que fazer o que a nossa consciência nos determina que se faça. O desejo de participar da vida política da nossa cidade, de fazer com que as pessoas esquecidas sejam vistas com outros olhos pela administração de Cuiabá. O desejo de que Cuiabá seja uma cidade moderna, justa e de inclusão. Aqueles que sejam considerados minorias, sejam observados.
As minorias são excluídas em Cuiabá?
Ao longo dos seus 300 anos, Cuiabá sempre primou por fazer uma opção preferencial pelos não pobres. Sempre deu privilégios aos mais poderosos e se esqueceu de parcela significativa do nosso povo.
O senhor acha que tem gente que passa fome em Cuiabá?
Sem dúvida nenhuma. Basta andar pela periferia da cidade, pelos bairros mais populares e a olhos vistos no centro da cidade. Pessoas com dificuldades financeiras, de saúde, desvalidos. Algo impensável para uma cidade de quase 300 anos. Não vamos ficar prometendo aqui que vamos criar obras faraônicas. Nossas obras faraônicas serão como aquilo que fizemos com a segurança pública no Estado, ou seja, acabar com o crime organizado. No que se refere ao município, fazer com que o povo seja prioridade.
Como o senhor trabalhará para que isso seja feito de fato? Qual seu plano de governo?
Até agora as demais candidaturas não apresentaram um programa de governo, nós temos. Um programa que é fruto de muito debate, de presença de setores populares, dos partidos que compõem a nossa aliança. Em cima desse plano de governo de debate, de inclusão, que tratamos os diversos programas de governo.
O mote é que fizemos opção preferencial pelos mais pobres. Isso significa que essa inversão de prioridades será observada em todos os aspectos da nossa administração. Começamos com uma inclusão: a única candidatura que tem uma vice somos nós. Hoje, uma parcela que representa 53% da população, não se sente representada no alto escalão da prefeitura. As mulheres terão participação de destaque na administração.
Vamos priorizar mulheres, jovens, negros, portadores de necessidades especiais, a diversidade sexual. vamos ter uma administração de natureza e iminentemente de caráter social. Queremos uma cidade humanizada.
Como?
Por exemplo, na questão da mobilidade urbana vamos ter em Cuiabá a passagem de ônibus mais barata dentro as capitais. Ao invés de dar tratamento privilegiado aos empresários do transporte público como se faz historicamente, vamos dar preferência ao cuiabano e cuiabana. Se necessário, diminuir margens de lucro das empresas.
Dentre os serviços prestados pela Prefeitura, qual o serviço número um que o senhor dará prioridade?Nos primeiros 100 dias de governo nós vamos enfrentar de frente o caos da saúde pública da Capital. Para isso nós temos um programa que chama “Saúde aos 300”, que é uma cesta de serviços, do ponto de vista estrutural, que inclui não só construção, reforma e ampliação de unidades. Mas, também, gestão.
Ou seja, fazer com que o sistema seja universalizado e o acesso facilitado. Dar atenção especial ao tratamento humanizado de saúde, racionalidade. Vamos intervir em todo o sistema público de saúde e redefinir a gestão deste sistema. No nosso programa inclusivo, não vamos fechar unidades de saúde nem colocar bairros em conflito, como há no Osmar Cabral e Pedra 90. Vamos construir, reformar, ampliar e gerir.
João Vieira
Qual sua nota para a administração do Mauro Mendes?
Tenho uma reserva quanto a essa questão de dar nota. Temos uma posição muito clara de oposição a atual administração e não mudamos de lado porque mudou o candidato da situação. Os outros adversários representam isso que Cuiabá tem como prioridade ao longo dos seus 300 anos: privilégios para poucos e negligência para muitos. 
Para a educação qual a proposta?
Vamos implantar a escola de tempo integral, fazendo com que as escolas além de sala de aula tenham cultura, arte, lazer e esporte em tempo integral para que mantenha o aluno na escola. Tudo isso com uma rede de serviços de creche que atuem como parte do sistema de ensino e apoio às famílias. Nas férias escolares, por exemplo, as creches não vão fechar porque a vida continua. Haverá formação, inclusão e participação da comunidade, pais, filhos, corpo técnico.
O que propõe para o esporte e lazer da capital?
A primeira coisa é que tenhamos uma secretaria de esporte e lazer. Cuiabá deixará de ser uma capital que não tem esporte. Hoje temos uma Arena Pantanal e todo mundo fica feliz quando tem show. Tem que ter o show, mas temos uma arena e ela tem que estar integrada ao sistema público de ensino, à juventude e à secretaria de esporte. 
A palavra número 1 é inclusão?
Sim. Inclusão, inclusão e inclusão. Porque todos vão se beneficiar dos nossos programas, da escola de tempo integral, da retomada da CAB. Vamos fazer com que a CAB retorne ao poder público e preste serviço de qualidade. Que nós tenhamos tarifas sociais adequadas e universalização do sistema de água e esgoto. Vamos tratar da segurança pública. É uma falácia que digam que segurança pública é um problema apenas do Estado. Por isso nós temos o projeto do programa “Cuiabá Segura”.
Vamos instituir a Secretaria Municipal de Segurança Pública, onde estará vinculada a guarda municipal, vamos instituir a guarda patrimonial. Vamos deixar de tratar iluminação pública como serviço, mas problema de segurança, bem como os terrenos com matagal. Locais limpos e bem iluminados são menos suscetíveis a criminalidade.
Ainda vamos levar aos bairros os chamados centros de convivência e segurança. São espaços que vamos construir nos bairros ou regiões que teremos as guardas municipal e patrimonial, levaremos uma lotérica, posto de correio, posto da secretaria de segurança para retirada de documentos, espaço cultural. E, no fim, vamos cobrar do Estado que coloque policiamento.
O senhor falou de parceria com o governo do Estado. Apesar de não querer dar uma nota para a administração do Mauro Mendes, qual a avaliação do governo Pedro Taques?
Eu acho que a gente não se pode dar nota para um governo que tem como lema “Estado de Transformação”, e até o momento o que trouxe como transformação foi trazer o Wilson Santos de volta para o palco.
Como o senhor acha que será essa disputa?
Acho que a campanha está se desenrolando. Os candidatos saíram agora das convenções, o programa de TV ainda vai começar. Na verdade, o conjunto da eleição será avaliado ao longo de toda campanha. O que sei dizer é que vamos dialogar muito profundamente, com respeito e dignidade, com cada cuiabano e cuiabana. 
O senhor é católico?
Sou católico. E vamos dialogar com todos os credos. Com os católicos, os evangélicos, espíritas, com os ateus... Com todos dizendo isso, que no século 21, vamos falar apenas em acolhimento.
João Vieira
Nenhum governo está isento de corrupção. Caso ocorra na sua gestão, como lidará?
O primeiro fator é tentar evitar que isso aconteça, com programas, partidos e pessoas sérias. Mas todos estão sujeitos a corrupção. Se acontecer, punição, com muita transparência e investigação. E remeter aos órgãos de controle, Judiciário. Depois, evitar que isso aconteça de novo.
Qual sua opinião sobre foro privilegiado?
Na minha opinião deveria existir apenas para presidência da república.
E o VLT, conclui ou não?
Para que a passagem do transporte coletivo em Cuiabá seja a menor, como propomos, a conclusão do VLT é essencial. Estamos com uma cruz afetando 75% das principais vias da cidade. O atual governo foi eleito dizendo que cumpriria esse modal. Quase 2 anos se passaram e o cuiabano continua submetido a esse caos. A prefeitura precisa ter voz ativa. Vamos defender a implantação do VLT na sua totalidade.
Por outro lado, temos que investir no tráfego, na estrutura viária. Com sinalização, asfaltamento, disciplinamento do trânsito e, aí, sim, discutir os radares. A indústria da multa está montada para extorquir a classe média cuiabana.
O senhor vai retirar os radares?
Não, vamos dialogar, planejar a dar racionalidade. Não vamos fazer o que foi feito na região da rodoviária.
Por que o senhor acha que sempre houve esse caos no transporte urbano em Cuiabá? Eles são financiadores de campanha?
Porque sempre existiu essa relação de compadrio e a ausência de licitações. Não vou fazer o juízo sobre o por que existe o vício. O fato é que o vício acontece em Cuiabá porque historicamente aqui se fez opção preferencial pelas elites.
Quando o senhor fala em criar secretarias, não acha que isso gera gastos?
Não pensamos em aumentar gastos. Nós vamos aumentar a receita com medidas que temos previstas. Dentre elas ter uma subprefeitura no Distrito Industrial, investir no Ceasa, instituiremos o Banco do Trabalhador para financiar projetos para os que mais precisam, atuaremos na regularização fundiária da cidade. Sem aumentar tributos, vamos aumentar a receita. Vamos tornar nossa cidade moderna, justa e inclusiva. (Colaborou Fernanda Leite, equipe do GD)

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